sábado, 25 de maio de 2013

57 - Pensando no futuro

  Já em São Paulo, cada um vai para as suas respectivas residências a sós e, como sempre, um pensando um no outro. "Sabe, Esdras, eu acho que eu vou me casar com ela".

  "Você tem certeza? Não acha que são muito novos para..."
  Renato ri. "Não não. Eu digo no futuro. Não agora. Este ano eu só devo me preocupar com o vestibular. Eu digo que eu planejo me casar com ela, mas só quando eu tiver um emprego fixo. A questão é... Qual curso? Tem alguma ideia? Afinal, você me conhece como ninguém".
  Esdras se mantém calado por um tempo. Sentado, pensa nas qualidades, desejos e habilidades de Renato. "Bem, eu tenho algumas opções que acho que você se daria bem. Pode tentar arquitetura, artes plásticas, design ou, já que você tem uma incrível facilidade com a matemática e a física, alguma engenharia".
  "Esse é o problema, tem tantas opções e eu só posso entrar em um curso só". Ele se joga na cama com um olhar fixo para o teto e solta um suspiro. "Não sei o que fazer. Tento a sorte, talvez?"
  Esdras se levanta da cadeira do canto do quarto onde costuma ficar e caminha em direção ao Renato. "Olha, nada que é baseado na sorte dá certo. Entenda uma coisa: Só você pode escolher. Você tem que sentir o que você quer da vida. Não adianta os outros escolherem o seu destino, pois só você poderá traçá-lo. Pense nisso". Renato olhou bem nos olhos de Esdras.
  "Você tem razão. É uma escolha que só eu poderei fazer. E se eu escolher errado, volto e escolho de novo, afinal, ainda serei novo para poder fazer isso. Eu estarei com 18, 19 anos. Muito a viver ainda. Mas eu acho que sei para que lado eu vou..."

  Leila, como de costume, pensa em seu amor. Ela fala sozinha, fala consigo mesma enquanto tira a roupa. "Já posso até imaginar. Um tapete vermelho levando até o altar, Renato lindo como sempre de terno. Pétalas de rosas no chão, muitas flores na decoração. Vai ser perfeito. Só resta esperar pelo pedido de casamento. Vai ser tudo perfeito".

sábado, 18 de maio de 2013

56 - Alvorada

  O natal se passou, junto com o ano novo que veio em seguida. Renato, Leila e sua família estão em uma viagem de férias pela cidade de Santos, cidade praiana de São Paulo. Eles ficaram hospedados em um hotel à cinco minutos da praia. Estão lá desde o dia 29 de dezembro do ano passado, e ficarão por lá até o dia 25 de janeiro desde ano. Hoje, para que você, meu caro leitor, para que não fique perdido por entre as datas, é dia 7 de janeiro.
  Renato e Leila estão passeando pela praia sozinhos de mãos dadas. Ele apenas com um calção e ela um simples biquíni. Renato meio sério, pensativo como sempre. Ela está distraída, aproveitando a areia entre os dedos e aproveitando a paisagem. "Sabe, Renato, eu estou muito feliz que esteja aqui comigo. Eu me sentiria muito solitária aqui sem você". Ele olha nos olhos dela, sorri, e diz "Eu é que estaria solitário sem você". Então eles se beijam.
  E lá eles conheceram quase toda a cidade. Andavam por lá de dia e de noite, com total liberdade. Andavam a noite pela praia, aproveitando as luzes da noite. Andavam de dia conhecendo cada canto que Santos podia lhes oferecer.

  Duas semanas depois, enquanto eles andavam pela praia a noite, Leila decide ligar para o seu pai. "Oi pai!... Eu to bem sim... Posso te perguntar uma coisa?... Então, eu queria saber se eu podia passar a noite fora. Sabe, não voltar para o hotel por enquanto... Não, a cidade é segura sim e eu ainda estarei com o Renato... Tá certo... Tudo bem pai... Beijos... Também te amo". Ela desliga o celular e dá a notícia para o Renato. "Ele deixou!". Ela diz sorrindo e o abraça forte.
  Eles ficam sentados na areia, admirando as estrelas e conversando. E, por que não, se beijando fervorosamente? Por fim, os dois acabaram adormecendo ali mesmo na praia.
  Algumas horas depois, Renato acorda e olha o horizonte. Percebe logo que o sol ainda não apareceu, mas está prestes. "Ei, Leila. Acorde. Você tem que ver isso". Diz ele balançando-a de leve. Ela acorda e pergunta meio sonolenta ainda "O que foi?".
  "Olhe". Diz ele apontando para o horizonte. Ela apenas se surpreende com a beleza do nascer do sol.
  "Eu só quero que esse momento dure para sempre". Diz ela olhando para ele.

sábado, 11 de maio de 2013

55 - O perdão

  "Vamos, Renato, vamos ficar lá junto dos outros" disse Leila abraçada à ele. Os dois foram para a sala, ela senta no sofá, ele senta-se no braço do sofá ao lado dela. Estão todos lá. Avós, primos, tios, mãe... Espera, parece que o pai de Leila não está lá. Estaria ele fugindo do Renato?Estaria ele evitando olhar para o namorado da própria filha? Vergonha? Medo? Não se sabe.
  As crianças esperançosas se alegram enquanto rasgam os pacotes coloridos. Os mais velhos abrem sorrisos apenas ao verem a alegria das crianças. Alguns diriam que essa é a magia do natal, outros, que é a alegria que o consumismo passa à sociedade capitalista. Em todo caso, há felicidade naquela sala e é isso que importa.
  Próximo da 1 hora da manhã, as crianças já sonolentas começam a ir para casa junto de seus respectivos pais. É agora que chega Fábio. Sua cara está inchada, mas ninguém repara se não Renato que, aliás, está do outro lado da sala.
  Sem falar com ninguém, Fábio cruza a sala e vai em direção ao Renato. "Me perdoa. Eu agi errado com você. Espero que possa me perdoar". Renato permanece calado apenas olhando para o rosto do pai de Leila. "Eu entendo..."
  "Eu te perdoo sim". Fábio fica surpreso, mas sorri logo em seguida. Ele agradece e se retira da sala em direção ao seu quarto. Cristina vai logo atrás dele se despedindo dos familiares ainda presentes.
  Renato fica olhando o chão sorrindo. Leila olha sem entender. "Eu acho que a minha sorte está começando a mudar".

sábado, 4 de maio de 2013

54 - A sua força está no seu coração

  Leila olha de longe o seu amado sob a chuva, pensado sobre sabe-se lá o que. "Renato!" ela gritou. Ele pareceu não escutar. "Renato!" Ela gritou novamente, mas ele virou o rosto entristecido e surpreso para ela. "Venha aqui. Sai dessa chuva. Eu quero conversar com você. Por favor, isso não faz bem para você".
  Ele larga a bola na quadra e, a passos lentos, vai em direção à ela. Ele está encharcado. Cabelo, roupas, ele está completamente molhado. Ela, sem sequer se preocupar com isso, o abraça forte passando os braços pela cintura. Ele apenas respira fundo olhando para o vazio. Continua ele pensativo. "Olha para mim" disse ela. "Olhe bem nos meus olhos". Ele o faz. "Você vai subir comigo, tirar essas roupas molhadas, tomar um banho, se não você vai ficar resfriado e poderá escolher entre ficar comigo na sala ou no meu quarto. Não quero que você fique na chuva, muito menos sozinha. Eu sou a sua namorada, estou aqui para suportar e te ajudar em qualquer dor que você possa vir a ter".
  "Mas... e o seu pai? Ele...". Ela o interrompe.
  "Ele é um idiota. Ele é um típico 'riquinho' esnobe que faz caridade por pena e para aparecer. Por isso ele foi tão legal com você no dia que você o conheceu. Acho que foi um choque para ele também vê-lo lá em casa. Eu errei em não comunicar, mas ele errou em te tratar daquela forma". Renato apenas ouve tudo calado e pensativo. "Faz o seguinte: Esquece. Você é melhor do que ele. Se você não o encarar, você terá perdido. Mostre a ele que você é mais forte e encare tudo de cabeça erguida. Você forte. Por isso eu te amo, por que eu vejo em você coragem e força para encarar qualquer dificuldade que possa vir". Ela o beija e o puxa pelo braço em direção ao elevador.
  Já no apartamento, todos ainda chocados com a cena que acabaram de presenciar, chegam Leila e Renato. Ele molhado. Ela com a postura de uma guerreira pronta a enfrentar o inimigo. Eles passam pelo corredor, ela pega algumas roupas dele que estavam no quarto dela, entrega a ele no banheiro e espera sentada sobre a sua cama com a porta do quarto fechada.
  No chuveiro, Renato reflete tudo o que passou. Cada palavra dita pelo Fábio. Cada palavra dita pela Leila. Ele sussurra para si mesmo olhando para o chão molhado "É por isso que eu te amo".
  Poucos minutos depois, ele sai seco com a roupa que a Leila o entregou. Ele apenas abraçou-a e disse, com uma voz rouca como a de alguém que chorara por muito tempo. "Obrigado por tudo". Ele beija rosto dela e, apertando pouco mais forte no abraço, ele diz com a mesma voz "Eu te amo muito".