sábado, 29 de junho de 2013

62 - Sozinho


  A noite, por volta das 21h, Renato decide ligar para Leila. Triste, com lágrimas em seu rosto e deitado na cama ele liga para ela. Após algum tempo chamando, ela atende. "Oi amor. Desculpa não ter ido hoje, eu saí com a minha tia para ver uns vestidos e não consegui te avisar".
  Ele apenas fecha os olhos. As palavras dela entram na sua cabeça não como mentiras, nem sequer como verdades, são apenas palavras. "Eu compreendo. Não se preocupe. E então, chegou a comprar algum?"
  "Não, fomos só pesquisar preços e ver se gostamos de algum".
  "E gostaram?"
  "Eu gostei de um azul. Era lindo. Acho que você iria adorar. Ele é aberto atrás, sem manga e tem algum brilho na parte debaixo. Sem contar que ele tem um corpete nele".
  "Você iria ficar linda nele" diz ele sorrindo. Provavelmente imaginando Leila com tal vestido.

  Após alguns minutos de conversa, eles decidem desligar. Desejam cada um para o outro uma boa noite e desligam. Renato solta um suspiro. "Sabe, Esdras, apesar de tudo, eu ainda estou com um mal pressentimento. Mas não sinto vontade de chorar como ontem. Bem, vou tentar dormir um pouco. Amanhã conversamos, tudo bem? Boa noite, Esdras".
  "Boa noite, Renato".

  Na manhã seguinte, Renato acorda cedo, por volta das oito horas da manhã. Meio sonolento ainda, pega o se celular e já manda uma mensagem para Leila. "Bom dia, amor. Quando acordar, me chama".
  O dia passou e nada. Nem sinal dela. Renato viveu o seu dia normalmente. Ele se deitou e, antes de cair no sono, mandou uma última mensagem para ela. "Boa noite querida. Durma bem".
  Mas algo de diferente aconteceu. Renato acordou no meio da madrugada. Eram 3 horas da manhã. Olhou em volta. Estava tudo escuro. Pegou o seu celular para ver as horas. Antes de coloca-lo de lado, o celular apita, sinalizando que uma nova mensagem havia chegado. Era dela. Leila havia mandado uma mensagem as 3 horas da manhã. O coração acelerou, as mãos gélidas tremiam. Sua boca secou.
  Ele abriu a mensagem para lê-la.

sábado, 22 de junho de 2013

61 - Lágrimas

  Mais tarde, naquele mesmo dia, Renato está indo para o shopping de ônibus. Pensando nela... neles... Pensando em o que dizer e o que fazer. Renato, como sempre, está perdido em seus pensamentos.
  Minutos depois, já no shopping, Esdras decide mandar uma mensagem para Leila apenas para avisar de sua chegada. Ele senta e, simplesmente, espera. São duas horas da  tarde quando ele senta e começa a esperar. Ao decorrer do dia, manda mensagens escrito "estou com saudades", "Eu te amo", estou te esperando", "Quando chegar me avise", entre outras. Porém, mesmo recebendo a confirmação de que as mensagens foram recebidas, não houve nenhuma resposta. Renato achou estranho sim, mas lembrou do que Leila lhe havia dito, então procurou se acalmar.
  Algumas horas mais tarde, por volta das 17 horas, ele finalmente desistiu de esperar. Na saída, olhou para o ponto de ônibus à sua esquerda, depois olhou para a direita, avistando o prédio de Leila, cujo ficava a uns cinco minutos andando. Pensou ele em ir lá, porém, algo que Renato jamais sentira antes tomou conta dele. Um medo inexplicável de encontrá-la. Ele apenas cerrou o punho e virou a esquerda.
  Chegando em casa, Renato simplesmente sentou em sua cama e pensou o que poderia ter acontecido? O que poderia estar acontecendo? A boca dele estava ficando seca. As mãos tremiam. O coração batia mais forte, mais rápido a cada instante. E o pensamento de rejeição tomava conta de sua cabeça.
  Num dado instante, num pulo, ele levantou-se gritando "Não pode ser!!! Isso não pode estar acontecendo". Renato, colocando as mãos em sua cabeça e cambaleando começa a chorar. "Não agora. Por que isso está acontecendo justo agora? O que será que eu fiz para merecer isso?"
  Ao seu lado, Esdras apenas o abraça de lado, fazendo jus à sua palavra.
  "Sabe, Esdras, as vezes eu me esqueço que você é apenas uma parte da minha mente que se desprende de mim. Você me protege como um anjo. E a única coisa que eu posso fazer é agradecê-lo".
  Esdras apenas sorri.

sábado, 15 de junho de 2013

60 - Pressentimento

  No dia seguinte, logo de manhã, enquanto Renato se troca para ir ao shopping com a Leila, ele se perde em seus pensamentos, como de costume, fugindo da realidade. Se perde pensando nela, no que farão, no que já viveram juntos... "Você não acha estranho tudo isso?". Perguntou Esdras.
  "O que quer dizer?"
  "O que eu quero dizer, senhor Renato, é que no seu celular apareceu que as suas mensagens foram entregues, também mostrou que as chamadas foram completadas e tocou, por muito tempo, até que caísse na caixa postal. Eu posso não ser um gênio, mas você não acha tudo isso muito estranho? Não passou pela sua cabeça de que a Leila estaria te ignorando?"
  Renato pensou, parado, em cada palavra dita pelo seu amigo. Imóvel, não conseguira acreditar que Leila estaria mentindo para ele. Não poderia ser verdade, não depois de tudo que aconteceu. Depois de tudo que viveram e planejaram. Não poderia estar acontecendo isso. Ele não acreditava. Não queria acreditar.
  Esdras, logo atrás dele, olha-o, torcendo para que o seu próprio palpite esteja errado, para que Renato não sofra. Ele coloca uma das mãos no ombro dele. "Só quero lhe dizer uma coisa. Não importa o que aconteça, eu estarei sempre, sempre ao seu lado".
  Renato levanta a cabeça e olha bem nos olhos de Esdras. "Sabe, Esdras, ao mesmo tempo que eu to feliz por saber que tenho-te ao meu lado... Eu fico triste, pois, falando assim, sinto que algo de ruim está para acontecer. Não sei o que, não sei quando".

sábado, 8 de junho de 2013

59 - É preciso falar contigo

  Quase dois meses depois, em uma das tentativas diárias, porém, sem esperança alguma de ligação para o telefone de Leila, alguém atende. É uma voz feminina e doce, porém, fraca, como se estivesse fazendo muito esforço para conseguir ao menos falar. "Com quem eu falo?" perguntou ele, tentando descobrir a dona da voz fraca e sem vida.
  "Sou eu mesma". O coração dele palpitou; Ele, que estava sentado na cama, se levantou num pulo. Não sabia o que falar no momento, as palavras travaram na sua boca, enquanto ela esperava uma reação dele. "Está tudo bem com você? Por que a sua voz está fraca?"
  Ela parece exitar um pouco. "A minha voz? Não é nada. Deve ser só um resfriado. Vai passar. Eu to bem sim. E você, querido?".
  "Eu estou bem. Mas estou preocupado com você. Não atendeu as minhas ligações e nem respondeu as minhas mensagens? O que aconteceu?"
  "Deve ter sido problema da operadora. Não recebi nenhuma ligação sua nem mensagem. Mas eu confio em você, sei que deve ter ligado todos os dias".
  "Entendo... Eu quero te ver... Preciso te ver. Quer que eu vá na sua ou você quer vir na minha? Ou, se preferir, podemos ir ao shopping, ao parque... Onde preferir. Eu só quero te ver, nada mais".
  Após essa oferta, um silêncio quase que mortal tomou conta tanto do quarto dele, quanto do telefone. Tanto que mal se ouvia as respirações. O suor frio na sua testa escorria, a boca seca incomodava Renato, mas não tanto quanto aquela tenção. "Sim". Uma voz falou ao telefone. Leila aceitara o convite de Renato que ficou muito feliz com a resposta.
  "Tudo bem. Amanhã, 15h no shopping Ibirapuera?". Renato propôs.
  "Por mim, tudo bem. Te encontro lá".
  "Beijos. Te amo".
  "Também te amo, meu amor. Beijos e até amanhã".

sábado, 1 de junho de 2013

58 - Quanto mais passa, mais nervoso fica

  Meses se passaram, e graças aos vestibulares e à rotina de terceiro ano de ambos, Renato e Leila quase que não consegues se encontrar para namorar, por muito, uma vez por semana se os dois conseguirem adiantar seus estudos. Porém, uma rotina que não é perdida, mesmo estando distantes, é o "boa noite" diário. Toda noite, Renato liga para Leila por volta das 23h, meia noite às vezes (Aliás, a esse horário, ela já está deitada), trocam carícias verbais típicas de namorados e desejam uma boa noite um para o outro. Isso durou muito tempo.
  Aliás, meu caro leitor, para que não confunda as coisas, eles estudam sim no mesmo colégio, mas foram separados de sala por acaso, mas continuam se vendo antes da aula, no recreio e antes de irem embora. O problema é o namoro em si, afinal, o colégio tem uma regra rígida de namoro no colégio. Porém, como todo adolescente, sempre consegue uma brecha, mas, mesmo assim, o ritmo do nosso casal fora diminuído.
  Voltando para a nossa história, por volta do mês de setembro, as provas dos vestibulares começam, e é agora que a pressão vem sobre os dois. Renato optou pela engenharia mecânica na USP, Leila optou por jornalismo na UnB. Sim, se tudo ocorrer como eles querem, acabam se separando.

  Horas antes da prova dele. Ela acompanha-o até o local da prova e, com um beijo, eles se separam. Leila grita quando ele já está lá dentro. "Estou torcendo por você!". Ele olha para trás, sorri e diz bem baixo "obrigado".
  Ao sair, lá estava ela sentada em um banco na frente do local de prova, toda preocupada com ele. "E então, como foi?". Disse ela caminhando em direção dele. Renato apenas sorri e abraça-a. Leila se sentiu aliviada.
  Certo dia, algumas semanas depois, Leila não atendeu o telefone a noite. Renato pensou que ela estaria dormindo, mas tal ocorrido aconteceu não uma, não duas, mas várias vezes por algumas semanas. Renato não conseguia contato com Leila. Ela não estava indo ao colégio, não atendia o celular e nunca estava em casa. Algo tinha acontecido com ela. Na cabeça de Renato, tudo acontecia, tudo poderia ter acontecido, mas de nada sabia. Restou ele esperar.