quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Fan Ficton - LubaTV - 1°

  Olá turma. Tudo bem? Eu sou o Luba.
  Todos me conhecem pelo YouTube e o meu canal, o LubaTV (Ou o LubaTV Games). Conhecem grande parte da minha vida, meus pais, meu gato Mint.... Mas o que poucos devem conhecer é a minha história por trás das câmeras, o que se passa comigo quando as câmeras estão desligadas e o microfone não está gravando.
  Pensei bem antes de vir lhes contar isso. Ainda não tenho certeza se é uma boa ideia, mas até eu perceber que fora um erro divulgar isto, já estará na internet para todo o mundo ver, já será tarde demais.
  Meus sorrisos, meus vídeos, piadas, risadas, brincadeiras, babaquices, tudo é apenas um grito de socorro. A verdade é que eu sou um escravo. Escravo da criatura que, por fora é a mais fofa do mundo, mas que possui a mente mais maligna do universo: O Mint.
  Por que eu decidi falar isso agora? Porque ele saiu. Ele sumiu e eu não sei onde ele foi parar. Sinto estar sozinho. Sei que nunca estou. Estou sempre sendo observado.
  Que barulho foi esse? Estou com medo. Está ficando escuro. Apenas a tela do monitor me ilumina e eu acho que o Mint está aqui. Ele me aprisionou no Kanto para que eu não possa gritar por socorro. O barulho parece ter vindo da janela, mas não há nada lá. Toda noite é assim há uns 3 ou 4 anos. Nunca me acostumei e sempre me arrepio. Toda noite.
  Sombras mais escuras que a imensidão da noite andam em volta de mim nas paredes do meu quarto. Sobre a minha cama. Sobre a minha cabeça e sob meus pés. Ele está aqui. Eu sei. Eu sinto.
  Vou tentar fugir. É hoje. Levanto bem devagar dessa cadeira. Todos os meus músculos estão tensos. Arrepiado dos pés à cabeça. Minha mão direita treme junto de minhas pernas, enquanto uma gota de suor rola pela minha testa parando em minha barba. Olhos arregalados olhando ao redor. Há somente duas saídas possíveis. A janela é mais fácil, porem, à essa altura, a morte é certa. Porém, o pesadelo acabaria. A outra saída é a porta onde, caso consiga sair ileso, iniciará uma perseguição pelos confins da escuridão com as sombras atras de mim. As chances de ser pego é quase certa, trazendo um destino pior do que a morte para mim. Mesmo que eu consiga escapar das garras deste demônio peludo de poucos centímetros, passarei a minha vida fugindo.
  Sim, fugir é melhor do que a escravidão que é imposta hoje para mim, mas sempre há o risco grande de ser pego.
  As sombras estão se aquietando. O momento é agora. Ainda não decidi o meu caminho, mas vou tentar sair pela porta. Na pior das hipóteses, dou meia volta e fujo pela janela. Metros e metros de queda. É agora. Mesmo que eu sinta que Ele me abandonou devido a tudo o que eu sofri aqui, que Deus me ajude e me proteja. É agora.
  Meus músculos ficam tensos. Avanço os três metros até a porta num reflexo, já estendendo a minha mão direita até a maçaneta, antes que as sombras reajam, alcanço o meu destino. A tal gota de suor cai, finalmente, ao chão. Finalmente, liberdade. Fugir apenas com a roupa do corpo e a coragem que me moveu a fazer isso. Liberdade.
  Trancado. Ele já previu tudo. A gota chegou ao chão. As sombras avançam até mim. Estou paralisado. O medo me dominou. Deus, perdoe os meus pecados e me leve ao paraíso. Me tire desse inferno.
  Num reflexo, pulo no sofá à minha direita. Caio em segurança longe das sombras. Antes que eu perceba, meus braços protegem a minha cabeça do vidro que estou prestes a quebrar. Meus pés descolaram do chão. estou num caminho sem volta com destino à terra a vários metros sob o patamar que me encontro.
  As sombras avançam sobre mim, numa tentativa de tentar me aprisionar novamente. O vidro voa pelo ar junto do meu corpo em inércia ao infinito destino que me aguarda. A sombra de um gato sentado calmamente no parapeito da janela é a última imagem que tenho antes de chegar ao solo.
  Mint.
  Ele apenas observa a minha decadência. Vejo um sorriso em seu rosto pouco antes de sumir como fumaça.
  Estou, finalmente, livre. Cheguei ao chão. Estou imóvel. Não sinto o meu corpo. Não sinto nem a minha respiração. Ouço passos ao meu redor, mas não vejo quem são. Vivo? Morto? Cabe ao destino nos responder.
  Hoje, turma, é Luba-Feira.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Uma história sem título - Capítulo 14°

  Rebeca estava chorando de alegria já, enquanto ele a olhava, ajoelhado, nos olhos e segurava a sua mão delicadamente, esperando com um sorriso no rosto pela resposta. Até que Rebeca recupera o fôlego por um período de tempo, o bastante para der-lhe, ao menos, uma resposta.
  - Sim, Gustavo Bertran, eu me caso com você. Serei a sua esposa por toda a vida com o maior prazer.
  Ela o puxou pela mão que ele segurava e beijou-o com vontade sob a infinidade de estrelas. Eles estavam felizes. E assim seria pelo resto da vida. O destino escolheu os dois para se juntarem, e apenas Deus iria separa-los, mas esse não era o plano Dele.















FIM

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Uma história sem título - Capítulo 13°

  Ainda era natal. Gustavo fora puxado por Rebeca para alguns passos da pequena multidão que havia na sala. - Esse daqui é o meu presente para você - Disse ela, entregando um pequeno embrulho. Era um livro. Ele sorriu de orelha a orelha, beijou-a e abraçou-a fortemente.
  - Muito obrigado, meu amor. Eu te amo.
  - Também te amo.
  - Obrigado por tudo.... Tudo mesmo.
  Ela sorriu e o beijou.
  - Venha - Disse ele -, preciso te dar o seu presente.
  - Não precisa, meu bem.
  - Preciso.
  Ele a puxou até o lado de fora. Rebeca ficava se perguntando "o que poderia ser", mas sem dizer uma única palavra. Ele falou para ela entrar, e sem questionar ela o fez. Saíram por fim com o carro de Gustavo. Ela não fazia ideia do que poderia ser. Rebeca pensava que estava na casa dele, mas o caminho que ele estava tomando era estranho, não tinha ligação nenhuma com o caminho que realmente iria para o apartamento dele. Ela se pôs a pensar do que poderia ser.
  Eram já quase uma hora da manhã, e eles ainda estavam no carro. Gustavo estava indo em direção à estrada. "O que será que ele quer na estrada?" pensava ela. "Ele está feliz, aquele sorriso que parece que nada pode tira-lo do rosto. Sua camisa preta é linda. Ele fica muito bem nela. Com o vento da estrada ainda.... E aquele cabelo... Tive muita sorte. Ele é lindo, gentil.... Mas o que será que ele quer aqui na estrada?"
  Então, depois de algum tempo pensando no que poderia ser, onde eles estariam indo, onde ele estaria a levando, ele parou o carro num lugar conhecido. Aquele mesmo lugar que foram no começo do ano passado ver as estrelas, o lugar onde ela dormiu no capô daquele mesmo carro. Ela estava feliz por estar naquele lugar especial sob as infinitas estrelas, mas pensativa do que ele poderia querer, poderia ter planejado para aquele momento.
  Eles ficaram por algum tempo olhando as estrelas ao lado do carro.
  - Eu te amo - Disse ele
  - Eu também - Disse ela.
  Ela queria perguntar, mas achava melhor ficar quieta e esperar que, no momento certo, ele mostrasse o porquê de eles estarem naquele lugar.
  Ele suspirou, colocou a mão dentro do carro, abriu o porta-luvas e pegou uma pequena caixa quadrada e entregou para Rebeca.
  - Abra - Disse ele.
  Ela o obedeceu e, lentamente, fora abrindo a caixa. Nela havia um acolchoado de panos e lenços que ele havia preparado, e no meio, uma caixinha aberta com um anel de brilhantes.Enquanto ela ficava surpresa e imóvel, ele ajoelhou-se em frente à ela e disse:
  - Rebeca Tayllor, você gostaria de ser a minha esposa? Pelo resto da vida para te amar e te proteger? Para te ter em minha vida até que todas essas estrelas se apaguem? Até que o sol perca o seu brilho e a lua nos deixe?

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Uma história sem título - Capítulo 12°

  - Vocês demoraram. Aonde foram?
  A mãe de Rebeca perguntou assim que Rebeca e Gustavo entraram. Ela estava junto do marido sentados no sofá esperando pelos dois. Pareciam estar calmos e recuperados do choque que a história de Gus lhes havia causado.
  -Não foi nada. Só fomos dar uma volta. Pegamos algumas roupas do Gus para ele tomar um banho aqui depois.
  Gustavo então pegou as suas coisas e foi para o banheiro. Rebeca ficou conversando com seus pais sobre assuntos aleatórios e que nada tinha de ligação com ele.

  Mais tarde, por volta das 20 horas daquele dia, começaram a bater à porta e tocar a campainha, chamando os nomes de quem estava lá dentro como o da Rebeca, o da sua prima e dos seus pais. Alguns que chegavam mais tarde, e sabiam da presença de outros que haviam no recinto também arriscavam em chamar-lhes, mesmo que quase ninguém fazia esse escarcéu, preferiam o modo básico de tocar a campainha ou dar leves socos na porta.
  A casa estava cheia. Primos e primas que longe moravam estavam bebendo, rindo e se divertindo naquela casa, avôs e avós que há muito não viam seus netos e alguns de seus filhos também estavam lá. Tios, tias rindo e falando as típicas frases "Como você cresceu!", "E as namoradinhas?" para os meninos, sendo que muitos nem sequer pensava nisso, causando-lhes um rosto vermelho e uma vergonha que lhe subia junto do sangue, "E os namoradinhos?" para as meninas, tendo, as mais novas, as mesmas reações que os garotos. Abraços demorados e cheios de saudade (ao menos, era o que se deixavam transparecer) eram distribuídos a todos. As crianças corriam de um lado para o outro, as tias de Rebeca ficavam rindo com um copo de vinho na mão de cada uma delas falando das fofocas do ano todo e lembrando de coisas de 10 anos atrás, as mesmas coisas eram lembradas todos os anos pelas mesmas pessoas para as mesmas pessoas. Os tios riam falando de futebol e brincando como crianças para zoar do time do outro por causa de uma derrota, que tentava ele arranjar uma desculpa. Nenhum escapava.
  Todos estavam se divertindo, como todo natal deveria ser.

  Depois de todos jantarem, comido o pavê ("é pavê ou...." disse um dos tios chatos. Me recuso a repetir tudo), sorvete e outras guloseimas mais também, foram todos para a sala, onde ficava a árvore, um pinheiro de quase dois metros de altura enfeitada de globos, luzes e demais enfeites natalinos. Estava linda para o natal e fora enfeitada por Rebeca, seus pais e sua prima há dois dias atrás.
  Houve presentes para todas as crianças, que ficavam atônitas a cada novo pacote, a cada nova caixa aberta. Os tios, avôs e avós também participaram da troca. Todos riam bastante.
  - Gustavo, venha cá. - Disse Paula, deixando ele surpreso - Esse aqui é nosso. Espero que goste. É pra mostrar que você já é da família. Espero que goste. - Ela sorriu para ele abraçando marido.
  Gustavo pegou a pequena caixa preta com um laço branco no canto da caixa, abriu-a e lá havia um pequeno perfume. Ele não sorriu de imediato, ficou surpreso e sem ação. Olhava imóvel para a caixa e em seguida para os sogros. Sorriu e, por impulso, fora os abraçar.
  - Muito obrigado. Por tudo.
  E riram. Afinal, era natal. Vamos aproveitar.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Uma história sem título - Capítulo 11°

  Gustavo entrou no seu carro e, antes que saísse, Rebeca entrou sem dizer uma única palavra.
  - Rebeca, sai.
  - Não - Ela foi firme.
  - Rebeca, por favor, saia.
  - Não, Gustavo, eu não vou sair. Eu não vou deixar você fazer nenhuma besteira. Eu não vou deixar você sozinho, principalmente nesse momento que você está sofrendo!
  - Eu não estou sofrendo....
  - Está sim! - Disse ela com um leve grito interrompendo-o - Você está lembrando do seu pai, está sentindo a dor pela falta dele. Isso é normal, eu sei. Você está muito triste e eu to aqui com você. Eu te amo, e não vou te deixar no momento que você mais precisa.
  - Eu só quero estar sozinho.
  - Então vou ficar sozinha com você. Eu não vou sair desse carro, e se você sair, vou atrás você. Não vou te abandonar.
  Gustavo ficou encarando o horizonte com as mãos no volante ao som do motor de seu carro. Ficou pensativo por algum tempo naquele silencio de palavras. Fechou os olhos, abaixou a cabeça e deu um leve suspiro apertando o volante com as mãos. - Está bem. Você vai comigo - Ele respondeu saindo calmamente com o carro.
  Dirigiu por quase vinte minutos sem rumo, virando aleatoriamente até, por fim, parar na sua casa. Ela foi atrás dele. Entraram. Ela ficou em pé atrás dele, enquanto ele pegava algo no fundo do armário do quarto dele. Deixou sobre a mesa uma garrava de Jack Daniel's, deixou sobre a mesa da cozinha e pegou dois copos pequenos. Rebeca estava parada na frente dele do outro lado da mesa com os braços cruzados e olhando fixo para ele. - Eu não vou beber - Ele deu de ombros e começou a tomar. Uma, duas, três doses. Quando pensou na quarta dose, ele ficou encarando a garrafa, e apenas ouviu uma voz feminina. - Não. Vamos voltar. Ele a obedeceu. Fechou a garrafa e deixou tudo lá sobre a mesa mesmo. O efeito o uísque não lhe subira à cabeça. Ficaram quase duas horas lá antes de partirem de volta.
  Voltaram, por fim, para a casa dela. Gus saiu do carro e, antes que ele fechasse a porta, ela saiu, deu a volta no carro e parou bem na sua frente. Ele então colocou-a de costas para o carro e abraçou com força, como se era para ter certeza que ela não escaparia. Ela retribuiu, sentindo o perfume delicioso dele. O perfume que ela tanto amava. Enquanto ela respirava fundo para sentir o cheiro dele, ele sussurrava no ouvido dela "obrigado".
  Gustavo estava chorando. Ficaram um minuto, talvez dois lá, parados ao lado do Camaro em frente à casa de Rebeca e sua prima, abraçados. Gustavo estava lembrando de toda a cena que se passava:

  Era numa quarta-feira. Por volta das 15 horas daquele dia que era um dos dias iniciais do mês de outubro, Gustavo estava trabalhando, terminando uma matéria quando recebeu uma ligação. Era do seu pai.
  - Hey Guga! - O ânimo, a alegria e êxtase era facilmente percebido pela voz radiante de seu pai.
  - Olá pai! Está tudo bem com você?
  - Está tudo ótimo. Melhor impossível. Tenho uma coisa para te contar!
  - E o que seria? - Disse, sério e concentrado no seu trabalho, como se estivesse louco pelo fim da ligação.
  No fundo do telefone, Gustavo escutava um ronco forte de motor. A expressão dele mudou completamente ao escutar aquele ronco. Uma alegria arrebatadora lhe subia pelo corpo. - E-esse é o Corvete? - disse ele gaguejando, como se não acreditasse.
  - Sim - Disse o pai dele, pisando no acelerador novamente fazendo o motor rugir novamente.
  - Não estou acreditando. E ele está funcionando tudo certo?
  - Ainda não sei. Ele ligou e, pelo som, está impecável. Quero dar uma volta inaugurativa com ele, e achei que gostaria de vir comigo.
  Gustavo ficou extasiado. - Estarei aí em 15 minutos.
  - Estarei te esperando - disse o pai dele rindo, antes de desligar o telefone.
  Antes de dar quinze minutos, Gustavo chegara na casa de seu pai que lhe esperava sentado naquele Corvete 94' amarelo com detalhes pretos. Gustavo ficou boquiaberto ao ver o carro que estava como novo, enquanto lhe via à mente as imagens de quando aquele mesmo carro havia chegado na garagem do pai. O carro estava quase todo enferrujado, com a pintura descascando, um motor pelas metades, bancos rasgados e mofados, faltando uma roda além do estepe... Normalmente, as pessoas diriam que não tinha jeito de arrumar aquele carro, que não deveria ter saído do ferro-velho, mas o pai do Gustavo não era comum, via conserto e ainda por cima fazia acontecer. Parecia um dom que ele tinha.
  Após toda admiração, saíram para dar uma volta, para sentir como havia ficado os reparos. Freava bruscamente, chegando a assustar Gus, só para "testar" os freios (que estavam funcionando muito bem, aliás), rindo da cara que seu filho fazia. Virava de um lado para o outro da rua, estavam brincando com o carro.
  Pai e filho se divertindo muito como deveria ser. Até que, num cruzamento, pararam no sinal vermelho, sem parar de rir. Gustavo olhou para o seu pai e, mudando sua expressão de alegria para surpreso, medo, ele via um carro que estava tentando fazer a curva, mas que perdera a tração traseira e estava vindo sem controle. Ele olhou o terror nos olhos do motorista instantes antes do acidente. O seu pai nada vira, estava distraído olhando para o filho e rindo.
  Quando aconteceu, o Honda estava vindo cerca de 60 Km/h no instante que bateu. Acertou em cheio a porta do lado de seu pai, acarretando-lhe uma fratura de 3 costelas. Chegando no hospital, descobriram que havia, também, perfurado o pulmão. Gustavo estava inconsolável e extremamente abatido. Via o seu pai, com 62, no hospital, enfaixado e imobilizado, torcendo pelo melhor. Ficou três dias naquele quarto. Mal comia ou bebia algo, não conseguia dormir. Ficava sentado na cadeira olhando o seu pai em coma induzido e torcendo pelo melhor. Infelizmente, o seu pai não resistiu e veio a falecer. O motorista do outro carro também fora para o hospital devido a uma batida violenta da cabeça com o volante. Cortou a testa, uma leve fratura no nariz e uma pequena rachadura no crânio, mas não houve mais notícias dele.
  Rebeca até ficou com Gustavo no hospital, mas era como se ela não estivesse lá. Gustavo nem sequer falava ou olhava para ela. Ficava apenas sentado na poltrona ao lado da cama de seu pai, o olhando fixo. Apesar de tudo, fora essencial  para ele a presença de sua amada.

  Ele deu um passo para trás, enxugou as lágrimas e disse, mais uma vez, agora mais alto. - Obrigado.
  Ela sorriu para ele, beijou-lhe o queixo e foram, a passos lentos e de mãos dadas, para casa.
  - Eu te trouxe umas roupas suas. Enquanto você procurava aquela garrafa, pequei algumas roupas suas e coloquei na minha bolsa. Tome um banho. Vai te relaxar um pouco.
  Ele sorriu para ela, beijou-a e entraram.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Uma história sem título - Capítulo 10°

  Meses se passaram, as estações mudaram, as pessoas cresceram, amadureceram. Gustavo e Rebeca continuam juntos e se amando cada dia mais. Rebeca ainda mora com a prima e Gustavo sozinho. A banda se desfez. André e Bruno se mudaram com uma semana de diferença um do outro. Enquanto Bruno fora para a Inglaterra, André ficou no Brasil ainda, ele se mudou para São Paulo e nenhum dos dois imagina quando irá voltar (isso é, se forem voltar).
  É, enfim, natal. Gustavo ajuda Rebeca e a mãe dela nos preparativos para a ceia de natal.
  - Então, Gustavo, vai ficar mesmo para ceia? - Perguntou Paula, mãe de Rebeca.
  - Se a senhora me permitir, sim.
  - É claro. Você já é da família. Viemos para cá para poder te conhecer. Será um prazer tê-lo à mesa conosco.
  - Obrigado - Ele sorriu para ela, que retribuiu com outro sorriso ainda mais alegre.
  Mais tarde, quando, por fim, terminaram, eles sentaram todos na sala para conversar. Os pais dela perguntaram o que ele fazia, a idade, de onde vinha, um interrogatório sobre a vida dele.
  - Então, Gustavo, e seus pais? O que fazem?
  Nesse momento, a expressão alegre e tranquila dele fora deixando o seu corpo, dando lugar à tristeza e reflexão. Ele ficou quieto, abaixou a cabeça olhando para o tapete felpudo, suas mãos se juntaram e seus dedos ficaram tensos, ele apertou os seus lábios e tentou, sem sucesso, segurar uma gota que estava no canto do seu olho. Por fim, ele tomou coragem, recuperou o fôlego, levantou o rosto com confiança e disse, por fim:
  - Desculpem. A minha mãe faleceu quando eu tinha 16 anos, pouco tempo antes de eu entrar na faculdade. Ela teve uma parada cardio-respiratória repentina e, mesmo depois de levá-la ao hospital, ela não resistiu e nos deixou dois dias depois. Pegou todo mundo de surpresa. Ela era muito saudável com tudo. O meu pai, infelizmente, morreu num acidente de carro há dois meses, quase três. Ele estava parado no sinal, estreando um carro que ele tinha acabado de consertar, um carro perdeu o controle e bateu na porta do carro dele. A pancada foi muito forte e, por já ter uma certa idade, não resistiu aos ferimentos.
  Gustavo deixa escapar outra lágrima. Todos ficaram sentidos. O clima fora mudado drasticamente de alegria para melancolia, luto. Um silêncio ensurdecedor tomou conta do lugar, até que Gus decidiu voltar a falar.
  - Gente, não precisam ficar assim por minha causa. Aconteceu e pronto. Desculpem, não queria deixar a casa nesse clima. Principalmente nessa data. Se me derem licença, vou para a cozinha beber uma água - E saiu a passos leves e lentos em direção à cozinha, contrastando a cabeça erguida e confiante que ele exibia ao sair da sala.
  - E-eu vou tomar um banho - Gaguejou Paula - As visitas devem estar pra chegar.
  Rebeca pediu licença ao pai e à prima e saiu em silêncio também. O ambiente, mesmo assim, ficou pesado, deixando todos muito pensativos.
  Chegou ela à cozinha, Gustavo estava com um copo de água à sua frente e ele de costas para a cozinha. Rebeca chegou abraçando-o por trás e apoiando a sua cabeça nas costas dele. Gustavo não esboçou reação, ficou ali olhando fixo para o copo, sem mostrar sentimento algum. Nem alegria ou tristeza, ódio ou compaixão. Nada. Sua feição era de alguém que não tinha emoções. Lembrar do seu pai foi um golpe muito forte para ele.
  Nenhum dos dois falavam uma só palavra. Apoiado com os dois punhos serrados sobre a mesa e o copo cheio no meio, ele apertava ainda mais as suas mãos e também os lábios. Por fim, virou-se para Rebeca, abraçou-a, beijou-se a testa e apenas disse uma única palavra antes de sair pela porta.
  - Desculpa

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Uma história sem título - Capítulo 9°

  Pouco depois das 20 horas daquele dia.
  Rebeca e Gustavo estavam chegando na festa. Gustavo elegante como sempre. Rebeca mais linda como nunca. Desceu então ele e, antes que ela agisse, como um verdadeiro cavalheiro, Gus abriu a porta para a jovem moça e lhe deu a mão. - Me permite? - Disse ele olhando nos lindos olhos dela que refletiam as luzes da rua. Ela apenas sorriu, corou-se e, apoiando delicadamente a sua mão na dele, saiu finalmente do carro. Foram os dois para festa. Ela com o braço dado ao dele. Eles formam um lindo casal.
  Entraram. Ele não conhecia ninguém lá dentro, realidade diferente de Rebeca, que a cada passo que dava via um conhecido diferente. A cada parada que faziam para conversar com algum amigo ou alguma amiga dela, Gustavo era apresentado.
  Depois de muita conversa, Rebeca teve uma ideia.
  - Ai, Gus.... Vamos dançar?
  Ele a olhou pensativo, mas decidiu aceitar o convite. Ela ficou muito feliz, comemorou com tímidos movimentos e o puxou até a pista de dança.
  Eles estavam se divertindo tanto. Num dado momento, vindo por trás de Gustavo, uma figura masculina não muito grande, mas que se fazia notar. Rebeca, então, o reconheceu, parou de dançar e chamou por ele.
  - Oi Marcelo!!!
  - Rebeca? É você?
  - Sou eu sim! Não sabia que estaria aqui!
  - Umas alunas me chamaram para vir. Não vou ficar muito. Mas não custa nada se divertir um pouco.
  Eles riram. Parado ao lado dela olhando com dúvidas para o homem que aparecera atrás dele e estava roubando a atenção de sua parceira, Gustavo não emite som algum, apenas fica olhando os dois.
  - Ah, Marcelo, esse daqui é o Gustavo. Um "amigo" meu. Ele é jornalista.
  - Prazer, Gustavo. Eu sou Marcelo. Sou um professor da faculdade. Ministro aula para Rebeca. Aliás, não sei se ela te contou, mas ajudei ela a encontrar a sala. Ela estava perdidinha na ora.
  - Prazer, Marcelo. Eu já sabia dessa, ela me contou. Fico feliz que tenha ajudado ela a se localizar.
  - Você faz jornalismo? Você se formou aonde?
  - Fiz UnB. Me mudei para UDI há alguns anos. É uma ótima cidade.
  - Meninos, eu já volto. Vou pegar uma bebida para mim. Fiquem conversando aí. - Rebeca saiu. Ela sabia que deveria deixar os dois sozinhos por um tempo. O ciúme na cara de ambos é gritante, porém, apenas os dois enciumados não perceberam.
  - Então.... Gustavo. Você conhece a Rebeca há quanto tempo?
  - Já fazem algumas semanas. Meses até. Conheci ela numa festa como essa.
  - Ah sim... Bem, já vou indo. Estão me chamando ali. Até mais.
  - Até....
  Gus ficou sério enquanto Rebeca voltava com dois copos. Entregou um para ele e o questionou do paradeiro do seu professor.
  - Ele disse que foi chamado. Não sei onde está, mas não deve estar longe. Saiu há poucos segundos.
  Ela o olhou com um um sorriso de lado e bochechas cheias, uma expressão de desconfianças. Num segundo mesmo já mudou para uma expressão mais alegre e, segurando pelo braço, chamou-o - Vamos sair daqui. Vamos lá para fora.
  Eles foram, então, para o quintal atrás da casa. Não tinha ninguém, porém, estava iluminado. Eles pararam de frente um para o outro a alguns metros da pequena piscina e iluminados apenas pelo luar e pelas duas lâmpadas próximas à porta. Ela passou as mãos sobre os ombros dele e entrelaçando os dedos por trás do pescoço dele. Rebeca o olhou bem nos olhos de cabeça erguida enquanto Gus segurava-a pela cintura.
  - Você não ficou com ciúmes, não é, Gus?
  - Ele a olhou com desdém, negando as palavras dela.
  - Não mente para mim Gus. Estava na cara. - Ela pensou em falar que estava com a mesma cara do Marcelo. Dizer que ambos estavam com ciúmes, mas achou melhor deixar essa informação apenas na sua mente, pois a informação poderia não ser muito bem recebida por ele. - Ele é só o meu professor.
  - Convenhamos, ele é bonito. Olhos azuis, jovem, cabelo da moda, boas roupas. Tá meio na cara o porquê as meninas o convidaram.
  Rebeca entendeu o ponto de vista dele. Não negou a beleza do seu professor.
  Sem uma palavra sequer, Rebeca se ergueu com os pés, aproximou-se do rosto de Gustavo, fechou os olhos e, antes que ele percebesse, seus lábios úmidos se tocaram. Em êxtase, um sentimento lhes subia à cabeça, o corpo estremeceu, seus corações bateram numa só frequência ritmada, dando o ritmo de uma canção perfeita que guiavam na dança dos seus espíritos enquanto seus corpos imóveis sentiam o calor um do outro, seus braços os traziam para mais perto, os copos no chão, derrubados pelos seus pés, nem sequer foram sentidos. No momento, não havia sentimento mais forte do que o deles a quilômetros de distância.