Já em São Paulo, cada um vai para as suas respectivas residências a sós e, como sempre, um pensando um no outro. "Sabe, Esdras, eu acho que eu vou me casar com ela".
"Você tem certeza? Não acha que são muito novos para..."
Renato ri. "Não não. Eu digo no futuro. Não agora. Este ano eu só devo me preocupar com o vestibular. Eu digo que eu planejo me casar com ela, mas só quando eu tiver um emprego fixo. A questão é... Qual curso? Tem alguma ideia? Afinal, você me conhece como ninguém".
Esdras se mantém calado por um tempo. Sentado, pensa nas qualidades, desejos e habilidades de Renato. "Bem, eu tenho algumas opções que acho que você se daria bem. Pode tentar arquitetura, artes plásticas, design ou, já que você tem uma incrível facilidade com a matemática e a física, alguma engenharia".
"Esse é o problema, tem tantas opções e eu só posso entrar em um curso só". Ele se joga na cama com um olhar fixo para o teto e solta um suspiro. "Não sei o que fazer. Tento a sorte, talvez?"
Esdras se levanta da cadeira do canto do quarto onde costuma ficar e caminha em direção ao Renato. "Olha, nada que é baseado na sorte dá certo. Entenda uma coisa: Só você pode escolher. Você tem que sentir o que você quer da vida. Não adianta os outros escolherem o seu destino, pois só você poderá traçá-lo. Pense nisso". Renato olhou bem nos olhos de Esdras.
"Você tem razão. É uma escolha que só eu poderei fazer. E se eu escolher errado, volto e escolho de novo, afinal, ainda serei novo para poder fazer isso. Eu estarei com 18, 19 anos. Muito a viver ainda. Mas eu acho que sei para que lado eu vou..."
Leila, como de costume, pensa em seu amor. Ela fala sozinha, fala consigo mesma enquanto tira a roupa. "Já posso até imaginar. Um tapete vermelho levando até o altar, Renato lindo como sempre de terno. Pétalas de rosas no chão, muitas flores na decoração. Vai ser perfeito. Só resta esperar pelo pedido de casamento. Vai ser tudo perfeito".