sábado, 30 de março de 2013

49 - Diariamente

  No dia seguinte, ambos acordaram com sorrisos nos rostos. Não era por menos, afinal, cada um sonhou com o outro na última noite.
  Sábado, sem aula, Renato sem planos, Leila pensando em sair com as amigas. Um sábado comum para os dois. Ele, logo após levantar-se da cama, foi direto para a sua mesinha desenhar, continuar uma criação própria. Ele se sente para continuar um desenho de uma mulher com as costas nuas e olhando para o céu a sua frente.
  O fim de semana passou e os dois não paravam de pensar um no outro. Todas as manhãs, todas as tardes e todas as noites um ligava para o outro dizendo que estava com saudades, dizia o quanto um amava o outro, o quando um precisava do outro. Diziam o que estavam fazendo, o que queriam estar fazendo.
  E meses se passaram. Meses de muito amor, muito romance. Arrisco dizer, meus caros leitores, que era um verdadeiro conto de fadas, onde um foi feito para o outro, um não vê defeito no outro. O "casal perfeito". O amor deles estava em outro nível, um nível quase que sobrenatural. Para vocês terem ideia, eles sonhavam, passavam o dia pensando no casamento deles. Eles, desde já fazendo planos para o futuro deles.

  E passa o ano todo assim.
  Em dezembro, a família de Leila planejava fazer uma viagem para o exterior logo após o natal. E, já que Leila não conseguiria ficar muito tempo longe do seu amor, conseguiu convencer os pais dela a levá-lo. Pelo visto ele já faz parte da família. Renato, ao saber da notícia por ela fica super feliz e já começa a se preparar semanas antes.
  Tudo estava finalmente perfeito na vida dele, nada poderia estragar. Chegamos, finalmente, ao tão esperado "final feliz"? Bem, o final ainda não chegou, então só nos resta esperar.

sábado, 23 de março de 2013

48 - Sakura

  Deitado sem camisa na cama, Renato está no escuro do seu quarto pensando em Leila, desejando estar junto dela, imaginando o que ela devia estar fazendo, o que ela devia estar pensando. "Talvez se eu dormir um pouco, encontre ela nos meus sonhos de novo" pensou ele pouco antes de adormecer.

  Em um lugar longe de tudo, longe de todos, Renato caminha em direção a uma grande árvore, uma árvore solitária no meio do campo. Ela está bem florida, há algumas pétalas na grama. Graças às flores, a árvore não possui uma coloração verde comum, mas sim um rosa, um rosa bem claro. Ele decide se sentar e apenas sentir a brisa tocar-lhe o rosto. Ele fecha os olhos por um instante. Nada vem em sua mente. Poucos segundos depois, ele sente algo se apoiar em suas pernas, mas ele não se importa, continua com os olhos fechados apenas sentindo a doce brisa.
  Logo ele abriu os olhos, apenas para verificar o que (ou quem) estava em sua perna. Era ela, Leila, sua amada. Ele apenas sorriu e apoiou sua mão nela, acariciando sua cabeça. Leila sorri e se ajeita no colo do seu amado. Ela o olha, os olhares se cruzam... As luzes do céu tornam o momento mágico, o sereno na grama reflete o luar, a árvore dança ao ritmo do vento, tudo para um momento perfeito. E foi.
  E assim foi até o fim.

  Ela, de um lado da cidade, debaixo do lençol, abraça o travesseiro como se fosse seu amor. Do outro, ele, sem abrir os olhos e nem tirar o braço de cima da cara, sorri. Ambos felizes com o que sonhavam, com o que viveram dormindo.

sábado, 16 de março de 2013

47 - Em outro lugar em São Paulo

  Leila olha o céu pela janela, o mundo para ela não existe, está apenas ela e seus pensamentos (cujos estão em Renato). Fábio, pai de Leila, percebe que ela está com a cabeça nas nuvens e decide puxar conversa, mas sem sucesso, afinal, ela está distraída demais. Os pensamentos e a atenção dela estão todos nele, naquele garoto, no Renato. "O que será que ele está fazendo agora? Estaria pensando em mim? Será que ele gostou do meu beijo? Talvez ele esteja indo dormir. E ficar pensando em como deve ser ele sem camisa... Deve ser muito lindo dormindo..."
  "Então, Leila" Disso Fábio, mexendo no braço dela. "Como você o conheceu?". Ela dá um salto. Por estar viajando pensando no seu amado, Leila se assustou ao ser tocada no braço pelo seu pai.

  "Ãnh? O Renato? Ele estuda no mesmo colégio que eu já faz uns... 3 anos. Eu acho. Não tenho certeza. Só que ele sempre foi um garoto mais... reservado".
  "Eu reparei isso. Ele não é muito de falar".
  "Hoje ele até está melhor. Eu, sinceramente, não sabia como que era a voz dele até uns 3, 4 meses atrás".
  Poucos minutos se passaram até que eles chegassem em casa. Leila subiu direto para o quarto. Fábio ficou  na sala mesmo, junto de sua esposa, Cristina. "Você sabia que a nossa menina está com um rapaz?"
  "Suspeitei. Afinal, ela andou muito distraídas esses dias. Você o viu?"

  "Eu o conheci. Muito educado, mas parece que ele é órfão. Perdeu os pais quando era criança ainda. Desde então o tio cuida dele. Eu falei que, se ele precisar, pode contar conosco. Afinal, a nossa filha gosta dele".
  "Verdade".

  Enquanto Fábio e Cristina conversam na sala, no andar de cima, onde ficam os quartos, está Leila, deitada de barriga pra baixo apenas de calcinha lendo uma carta que ela encontrou na sua bolsa. Não tinha nome, mas ela sabia muito bem quem tivera escrito aquela carta. O sorriso estava presente no seu rosto. A cada palavra que lia, mais ela sorria, mais alegre, mais apaixonada. E quando chegou no fim daquela carta, ela derramou uma lágrima de seu olho e sorriu ainda mais. Deitou-se de costas pra cama e segurou com força com as suas mãos o bilhete sobre seu peito. "Como eu te amo" pensava ela, beijando o papel como se fosse o próprio que o escreveu.
  "Talvez eu devesse terminar de me trocar para dormir". Ela se levantou num pulo e apenas pegou uma camiseta rosa de pijama e se deitou, imaginando o que o seu amado estivera pensando, sonhando. "Talvez eu o encontre no meu sonho novamente". Riu e, abraçando um segundo travesseiro, se deitou de lado.

sábado, 9 de março de 2013

46 - O destino faz cada coisa...

  Renato entra em casa como se fosse o homem mais feliz do mundo. Ele entra, fecha a porta e se joga no sofá com um sorriso enorme, aquele que vai de orelha a orelha. "Você realmente está feliz, não é mesmo?" Perguntou Esdras com os braços cruzados e rindo levemente do garoto.
  "Me sinto o cara mais feliz do mundo! Estou amando! Sou amado! Tudo está dando, finalmente, certo na minha vida". Ele se sente nas nuvens, realmente. Nem sequer abre os olhos.

  "Já parou para pensar que, tudo começou a dar certo para você, depois que você correu atrás do que queria?".
  Renato, ainda com o sorriso no rosto, se levantou bruscamente, olhando para o chão. "O que você quer dizer?"
  "Pare para pensar" Esdras senta-se logo a frente de Renato. "Antes, você era só um órfão sozinho. Inteligente, mas sozinho. Até o dia que você deu um passo... Conversou com uma garota. Chamou-a para a sua casa e, o mais estranho de tudo, conseguiu que ela dormisse aqui. Tudo isso no mesmo dia. Depois, conheceu mais garotas, começou a sorrir mais, a desenhar mais, a tocar mais guitarra. Chegou até a compor. Renato, você deu um passo inicial, agora... Olha só para você. É um adolescente aparentemente normal. Tem seus Hobbies, seus talentos, namora uma garota linda".
  "Você tem razão... Minha vida está quase perfeita agora. Mas... onde você quer chegar com tudo isso?"
  Esdras se levanta junto ao Renato, apoa sua mão no ombro dele e respira fundo. "Se você decidisse começar antes. Digo, se escolhesse falar com ela alguns anos antes, não acha que vocês estariam juntos a mais tempo? Você poderia ter essa vida perfeita a mais tempo".
  Renato fica mudo, apenas refletindo tudo. Ele leva, lentamente, uma de suas mãos à boca, lembrando do beijo dela, o doce beijo dela. 'Eu poderia ter isso há mais tempo' pensou ele. Ele esfrega o polegar nos outros dedos da mão, lembrando do leve toque da mão dela. "Ou... talvez... seja melhor assim". Esdras apenas olha curioso. "Se eu tivesse conversado antes com ela, talvez eu não tivesse tudo isso antes, apenas seria uma amiga minha, e eu, mais um amigo para ela brincar. E, no futuro, que no caso seria hoje, poderíamos chegar até onde chegamos. Ou , quem sabe também, esse paraíso que estou vivendo nem chegasse a existir. Afinal, se aconteceu hoje, é por que o destino preparou isso para nós. Deus nos fez esperar tanto para que esse momento seja perfeito. Eles fazem cada coisa..."
  Renato sorri, levanta e vai dormir, deixando a calça sobre uma cadeira. Esdras nada diz, nada faz.

sábado, 2 de março de 2013

45 - Sob um belo luar

  Por fim, Renato se abriu. Finalmente ele tira um peso de seus ombros.
  No restaurante, o casal conversa de tudo. Ela, corada, porém, muito feliz. Feliz por estar com a pessoa que ela ama. Feliz por estar com quem faz o seu coração palpitar apenas ao vê-lo. Enfim, feliz. Felizes.
  Ambos conversam sobre seus passados, mas de um jeito diferente, de um jeito voltado aos seus sentimentos. É, caros leitores, não era só o Renato que estava apaixonado pela Leila há tempos, ela também o desejava. Desejava-o desde o dia em que se conheceram, mas a vergonha dela o impedia de dizer o que sentia. Isso até hoje, é claro. Foi um peso enorme retirado do ombro dos dois).
  O tempo passou voando. Eles comeram, riram, conversaram sobre tudo. Até que...
  "Leila!". Ouve-se uma voz gritando de um carro. Era o pai dela. "Vamos indo! Está tarde já". Ela se levanta, ele também, mas um pouco desajeitado, como de costume.
  "Te vejo amanhã?"
  "É claro!" Ela deixa escapar um riso tímido. Que sorriso lindo é aquele. Ela se estica e dá um beijo no rosto dele e vai. Entra no carro e, antes de sair, o pai dirige a palavra ao Renato. "Ei! Garoto! Você quer carona? Já é tarde. É muito perigoso você andar sozinho São Paulo a fora. Pode entrar, eu te dou uma carona".
  Renato, imóvel e sem nem ao menos conseguir esboçar uma reação, acaba aceitando, mas, para variar, sem graça.
  Já dentro do carro, Renato agradece a gentileza do pai e diz o endereço de onde mora.
  Cinco minutos se passaram. Cinco minutos com um silêncio aterrorizante. Mas, para renato, aqueles poucos minutos pareciam horas e horas e horas... Mas o pai dela se arrisca a começar uma conversa. "Então... Renato o seu nome... Estou certo?".
  "Sim sim. Perdão, mas eu não sei o seu nome".
  "Fábio. Meu nome é Fábio. Prazer em conhecê-lo. Você é daqui mesmo?".
  "Sou daqui sim. Nunca saí daqui, com exceção de uns dois natais que eu passei lá em Águas de Lindoia. Conhece?"
  "Só de nome mesmo. Mas... O que os seus pais fazem? Digo... Eles trabalham com o que?"
  "Meus pais faleceram quando eu tinha poucos anos de vida. Desde então, o meu tio cuida de mim. Porém, há pouco tempo, eu moro sozinho, ele apenas me banca".
  Fábio fica sem graça e envergonhado. "S-sinto muito pelos seus pais...".
  "Não se preocupe... Já que eu não cheguei a conhece-los muito bem, não me preocupo muito quando falam deles".
  "Mas... E o seu tio... Ele..."
  "Ele é militar. Ganha o bastante para me manter e mante-lo com tranquilidade".
  "Entendo... Bem, parece que chegamos. Qualquer coisa, se precisar de alguma coisa, pode ligar para mim, digo, para a Leila. Não tem problema".
  "Obrigado. Obrigado também pela carona e desculpa o 'desvio de rota' que fiz você tomar".
  "Problema nenhuma. Boa noite. A gente se vê".
  A Leila, que se manteve quieta a viajem toda, se despede de Renato mandando-lhe um beijo e uma piscadinha.