sábado, 20 de julho de 2013

65 - Eterno

  Já é de manhã. O sol bate na parede oposta à janela. Renato está sentado no sofá, olhando para a tela preta de sua televisão. Pensativo, depressivo até. Esdras está apenas parado ao seu lado, observando a cidade pela janela.
  "Esdras, posso te fazer uma pergunta um tanto quanto... Estranha, talvez?"
  "É claro. O que quiser saber".
  Renato se ajusta no sofá, ficando de frente para seu amigo. "O que você é afinal? Digo, você sempre disse para mim que era minha mente. Porém, saí da cama com esse pensamento. O que você é realmente?"
  Esdras não se move, continua olhando fixo para a cidade. Alguns minutos passam, e Esdras não tira a sua expressão séria do rosto. Ele nada diz para Renato, que fica o olhando por alguns minutos, esperando uma resposta.
  Nada. Silêncio absoluto da parte dele. Nem sequer a respiração dele é ouvida.
  Renato já vai se levantando, sabendo que não obterá resposta alguma de seu amigo.
  "Só lhe digo uma coisa" diz Esdras. "No momento certo, você terá a resposta". Renato apenas sorriu ao seu lado.

  A vida de Renato seguiu. Por incrível que pareça, a de um jovem normal. Entrou na faculdade. Fez alguns amigos, poucos até, mas que neles tinha a certeza de que neles poderia confiar. Riu muito, chorou muito. Foi feliz e triste como qualquer outra pessoa.
  Alguns anos depois, estamos aqui, em uma igreja. Renato está pronto para se casar, à espera de sua noiva. Feliz como ninguém jamais poderá imaginar.
  Enfim a noiva entra. Olhos castanhos profundos e misteriosos, pele lisa como seda, cabelos castanhos lisos, porém, ondulados no fim. Renato estampa um sorriso em seu rosto. Hoje, ele é o homem mais feliz do mundo. Esdras está ao seu lado, e, enquanto Renato vê a sua noiva se aproximando, ouve Esdras dizendo no seu ouvido. "Você está pronto para saber o que sou, o que sempre fui. Renato, eu sou apenas um anjo". E é com essas palavras que ele caminha em sentido contrário à noiva, passando ao seu lado e com um sorriso no rosto, sussurrando para si mesmo.
  "Renato, sei que será feliz. Acredite, estarei eternamente ao seu lado".

sábado, 13 de julho de 2013

64 - Madrugada

  Os olhos dele encheram-se de lágrimas. A luz forte em sua face refletia nas gotas que rolavam em seu rosto. Suas mãos tremiam, tremiam tanto que mal conseguia segurar o seu celular sobre a face. Era uma noite chuvosa, fria madrugada de julho em São Paulo.
  Nesse momento, imagens dela lhe passava pela cabeça. Todos os momentos em que passaram juntos desde aquela manhã no colégio, quando ele, como sempre, ficou após a aula arrumando seus pertences, sozinho, até lhe veio ela apenas para conversar, conhecê-lo. Aqueles olhos castanhos, profundos e misteriosos, como se escondesse algum segredo. Aqueles cabelos castanhos lisos, porém, que se encaracolavam no fim como uma estrela do cinema. Uma boca que escondia segredos e prazeres jamais revelados, uma boca vermelha por natureza, como se houvesse sangue derramado em seus lábios. Lembra de noites viradas conversando com ela, apenas de calcinha e uma camiseta dele, sentados em sua cama. Tardes inteiras deitados na cama jogando conversa fora. Lembra da praia que ela o levou. Brigas que duravam menos de cinco minutos.
  A cada segundo que se passa, a cada lembrança que lhe vinha a mente, era uma lágrima a mais em sua face. "Eu não acredito. Não consigo acreditar" pensa Renato. "Isso só pode ser um pesadelo. Isso não pode estar acontecendo. Não comigo. Não agora".
  Renato senta-se na cama num pulo. Tremendo ainda. Digita, com dificuldade, no seu celular.
  "Isso só pode ser um pesadelo. Diz para mim que é um pesadelo, uma brincadeira sua. Diz que você ainda me ama e que foi só um trote seu para podermos rir no futuro. Diz, por favor, que isso não está acontecendo, não de verdade".
  Sua boca treme enquanto rega seu lençol com suas lágrimas.
  "Infelizmente é verdade. Queria que não fosse, mas está mesmo acontecendo. Me perdoe, mas a verdade é que a magia acabou. Aconteceu há um tempo, achei que fosse besteira minha, uma fase, que passaria logo. Mas passou-se dois meses e nada, esse sentimento (ou falta dele), de que não te amo mais permaneceu. Espero que um dia possa me perdoar."
  Renato lê. Sua visão está embaçada por conta das lágrimas. Ele só conseguiu responder uma coisa para ela. "Estou chorando aqui".
  "Eu também. Acredite, está sendo mais doloroso para mim do que está sendo para você".
  Ele nada responde. Foca ali, imóvel olhando para a tela brilhosa de seu celular. Triste. Derrotado. Derrotado por si mesmo. Sem palavras, sem ação a não ser chorar.

  A madrugada seguiu, sem nenhuma resposta de Leila. O sono se exilou de seu corpo. Renato ficou até o raiar do sol sentado em sua cama. Imóvel e no silencio, exceto pela sua voz e a de Esdras.
  "No fim, Esdras, você estava certo. Eu devia ter aberto os meus olhos antes. Talvez seria melhor para mim".
  "Lembre-se do que eu te falei" disse Esdras apoiando uma de suas mãos no ombro de Renato. "Eu estarei sempre contigo. Já vivi muito, e posso lhe dizer que é normal passar pelo o que você está passando, afinal, como saberemos o que é felicidade sem conhecermos a tristeza. Faz parte da vida. Eu estou aqui para te proteger. Então, não se preocupe, pois eu sei o que é bom para você".

sábado, 6 de julho de 2013

63 - A mensagem

  Sei que deve ser muito chato para você, para mim também é chato, acredite. O que estou fazendo agora não é fácil, não depois de tudo que vivemos. Você é incrível, o cara mais gentil que eu já conheci, o único cara por quem eu realmente me apaixonei de todo coração. Eu queria te ver todos os dias, estar ao teu lado a todo instante. Mas, de uns dois meses pra cá, não sei o que aconteceu, tudo perdeu o sentido, eu perdi a vontade de te ver. Esperei passar, esperei até dois meses esse sentimento de não querer te ver passar. Porém, não passou.
  Acredite em mim, todas as vezes em que te disse "Eu te amo" foi de verdade. Eu nunca menti para você, ao menos, nunca fora a minha intenção. Espero que possa me perdoar algum dia.
  Renato, eu te conheço. Agora você já deve estar com lágrimas em seus olhos, afinal, qualquer um perceberia como essa mensagem irá terminar, você que é muito inteligente percebeu quando começou a ler. Por tudo que passamos, todos os momentos alegres, eu lhe agradeço. Fico feliz por ter tornado alguém feliz de verdade, nem que seja por algum tempo. E, apesar de tudo, ainda quero terminar ao seu lado como uma amiga. Como você sempre disse e eu sempre concordei, "Toda história de amor, se não tiver amizade envolvida, tende ao fracasso". A nossa acabou, mas a amizade ficou, e espero que dure, afinal, encontrar alguém como você é muito raro. Hoje, o nosso namoro acabou. Por favor, não fique muito triste com isso. É difícil para você, mas é mais difícil para mim. Por favor, não insista, se não eu fico pior.
  Boa noite e espero que me perdoe.

sábado, 29 de junho de 2013

62 - Sozinho


  A noite, por volta das 21h, Renato decide ligar para Leila. Triste, com lágrimas em seu rosto e deitado na cama ele liga para ela. Após algum tempo chamando, ela atende. "Oi amor. Desculpa não ter ido hoje, eu saí com a minha tia para ver uns vestidos e não consegui te avisar".
  Ele apenas fecha os olhos. As palavras dela entram na sua cabeça não como mentiras, nem sequer como verdades, são apenas palavras. "Eu compreendo. Não se preocupe. E então, chegou a comprar algum?"
  "Não, fomos só pesquisar preços e ver se gostamos de algum".
  "E gostaram?"
  "Eu gostei de um azul. Era lindo. Acho que você iria adorar. Ele é aberto atrás, sem manga e tem algum brilho na parte debaixo. Sem contar que ele tem um corpete nele".
  "Você iria ficar linda nele" diz ele sorrindo. Provavelmente imaginando Leila com tal vestido.

  Após alguns minutos de conversa, eles decidem desligar. Desejam cada um para o outro uma boa noite e desligam. Renato solta um suspiro. "Sabe, Esdras, apesar de tudo, eu ainda estou com um mal pressentimento. Mas não sinto vontade de chorar como ontem. Bem, vou tentar dormir um pouco. Amanhã conversamos, tudo bem? Boa noite, Esdras".
  "Boa noite, Renato".

  Na manhã seguinte, Renato acorda cedo, por volta das oito horas da manhã. Meio sonolento ainda, pega o se celular e já manda uma mensagem para Leila. "Bom dia, amor. Quando acordar, me chama".
  O dia passou e nada. Nem sinal dela. Renato viveu o seu dia normalmente. Ele se deitou e, antes de cair no sono, mandou uma última mensagem para ela. "Boa noite querida. Durma bem".
  Mas algo de diferente aconteceu. Renato acordou no meio da madrugada. Eram 3 horas da manhã. Olhou em volta. Estava tudo escuro. Pegou o seu celular para ver as horas. Antes de coloca-lo de lado, o celular apita, sinalizando que uma nova mensagem havia chegado. Era dela. Leila havia mandado uma mensagem as 3 horas da manhã. O coração acelerou, as mãos gélidas tremiam. Sua boca secou.
  Ele abriu a mensagem para lê-la.

sábado, 22 de junho de 2013

61 - Lágrimas

  Mais tarde, naquele mesmo dia, Renato está indo para o shopping de ônibus. Pensando nela... neles... Pensando em o que dizer e o que fazer. Renato, como sempre, está perdido em seus pensamentos.
  Minutos depois, já no shopping, Esdras decide mandar uma mensagem para Leila apenas para avisar de sua chegada. Ele senta e, simplesmente, espera. São duas horas da  tarde quando ele senta e começa a esperar. Ao decorrer do dia, manda mensagens escrito "estou com saudades", "Eu te amo", estou te esperando", "Quando chegar me avise", entre outras. Porém, mesmo recebendo a confirmação de que as mensagens foram recebidas, não houve nenhuma resposta. Renato achou estranho sim, mas lembrou do que Leila lhe havia dito, então procurou se acalmar.
  Algumas horas mais tarde, por volta das 17 horas, ele finalmente desistiu de esperar. Na saída, olhou para o ponto de ônibus à sua esquerda, depois olhou para a direita, avistando o prédio de Leila, cujo ficava a uns cinco minutos andando. Pensou ele em ir lá, porém, algo que Renato jamais sentira antes tomou conta dele. Um medo inexplicável de encontrá-la. Ele apenas cerrou o punho e virou a esquerda.
  Chegando em casa, Renato simplesmente sentou em sua cama e pensou o que poderia ter acontecido? O que poderia estar acontecendo? A boca dele estava ficando seca. As mãos tremiam. O coração batia mais forte, mais rápido a cada instante. E o pensamento de rejeição tomava conta de sua cabeça.
  Num dado instante, num pulo, ele levantou-se gritando "Não pode ser!!! Isso não pode estar acontecendo". Renato, colocando as mãos em sua cabeça e cambaleando começa a chorar. "Não agora. Por que isso está acontecendo justo agora? O que será que eu fiz para merecer isso?"
  Ao seu lado, Esdras apenas o abraça de lado, fazendo jus à sua palavra.
  "Sabe, Esdras, as vezes eu me esqueço que você é apenas uma parte da minha mente que se desprende de mim. Você me protege como um anjo. E a única coisa que eu posso fazer é agradecê-lo".
  Esdras apenas sorri.

sábado, 15 de junho de 2013

60 - Pressentimento

  No dia seguinte, logo de manhã, enquanto Renato se troca para ir ao shopping com a Leila, ele se perde em seus pensamentos, como de costume, fugindo da realidade. Se perde pensando nela, no que farão, no que já viveram juntos... "Você não acha estranho tudo isso?". Perguntou Esdras.
  "O que quer dizer?"
  "O que eu quero dizer, senhor Renato, é que no seu celular apareceu que as suas mensagens foram entregues, também mostrou que as chamadas foram completadas e tocou, por muito tempo, até que caísse na caixa postal. Eu posso não ser um gênio, mas você não acha tudo isso muito estranho? Não passou pela sua cabeça de que a Leila estaria te ignorando?"
  Renato pensou, parado, em cada palavra dita pelo seu amigo. Imóvel, não conseguira acreditar que Leila estaria mentindo para ele. Não poderia ser verdade, não depois de tudo que aconteceu. Depois de tudo que viveram e planejaram. Não poderia estar acontecendo isso. Ele não acreditava. Não queria acreditar.
  Esdras, logo atrás dele, olha-o, torcendo para que o seu próprio palpite esteja errado, para que Renato não sofra. Ele coloca uma das mãos no ombro dele. "Só quero lhe dizer uma coisa. Não importa o que aconteça, eu estarei sempre, sempre ao seu lado".
  Renato levanta a cabeça e olha bem nos olhos de Esdras. "Sabe, Esdras, ao mesmo tempo que eu to feliz por saber que tenho-te ao meu lado... Eu fico triste, pois, falando assim, sinto que algo de ruim está para acontecer. Não sei o que, não sei quando".

sábado, 8 de junho de 2013

59 - É preciso falar contigo

  Quase dois meses depois, em uma das tentativas diárias, porém, sem esperança alguma de ligação para o telefone de Leila, alguém atende. É uma voz feminina e doce, porém, fraca, como se estivesse fazendo muito esforço para conseguir ao menos falar. "Com quem eu falo?" perguntou ele, tentando descobrir a dona da voz fraca e sem vida.
  "Sou eu mesma". O coração dele palpitou; Ele, que estava sentado na cama, se levantou num pulo. Não sabia o que falar no momento, as palavras travaram na sua boca, enquanto ela esperava uma reação dele. "Está tudo bem com você? Por que a sua voz está fraca?"
  Ela parece exitar um pouco. "A minha voz? Não é nada. Deve ser só um resfriado. Vai passar. Eu to bem sim. E você, querido?".
  "Eu estou bem. Mas estou preocupado com você. Não atendeu as minhas ligações e nem respondeu as minhas mensagens? O que aconteceu?"
  "Deve ter sido problema da operadora. Não recebi nenhuma ligação sua nem mensagem. Mas eu confio em você, sei que deve ter ligado todos os dias".
  "Entendo... Eu quero te ver... Preciso te ver. Quer que eu vá na sua ou você quer vir na minha? Ou, se preferir, podemos ir ao shopping, ao parque... Onde preferir. Eu só quero te ver, nada mais".
  Após essa oferta, um silêncio quase que mortal tomou conta tanto do quarto dele, quanto do telefone. Tanto que mal se ouvia as respirações. O suor frio na sua testa escorria, a boca seca incomodava Renato, mas não tanto quanto aquela tenção. "Sim". Uma voz falou ao telefone. Leila aceitara o convite de Renato que ficou muito feliz com a resposta.
  "Tudo bem. Amanhã, 15h no shopping Ibirapuera?". Renato propôs.
  "Por mim, tudo bem. Te encontro lá".
  "Beijos. Te amo".
  "Também te amo, meu amor. Beijos e até amanhã".

sábado, 1 de junho de 2013

58 - Quanto mais passa, mais nervoso fica

  Meses se passaram, e graças aos vestibulares e à rotina de terceiro ano de ambos, Renato e Leila quase que não consegues se encontrar para namorar, por muito, uma vez por semana se os dois conseguirem adiantar seus estudos. Porém, uma rotina que não é perdida, mesmo estando distantes, é o "boa noite" diário. Toda noite, Renato liga para Leila por volta das 23h, meia noite às vezes (Aliás, a esse horário, ela já está deitada), trocam carícias verbais típicas de namorados e desejam uma boa noite um para o outro. Isso durou muito tempo.
  Aliás, meu caro leitor, para que não confunda as coisas, eles estudam sim no mesmo colégio, mas foram separados de sala por acaso, mas continuam se vendo antes da aula, no recreio e antes de irem embora. O problema é o namoro em si, afinal, o colégio tem uma regra rígida de namoro no colégio. Porém, como todo adolescente, sempre consegue uma brecha, mas, mesmo assim, o ritmo do nosso casal fora diminuído.
  Voltando para a nossa história, por volta do mês de setembro, as provas dos vestibulares começam, e é agora que a pressão vem sobre os dois. Renato optou pela engenharia mecânica na USP, Leila optou por jornalismo na UnB. Sim, se tudo ocorrer como eles querem, acabam se separando.

  Horas antes da prova dele. Ela acompanha-o até o local da prova e, com um beijo, eles se separam. Leila grita quando ele já está lá dentro. "Estou torcendo por você!". Ele olha para trás, sorri e diz bem baixo "obrigado".
  Ao sair, lá estava ela sentada em um banco na frente do local de prova, toda preocupada com ele. "E então, como foi?". Disse ela caminhando em direção dele. Renato apenas sorri e abraça-a. Leila se sentiu aliviada.
  Certo dia, algumas semanas depois, Leila não atendeu o telefone a noite. Renato pensou que ela estaria dormindo, mas tal ocorrido aconteceu não uma, não duas, mas várias vezes por algumas semanas. Renato não conseguia contato com Leila. Ela não estava indo ao colégio, não atendia o celular e nunca estava em casa. Algo tinha acontecido com ela. Na cabeça de Renato, tudo acontecia, tudo poderia ter acontecido, mas de nada sabia. Restou ele esperar.

sábado, 25 de maio de 2013

57 - Pensando no futuro

  Já em São Paulo, cada um vai para as suas respectivas residências a sós e, como sempre, um pensando um no outro. "Sabe, Esdras, eu acho que eu vou me casar com ela".

  "Você tem certeza? Não acha que são muito novos para..."
  Renato ri. "Não não. Eu digo no futuro. Não agora. Este ano eu só devo me preocupar com o vestibular. Eu digo que eu planejo me casar com ela, mas só quando eu tiver um emprego fixo. A questão é... Qual curso? Tem alguma ideia? Afinal, você me conhece como ninguém".
  Esdras se mantém calado por um tempo. Sentado, pensa nas qualidades, desejos e habilidades de Renato. "Bem, eu tenho algumas opções que acho que você se daria bem. Pode tentar arquitetura, artes plásticas, design ou, já que você tem uma incrível facilidade com a matemática e a física, alguma engenharia".
  "Esse é o problema, tem tantas opções e eu só posso entrar em um curso só". Ele se joga na cama com um olhar fixo para o teto e solta um suspiro. "Não sei o que fazer. Tento a sorte, talvez?"
  Esdras se levanta da cadeira do canto do quarto onde costuma ficar e caminha em direção ao Renato. "Olha, nada que é baseado na sorte dá certo. Entenda uma coisa: Só você pode escolher. Você tem que sentir o que você quer da vida. Não adianta os outros escolherem o seu destino, pois só você poderá traçá-lo. Pense nisso". Renato olhou bem nos olhos de Esdras.
  "Você tem razão. É uma escolha que só eu poderei fazer. E se eu escolher errado, volto e escolho de novo, afinal, ainda serei novo para poder fazer isso. Eu estarei com 18, 19 anos. Muito a viver ainda. Mas eu acho que sei para que lado eu vou..."

  Leila, como de costume, pensa em seu amor. Ela fala sozinha, fala consigo mesma enquanto tira a roupa. "Já posso até imaginar. Um tapete vermelho levando até o altar, Renato lindo como sempre de terno. Pétalas de rosas no chão, muitas flores na decoração. Vai ser perfeito. Só resta esperar pelo pedido de casamento. Vai ser tudo perfeito".

sábado, 18 de maio de 2013

56 - Alvorada

  O natal se passou, junto com o ano novo que veio em seguida. Renato, Leila e sua família estão em uma viagem de férias pela cidade de Santos, cidade praiana de São Paulo. Eles ficaram hospedados em um hotel à cinco minutos da praia. Estão lá desde o dia 29 de dezembro do ano passado, e ficarão por lá até o dia 25 de janeiro desde ano. Hoje, para que você, meu caro leitor, para que não fique perdido por entre as datas, é dia 7 de janeiro.
  Renato e Leila estão passeando pela praia sozinhos de mãos dadas. Ele apenas com um calção e ela um simples biquíni. Renato meio sério, pensativo como sempre. Ela está distraída, aproveitando a areia entre os dedos e aproveitando a paisagem. "Sabe, Renato, eu estou muito feliz que esteja aqui comigo. Eu me sentiria muito solitária aqui sem você". Ele olha nos olhos dela, sorri, e diz "Eu é que estaria solitário sem você". Então eles se beijam.
  E lá eles conheceram quase toda a cidade. Andavam por lá de dia e de noite, com total liberdade. Andavam a noite pela praia, aproveitando as luzes da noite. Andavam de dia conhecendo cada canto que Santos podia lhes oferecer.

  Duas semanas depois, enquanto eles andavam pela praia a noite, Leila decide ligar para o seu pai. "Oi pai!... Eu to bem sim... Posso te perguntar uma coisa?... Então, eu queria saber se eu podia passar a noite fora. Sabe, não voltar para o hotel por enquanto... Não, a cidade é segura sim e eu ainda estarei com o Renato... Tá certo... Tudo bem pai... Beijos... Também te amo". Ela desliga o celular e dá a notícia para o Renato. "Ele deixou!". Ela diz sorrindo e o abraça forte.
  Eles ficam sentados na areia, admirando as estrelas e conversando. E, por que não, se beijando fervorosamente? Por fim, os dois acabaram adormecendo ali mesmo na praia.
  Algumas horas depois, Renato acorda e olha o horizonte. Percebe logo que o sol ainda não apareceu, mas está prestes. "Ei, Leila. Acorde. Você tem que ver isso". Diz ele balançando-a de leve. Ela acorda e pergunta meio sonolenta ainda "O que foi?".
  "Olhe". Diz ele apontando para o horizonte. Ela apenas se surpreende com a beleza do nascer do sol.
  "Eu só quero que esse momento dure para sempre". Diz ela olhando para ele.

sábado, 11 de maio de 2013

55 - O perdão

  "Vamos, Renato, vamos ficar lá junto dos outros" disse Leila abraçada à ele. Os dois foram para a sala, ela senta no sofá, ele senta-se no braço do sofá ao lado dela. Estão todos lá. Avós, primos, tios, mãe... Espera, parece que o pai de Leila não está lá. Estaria ele fugindo do Renato?Estaria ele evitando olhar para o namorado da própria filha? Vergonha? Medo? Não se sabe.
  As crianças esperançosas se alegram enquanto rasgam os pacotes coloridos. Os mais velhos abrem sorrisos apenas ao verem a alegria das crianças. Alguns diriam que essa é a magia do natal, outros, que é a alegria que o consumismo passa à sociedade capitalista. Em todo caso, há felicidade naquela sala e é isso que importa.
  Próximo da 1 hora da manhã, as crianças já sonolentas começam a ir para casa junto de seus respectivos pais. É agora que chega Fábio. Sua cara está inchada, mas ninguém repara se não Renato que, aliás, está do outro lado da sala.
  Sem falar com ninguém, Fábio cruza a sala e vai em direção ao Renato. "Me perdoa. Eu agi errado com você. Espero que possa me perdoar". Renato permanece calado apenas olhando para o rosto do pai de Leila. "Eu entendo..."
  "Eu te perdoo sim". Fábio fica surpreso, mas sorri logo em seguida. Ele agradece e se retira da sala em direção ao seu quarto. Cristina vai logo atrás dele se despedindo dos familiares ainda presentes.
  Renato fica olhando o chão sorrindo. Leila olha sem entender. "Eu acho que a minha sorte está começando a mudar".

sábado, 4 de maio de 2013

54 - A sua força está no seu coração

  Leila olha de longe o seu amado sob a chuva, pensado sobre sabe-se lá o que. "Renato!" ela gritou. Ele pareceu não escutar. "Renato!" Ela gritou novamente, mas ele virou o rosto entristecido e surpreso para ela. "Venha aqui. Sai dessa chuva. Eu quero conversar com você. Por favor, isso não faz bem para você".
  Ele larga a bola na quadra e, a passos lentos, vai em direção à ela. Ele está encharcado. Cabelo, roupas, ele está completamente molhado. Ela, sem sequer se preocupar com isso, o abraça forte passando os braços pela cintura. Ele apenas respira fundo olhando para o vazio. Continua ele pensativo. "Olha para mim" disse ela. "Olhe bem nos meus olhos". Ele o faz. "Você vai subir comigo, tirar essas roupas molhadas, tomar um banho, se não você vai ficar resfriado e poderá escolher entre ficar comigo na sala ou no meu quarto. Não quero que você fique na chuva, muito menos sozinha. Eu sou a sua namorada, estou aqui para suportar e te ajudar em qualquer dor que você possa vir a ter".
  "Mas... e o seu pai? Ele...". Ela o interrompe.
  "Ele é um idiota. Ele é um típico 'riquinho' esnobe que faz caridade por pena e para aparecer. Por isso ele foi tão legal com você no dia que você o conheceu. Acho que foi um choque para ele também vê-lo lá em casa. Eu errei em não comunicar, mas ele errou em te tratar daquela forma". Renato apenas ouve tudo calado e pensativo. "Faz o seguinte: Esquece. Você é melhor do que ele. Se você não o encarar, você terá perdido. Mostre a ele que você é mais forte e encare tudo de cabeça erguida. Você forte. Por isso eu te amo, por que eu vejo em você coragem e força para encarar qualquer dificuldade que possa vir". Ela o beija e o puxa pelo braço em direção ao elevador.
  Já no apartamento, todos ainda chocados com a cena que acabaram de presenciar, chegam Leila e Renato. Ele molhado. Ela com a postura de uma guerreira pronta a enfrentar o inimigo. Eles passam pelo corredor, ela pega algumas roupas dele que estavam no quarto dela, entrega a ele no banheiro e espera sentada sobre a sua cama com a porta do quarto fechada.
  No chuveiro, Renato reflete tudo o que passou. Cada palavra dita pelo Fábio. Cada palavra dita pela Leila. Ele sussurra para si mesmo olhando para o chão molhado "É por isso que eu te amo".
  Poucos minutos depois, ele sai seco com a roupa que a Leila o entregou. Ele apenas abraçou-a e disse, com uma voz rouca como a de alguém que chorara por muito tempo. "Obrigado por tudo". Ele beija rosto dela e, apertando pouco mais forte no abraço, ele diz com a mesma voz "Eu te amo muito".

sábado, 27 de abril de 2013

53 - Eu só queria ser um garoto normal

  Leila fica frente a frente com seu pai. Ela, com cara chorosa, olha com um olhar de raiva para o pai. Ele fica imóvel, afinal, ele chamou Renato em particular exatamente para que ela não soubesse sobre a conversa. "Não acredito que você fez isso com ele. Pai, a auto-estima dele já estava baixa, e você ainda faz isso? Sério, pai, muito infantil da sua parte". Sem reação alguma do pai, Leila vira as costas para ele e sai do apartamento chorando.
  "Meu pai é um idiota egoísta, mesquinho, imbecil, preconceituoso...". Leila sussurra para si mesma, chorando de cabeça baixa enquanto desce no elevador. A dois andares do térreo, ela enxuga as lágrimas no braço, respira fundo e levanta a cabeça.
  À esquerda do elevador está a portaria, à direita, há uma quadra poliesportiva.
   A chuva cai levemente, o som das gotas são doces calmantes, o cheiro da chuva é revigorante, porém, o momento amargo naquele local torna tudo tão frio e deprimente.
  De repente, Leila escuta o som de uma bola batendo sobre a água. "Quem estaria jogando bola nessa chuva?". Ela vai dar uma olhada e vê o seu amado, todo encharcado, jogando basquete, apenas arremessando uma bola velha que ele achou no canto da quadra.
  "Sabe, Esdras, eu nunca me importei com a opinião dos outros, mas... Sei lá... O que o pai dela falou penetrou fundo em mim. Acho que foi a única vez que eu realmente fiquei triste com o que disseram para mim".
  "Eu acho que você não pertence ao mundo dela. Aquele tipo de gente é muito esnobe para alguém do seu tipo". Esdras está ao lado com um guarda-chuva apenas sobre ele. "Você fez certo, saiu antes que algo pior acontecesse".
  Renato segura a bola, olha para ela pensando profundamente. "Acho que você está certo. Eu não pertenço a esse mundo. O meu mundo é solitário, apenas eu, Deus, a Leila, e você. Sem mais nem menos". Ele suspira fundo. "Eu só queria ser um garoto normal..."
  Leila está escorada na parede olhando, sem ação, Renato pensando com a bola na mão.

sábado, 20 de abril de 2013

52 - (in)feliz natal

  No quarto dela, Rodolfo e Júlia (nome dos primos) estão brincando sobre a cama de Leila. Ela chega e se junta a eles na brincadeira. Renato apenas aproveita observando, sentado na cama, os três brincarem. Ele sorri ao ver a inocência e energia das crianças.
  Após algumas horas, e alguns familiares a mais presentes, a enorme mesa posta e o cheiro da comida exalando no apartamento todo, Cristina grita o nome da filha, chamando-a para comer. "Vamos, Renato, a minha mãe está chamando" Ela vai logo atrás dos primos dela, apenas Renato, de cabeça meio baixa e pensativo, vai atrás dela.
  À mesa, todos organizadamente sentados, ainda não começam a comer, apenas esperando a oração que a mãe de Leila fará agradecendo a família, a união e o alimento. Renato ora junto, mas continua pensativo. O que estaria passando na cabeça dele? Seria aquela mesma cena dos pais dela olhando torto para ele com um sorriso amarelo? Isso continua martelando em sua cabeça. Enquanto isso, Leila vira-se para sua mãe. "Por acaso o Renato poderia dormir aqui hoje? Afinal, vai ficar muito tarde para ele voltar para casa, e não há ninguém na casa dele".
   Cristina olha pensativa, e diz que irá perguntar ao pai dela. "Tudo bem" disse a filha. Logo em seguida, Leila diz ao Renato sobre a proposta que fez à mãe.
  "Não sei, amor... Eu acho que os seus pais não gostaram de mim".
  "Por que diz isso?"
  "Desde o momento que eu cheguei, os seus pais olharam tortos para mim com um sorriso amarelo, o seu pai nem sequer esticou a mão para me cumprimentar, sem contar que eles ficam sussurrando entre si toda ora olhando para mim. Sei lá, acho que não foi uma surpresa muito agradável a minha presença".
  Ela apenas olha. Pode ser coisa da cabeça dele, pode não ser.
  Alguns minutos depois, após a ceia de natal, todos se juntaram na sala para a cerimônia de troca de presentes. Leila se levanta e vai falar com a mãe que a tinha chamado. "Filha, olha, eu e seu pai conversamos e, se é o que você quer, tudo bem de ele dormir aqui. Deixamos até ficar na sua cama, desde que não façam nada. Estaremos de olho". Leila abre um sorriso de orelha a orelha, um sorriso maravilhoso.
  Ela pula nos braços da mãe em um abraço apertado de agradecimento. "Obrigada mãe! Muito obrigada! Estou super feliz! Obrigada mesmo, mãe!".
  Ela sai da cozinha e vai à sala a procura de Renato. "Espera só até eu contar para ele! E pensar que ele achava que os meus pais não tinham gostado dele! Ele vai ficar surpreso".
  Na porta do quarto da Leila, Renato fora chamado pelo Fábio para uma conversa em particular.
  "Como a Leila já deve ter te contado, você foi convidado por ela para dormir aqui, mas precisa da nossa permissão. Nós deixamos. Mas olha aqui, garoto, não é por que nós sentimos pena de você e nem nada, mas por causa da felicidade da nossa filha. Eu dou liberdade para vocês, mas é só para vê-la feliz, não tem nada a ver com você".
  Renato ouviu tudo calado com a expressão séria. Sem sorrir, sem chorar, sem demonstrar emoção alguma, apenas escutando as amargas palavras de um homem mau por natureza. Ao fundo estava Leila, apenas vendo sem ser vista a conversa dos dois. Espantada, chocada com o que via. Não escutou, mas imaginou o que estava sendo dito. Renato apenas disse "Sei quando não sou bem-vindo", se virou e foi, passando pelas pessoas como se fossem árvores, apenas desviando, partindo. "Renato, espera" disse Leila, mas sem ser ouvida. Ele continuou andando como se nada tivera acontecido depois da tal conversa. Abriu a porta e desceu. Leila ficou imóvel frente à porta fechada. Espantada com o que vira. Uma lágrima escorreu de seu rosto, os lábios são mordidos, a dor que sentira agora está completamente exposto em seu rosto.

sábado, 13 de abril de 2013

51 - Coloquem mais um prato na mesa

  Mais tarde, próximo ao apartamento de Leila e sua família, o nosso casal chega todo arrumado. Ele vestindo uma camisa branca, calça social e All Star pretos. Ela, usando uma saia meio longa azul e uma blusa de manga curta beje. Lindos os dois. Na portaria, esperando o elevador chegar, ela arruma a gola dele. "Tem certeza que não tem problema? Sei lá, não acho que vai dar muito certo".
  "Chega de tolice, Re, meus pais te amam, acharam você uma gracinha. Por que teria algum problema? Você só está nervoso. Procure relaxar um pouco, tudo bem?".
  "Como quiser. Vamos, o elevador chegou". Eles entraram, ela apertou o botão do 12° andar e o abraçou.
  Renato fecha os olhos, esperando pelo pior desta noite. Ele respira fundo. Claramente tenso, não dá para esconder. Leila percebe, o olha, puxa-o pelo pescoço e o beija. "Não se preocupe, eu estarei contigo". De certa forma, isso o acalmou um pouco. O elevador chega, o coração palpita mais intensamente, o suor frio escorre pelas suas mãos, mãos seguradas pela Leila. Ela pega a chave da casa, abre a porta e, antes mesmo de entrar, toca a campainha, avisando a todos lá dentro de sua chegada. "Oi família!!!! Trouxe um presentinho aqui comigo, espero que não tenha nenhum problema".
  Os pais dela estão na sala, sentados juntos a dois homens e três mulheres. Arriscaria dizer que são duas tias, um tio, um avô e uma avó. Os pais, a princípio, sorriem. Mas, ao ver Renato, vem aquele sorriso amarelo. O casal se olha, e se faz de amigável, mas são péssimos atores. Está claro que a surpresa que a filha deles fez nesta noite não fora muito agradável para eles, mas eles parecem tentar disfarçar isso.
  A enorme árvore no canto da sacada está belamente enfeitada e iluminada, típica de uma noite de natal. E presentes e mais presentes sob ela. Caixas de todas as formas, de todos os tamanhos, de todas as cores. Pela quantidade, deve vir mais gente e algumas crianças também.
  Enquanto Renato está imóvel e tímido na frente da porta, Leila cumprimenta todos os seus parentes lá presentes. Conversa vai conversa vem, ela vai em direção ao Renato, puxa-o pelo braço e o apresenta para todos. "Gente, esse é o meu belo príncipe encantado. Renato. Ele estuda comigo". Ele, timidamente, acena para todos. Leila sussurra no ouvido dele apontando discretamente para cada parente. "Aquela ali é a minha tia Rute, meu tio John, minha outra tia Laura, meu avo Bernardo e a minha avó Nina. Elas acharam você um cara bonito. A primeira vista, gostaram de você. Procure relaxar, tudo bem?". Ele apenas faz um movimento afirmativo com a cabeça.
  Na cozinha, Fábio e Cristina estão conversando.
  "O que fazemos?" disse ele. "Ela nos pegou de surpresa! Não quero magoá-lo, mas acho que não foi uma boa ideia dela".
  "Sei o que está pensando. Mas não podemos fazer isso com ele. Vamos fingir que foi uma visita agradável. Aí ele sai feliz e pronto". Ele concordou e voltaram para a sala.
  Leila puxa Renato até os quartos para que ele conheça os primos dela. Apenas dois chegaram, mas virão mais. Renato continua sem graça, principalmente depois de ter reparado o olhar torto que recebeu dos pais de Leila. Aquela imagem não lhe saía da cabeça. Os dois se olhando, provavelmente pensando "o que esse garoto está fazendo aqui?", ou coisa pior. 

sábado, 6 de abril de 2013

50 - Com horário marcado

  É chegado o natal, a véspera de natal. dia 24 de dezembro, Leila está na casa de Renato logo de manhã, decidiram passar o dia assim, juntos.

  A tarde, enquanto almoçam, ela teve uma ideia. "Amor, estive pensando, você vai passar o natal sozinho, certo? Digo, o seu tio não virá?
  "Esse ano não. Complicações no trabalho. Ele vai passar o feriado lá na Alemanha. Não me importo, não será a primeira vez, infelizmente, acho que não será a última também. Estar hoje com você já é ótimo. Por que?"

  "Eu estava pensando agora... Não quer passar lá em casa? Você já vai viajar, poderia passar a noite lá. Acho que não terá problema nenhum. Eu durmo as vezes aqui contigo, não há porque os meus pais recusarem".
  "Nisso você tem razão, mas... sei lá... É uma festa com a sua família, eu serei meio que um intruso. Não?"
  "Você se preocupa demais" ela pega uma garfada de arroz com frango e leva até a boca dele. "Vamos para casa lá pelas 17h, tudo bem?"
  "A casa é sua, serei apenas um mero convidado. O lado bom disso que poderei conhecer toda a sua família". Ele ainda dá um sorriso. No final do almoço, depois de lavarem a louça suja e arrumarem a mesa, foram dormir juntos na cama. É, meus caros leitores, está realmente tudo perfeito na vida dos dois.
  No fim da tarde, faltando pouco mais de dez minutos para as 17h, Renato acorda com a Leila sobre o peito. No momento, não lhe veio à cabeça o compromisso, ele estava muito bem ali deitado com a sua amada. Fechou os olhos por um instante, e foi aí que lhe veio à mente. Ele tenta se levantar sem acordar Leila, mas é impossível, afinal, ela está sobre o peito dele. "Querida, levanta, são dez para as cinco. Não temos que ir?"
  Ela, meio sonolenta, ainda não distingue bem as palavras. "Eu quero ficar aqui contigo, deitado sobre o seu peito nu. Está perfeito".
  "Eu também queria, mas você não marcou com o seus pais? Eu não quero colocá-la em encrenca. Vamos. Ainda temos que tomar banho. Pode ir primeiro, eu vou arrumando as coisas aqui".
  "Seu chato" Ela diz com a cara emburrada, mas rindo. O beija e levanta. "Vê se não fica espionando" diz ela de dentro do banheiro, seguido de uma risada. Renato está de costas para a porta do banheiro, cuja está aberta, arrumando a cama. De repente, vem-lhe sobre a cabeça um sutiã. Ele não se vira, apenas para e olha para a parede. Vem um short nas costas e ele ri. No ombro lhe vem uma calcinha, ele apenas olha de canto de olho e ri, nada mais. Pega toda a roupa jogada e arruma, deixando sobre uma cadeira no canto do quarto. "Vou revidar. Imagina essa minha calça na sua cabeça!". Leila apenas ri enquanto toma banho.
  Alguns minutos depois, Leila sai com uma toalha sobre o corpo e outra enxugando o seu cabelo. Renato estava terminando de separar as roupas. "Divirta-se" disse ela, enquanto passava por trás dele, passando a mão nas costas do jovem. Ele apenas disse "Difícil. Mas, por você, vou tentar" e deu uma piscadinha.
  Ele começa a tirar o cinto, quando Leila, apenas de calcinha o abraça por trás colocando as mãos sobre o peito dele. "Imagina só a gente em um futuro não muito distante... casados... vai ser lindo. Você sabe que eu sonho com esse dia quase todos os dias, não sabe?"
  "Quase todos?"
  "É claro, as vezes eu penso no casamento, as vezes no pedido também".
  "Você sonha alto. Mas, sinceramente, eu já planejei isso. E não, não vou te dizer". Ele solta uma risada. Ela também ri, mas dá uma mordida de leve no ombro dele. Leila o abraça mais forte. "Eu te amo, meu príncipe"
  "Eu também te amo, minha princesa". Os dois estão sorrindo. "Agora eu vou tomar banho, se não vamos nos atrasar mais do que já estamos". Ele solta a calça e apenas se ouve o estalo do metal da fivela no chão.
  Leila dá um apertão na bunda de Renato e diz "Bobo".

sábado, 30 de março de 2013

49 - Diariamente

  No dia seguinte, ambos acordaram com sorrisos nos rostos. Não era por menos, afinal, cada um sonhou com o outro na última noite.
  Sábado, sem aula, Renato sem planos, Leila pensando em sair com as amigas. Um sábado comum para os dois. Ele, logo após levantar-se da cama, foi direto para a sua mesinha desenhar, continuar uma criação própria. Ele se sente para continuar um desenho de uma mulher com as costas nuas e olhando para o céu a sua frente.
  O fim de semana passou e os dois não paravam de pensar um no outro. Todas as manhãs, todas as tardes e todas as noites um ligava para o outro dizendo que estava com saudades, dizia o quanto um amava o outro, o quando um precisava do outro. Diziam o que estavam fazendo, o que queriam estar fazendo.
  E meses se passaram. Meses de muito amor, muito romance. Arrisco dizer, meus caros leitores, que era um verdadeiro conto de fadas, onde um foi feito para o outro, um não vê defeito no outro. O "casal perfeito". O amor deles estava em outro nível, um nível quase que sobrenatural. Para vocês terem ideia, eles sonhavam, passavam o dia pensando no casamento deles. Eles, desde já fazendo planos para o futuro deles.

  E passa o ano todo assim.
  Em dezembro, a família de Leila planejava fazer uma viagem para o exterior logo após o natal. E, já que Leila não conseguiria ficar muito tempo longe do seu amor, conseguiu convencer os pais dela a levá-lo. Pelo visto ele já faz parte da família. Renato, ao saber da notícia por ela fica super feliz e já começa a se preparar semanas antes.
  Tudo estava finalmente perfeito na vida dele, nada poderia estragar. Chegamos, finalmente, ao tão esperado "final feliz"? Bem, o final ainda não chegou, então só nos resta esperar.

sábado, 23 de março de 2013

48 - Sakura

  Deitado sem camisa na cama, Renato está no escuro do seu quarto pensando em Leila, desejando estar junto dela, imaginando o que ela devia estar fazendo, o que ela devia estar pensando. "Talvez se eu dormir um pouco, encontre ela nos meus sonhos de novo" pensou ele pouco antes de adormecer.

  Em um lugar longe de tudo, longe de todos, Renato caminha em direção a uma grande árvore, uma árvore solitária no meio do campo. Ela está bem florida, há algumas pétalas na grama. Graças às flores, a árvore não possui uma coloração verde comum, mas sim um rosa, um rosa bem claro. Ele decide se sentar e apenas sentir a brisa tocar-lhe o rosto. Ele fecha os olhos por um instante. Nada vem em sua mente. Poucos segundos depois, ele sente algo se apoiar em suas pernas, mas ele não se importa, continua com os olhos fechados apenas sentindo a doce brisa.
  Logo ele abriu os olhos, apenas para verificar o que (ou quem) estava em sua perna. Era ela, Leila, sua amada. Ele apenas sorriu e apoiou sua mão nela, acariciando sua cabeça. Leila sorri e se ajeita no colo do seu amado. Ela o olha, os olhares se cruzam... As luzes do céu tornam o momento mágico, o sereno na grama reflete o luar, a árvore dança ao ritmo do vento, tudo para um momento perfeito. E foi.
  E assim foi até o fim.

  Ela, de um lado da cidade, debaixo do lençol, abraça o travesseiro como se fosse seu amor. Do outro, ele, sem abrir os olhos e nem tirar o braço de cima da cara, sorri. Ambos felizes com o que sonhavam, com o que viveram dormindo.

sábado, 16 de março de 2013

47 - Em outro lugar em São Paulo

  Leila olha o céu pela janela, o mundo para ela não existe, está apenas ela e seus pensamentos (cujos estão em Renato). Fábio, pai de Leila, percebe que ela está com a cabeça nas nuvens e decide puxar conversa, mas sem sucesso, afinal, ela está distraída demais. Os pensamentos e a atenção dela estão todos nele, naquele garoto, no Renato. "O que será que ele está fazendo agora? Estaria pensando em mim? Será que ele gostou do meu beijo? Talvez ele esteja indo dormir. E ficar pensando em como deve ser ele sem camisa... Deve ser muito lindo dormindo..."
  "Então, Leila" Disso Fábio, mexendo no braço dela. "Como você o conheceu?". Ela dá um salto. Por estar viajando pensando no seu amado, Leila se assustou ao ser tocada no braço pelo seu pai.

  "Ãnh? O Renato? Ele estuda no mesmo colégio que eu já faz uns... 3 anos. Eu acho. Não tenho certeza. Só que ele sempre foi um garoto mais... reservado".
  "Eu reparei isso. Ele não é muito de falar".
  "Hoje ele até está melhor. Eu, sinceramente, não sabia como que era a voz dele até uns 3, 4 meses atrás".
  Poucos minutos se passaram até que eles chegassem em casa. Leila subiu direto para o quarto. Fábio ficou  na sala mesmo, junto de sua esposa, Cristina. "Você sabia que a nossa menina está com um rapaz?"
  "Suspeitei. Afinal, ela andou muito distraídas esses dias. Você o viu?"

  "Eu o conheci. Muito educado, mas parece que ele é órfão. Perdeu os pais quando era criança ainda. Desde então o tio cuida dele. Eu falei que, se ele precisar, pode contar conosco. Afinal, a nossa filha gosta dele".
  "Verdade".

  Enquanto Fábio e Cristina conversam na sala, no andar de cima, onde ficam os quartos, está Leila, deitada de barriga pra baixo apenas de calcinha lendo uma carta que ela encontrou na sua bolsa. Não tinha nome, mas ela sabia muito bem quem tivera escrito aquela carta. O sorriso estava presente no seu rosto. A cada palavra que lia, mais ela sorria, mais alegre, mais apaixonada. E quando chegou no fim daquela carta, ela derramou uma lágrima de seu olho e sorriu ainda mais. Deitou-se de costas pra cama e segurou com força com as suas mãos o bilhete sobre seu peito. "Como eu te amo" pensava ela, beijando o papel como se fosse o próprio que o escreveu.
  "Talvez eu devesse terminar de me trocar para dormir". Ela se levantou num pulo e apenas pegou uma camiseta rosa de pijama e se deitou, imaginando o que o seu amado estivera pensando, sonhando. "Talvez eu o encontre no meu sonho novamente". Riu e, abraçando um segundo travesseiro, se deitou de lado.

sábado, 9 de março de 2013

46 - O destino faz cada coisa...

  Renato entra em casa como se fosse o homem mais feliz do mundo. Ele entra, fecha a porta e se joga no sofá com um sorriso enorme, aquele que vai de orelha a orelha. "Você realmente está feliz, não é mesmo?" Perguntou Esdras com os braços cruzados e rindo levemente do garoto.
  "Me sinto o cara mais feliz do mundo! Estou amando! Sou amado! Tudo está dando, finalmente, certo na minha vida". Ele se sente nas nuvens, realmente. Nem sequer abre os olhos.

  "Já parou para pensar que, tudo começou a dar certo para você, depois que você correu atrás do que queria?".
  Renato, ainda com o sorriso no rosto, se levantou bruscamente, olhando para o chão. "O que você quer dizer?"
  "Pare para pensar" Esdras senta-se logo a frente de Renato. "Antes, você era só um órfão sozinho. Inteligente, mas sozinho. Até o dia que você deu um passo... Conversou com uma garota. Chamou-a para a sua casa e, o mais estranho de tudo, conseguiu que ela dormisse aqui. Tudo isso no mesmo dia. Depois, conheceu mais garotas, começou a sorrir mais, a desenhar mais, a tocar mais guitarra. Chegou até a compor. Renato, você deu um passo inicial, agora... Olha só para você. É um adolescente aparentemente normal. Tem seus Hobbies, seus talentos, namora uma garota linda".
  "Você tem razão... Minha vida está quase perfeita agora. Mas... onde você quer chegar com tudo isso?"
  Esdras se levanta junto ao Renato, apoa sua mão no ombro dele e respira fundo. "Se você decidisse começar antes. Digo, se escolhesse falar com ela alguns anos antes, não acha que vocês estariam juntos a mais tempo? Você poderia ter essa vida perfeita a mais tempo".
  Renato fica mudo, apenas refletindo tudo. Ele leva, lentamente, uma de suas mãos à boca, lembrando do beijo dela, o doce beijo dela. 'Eu poderia ter isso há mais tempo' pensou ele. Ele esfrega o polegar nos outros dedos da mão, lembrando do leve toque da mão dela. "Ou... talvez... seja melhor assim". Esdras apenas olha curioso. "Se eu tivesse conversado antes com ela, talvez eu não tivesse tudo isso antes, apenas seria uma amiga minha, e eu, mais um amigo para ela brincar. E, no futuro, que no caso seria hoje, poderíamos chegar até onde chegamos. Ou , quem sabe também, esse paraíso que estou vivendo nem chegasse a existir. Afinal, se aconteceu hoje, é por que o destino preparou isso para nós. Deus nos fez esperar tanto para que esse momento seja perfeito. Eles fazem cada coisa..."
  Renato sorri, levanta e vai dormir, deixando a calça sobre uma cadeira. Esdras nada diz, nada faz.

sábado, 2 de março de 2013

45 - Sob um belo luar

  Por fim, Renato se abriu. Finalmente ele tira um peso de seus ombros.
  No restaurante, o casal conversa de tudo. Ela, corada, porém, muito feliz. Feliz por estar com a pessoa que ela ama. Feliz por estar com quem faz o seu coração palpitar apenas ao vê-lo. Enfim, feliz. Felizes.
  Ambos conversam sobre seus passados, mas de um jeito diferente, de um jeito voltado aos seus sentimentos. É, caros leitores, não era só o Renato que estava apaixonado pela Leila há tempos, ela também o desejava. Desejava-o desde o dia em que se conheceram, mas a vergonha dela o impedia de dizer o que sentia. Isso até hoje, é claro. Foi um peso enorme retirado do ombro dos dois).
  O tempo passou voando. Eles comeram, riram, conversaram sobre tudo. Até que...
  "Leila!". Ouve-se uma voz gritando de um carro. Era o pai dela. "Vamos indo! Está tarde já". Ela se levanta, ele também, mas um pouco desajeitado, como de costume.
  "Te vejo amanhã?"
  "É claro!" Ela deixa escapar um riso tímido. Que sorriso lindo é aquele. Ela se estica e dá um beijo no rosto dele e vai. Entra no carro e, antes de sair, o pai dirige a palavra ao Renato. "Ei! Garoto! Você quer carona? Já é tarde. É muito perigoso você andar sozinho São Paulo a fora. Pode entrar, eu te dou uma carona".
  Renato, imóvel e sem nem ao menos conseguir esboçar uma reação, acaba aceitando, mas, para variar, sem graça.
  Já dentro do carro, Renato agradece a gentileza do pai e diz o endereço de onde mora.
  Cinco minutos se passaram. Cinco minutos com um silêncio aterrorizante. Mas, para renato, aqueles poucos minutos pareciam horas e horas e horas... Mas o pai dela se arrisca a começar uma conversa. "Então... Renato o seu nome... Estou certo?".
  "Sim sim. Perdão, mas eu não sei o seu nome".
  "Fábio. Meu nome é Fábio. Prazer em conhecê-lo. Você é daqui mesmo?".
  "Sou daqui sim. Nunca saí daqui, com exceção de uns dois natais que eu passei lá em Águas de Lindoia. Conhece?"
  "Só de nome mesmo. Mas... O que os seus pais fazem? Digo... Eles trabalham com o que?"
  "Meus pais faleceram quando eu tinha poucos anos de vida. Desde então, o meu tio cuida de mim. Porém, há pouco tempo, eu moro sozinho, ele apenas me banca".
  Fábio fica sem graça e envergonhado. "S-sinto muito pelos seus pais...".
  "Não se preocupe... Já que eu não cheguei a conhece-los muito bem, não me preocupo muito quando falam deles".
  "Mas... E o seu tio... Ele..."
  "Ele é militar. Ganha o bastante para me manter e mante-lo com tranquilidade".
  "Entendo... Bem, parece que chegamos. Qualquer coisa, se precisar de alguma coisa, pode ligar para mim, digo, para a Leila. Não tem problema".
  "Obrigado. Obrigado também pela carona e desculpa o 'desvio de rota' que fiz você tomar".
  "Problema nenhuma. Boa noite. A gente se vê".
  A Leila, que se manteve quieta a viajem toda, se despede de Renato mandando-lhe um beijo e uma piscadinha.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

44 - Inacreditável

  Desta vez, é Renato que fica imóvel sem acreditar no que vê, no que acaba de acontecer. Os olhos de espanto dele não tem rumo, até parece um zumbi. "Viu? Não foi tão difícil quanto você imaginava" disse Esdras se aproximando dele. "Se você não tivesse falado, você jamais saberia o que ela sentia e, muito menos, teria recebido esta recompensa que, acredito eu, você adorou. Acredito não, eu vi. Estava muito na cara, principalmente quando você a abraçou com vontade, até parecia que não queria soltá-la"
  Renato, ainda meio paralisado, diz "Ma-mas... eu realmente não queria soltá-la. Foi inesperado, foi surpreendente... foi... perfeito. E, sabe, só tinha um porém de eu me abrir com ela, e é por isso que eu demorei tanto para conseguir falar: Se ela não quisesse nada, poderia, talvez, perder a amizade dela, afastá-la de mim. Em outras palavras, tudo o que eu não queria". Esdras apenas o olhou, viu Leila o puxar para o restaurante para que pudessem conversar mais.
  Esdras Ficou parado, olhando as luzes da rua, apenas imaginando qual futuro aqueles dois iriam seguir. Ele chega até a dizer em voz baixa, o bastante para que Renato não escute "Você pode pensar que esse é o final... Mas isso tudo ainda nem começou"
  E ele caminha em direção ao restaurante, uma pizzaria, atrás do mais novo casal da cidade de São Paulo que estão a procura de uma boa mesa.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

43 - Mas o que...

  Fica um silêncio aterrorizante na frente do teatro. Na porta, estão Leila e Renato frente a frente. A rua úmida devido à chuva leve que recém caíra. Os carros passam tranquilamente.
   Leila está imóvel, sem acreditar no que acabara de ouvir. "E-eu te amo, Leila. Sabe, eu sempre fui aquele garoto isolado que não falava com ninguém. Ficava sozinho com os meus desenhos. Mas aí... você apareceu na minha vida. Tudo mudou. Sentia prazer de falar com as pessoas. Sentia, ou melhor, sinto prazer só de estar com você. Não sei, mas... desde o dia que nós conversamos pela primeira vez depois da aula, eu não consigo pensar em outra coisa se não em você. Eu me tornei outra pessoa, alguém que não quero deixar de ser. Mas, para isso, preciso de você na minha vida. Se só quiser minha amizade, tudo bem, só não quero que me esqueça. Eu te amo, mas, sinceramente, não espero muito que você me ame também... Mas eu quero saber o que sente."
  Ela fica imóvel. Boquiaberta. Ela não reage, não consegue. Também, ser surpreendida com uma declaração dessas deixaria qualquer uma imóvel como uma estátua. "E-eu nem sei o que dizer..."
  "Não precisa me dizer nada. Só te falar tudo o que disse já foi um peso a menos para mim. Vamos entrar, ainda não jantamos como combinamos..." Renato vira-se e vai em direção ao restaurante que tem ao lado do teatro.
  Ele sente um toque em seu braço. Algo está lhe apertando. "O que...?" disse Renato. É Leila que está segurando o braço dele. "Espere.. Você diz tudo isso para mim e... Sai?". Ele fica mudo, apenas escutando. "Sabe, você se declarou todo, se abriu por completo para mim e... vai andando? Não pode fazer uma coisas dessas com uma garota. Não pode fazer isso comigo!" Ela dá um risinho irônico. "Você não pode se abrir assim para uma mulher e depois sair pensando em comida. Não pode fazer isso comigo".
  Ele coloca uma mão no ombro dela. Leila levanta a cabeça com os olhos brilhando e com uma feição séria e com uma respiração forte.
  Ela o segura pela gola. Ele fica assustado, não sabe como reagir. até que, enfim...
  Leila o Beija.

  Leila o beija segurando-o pela gola, enquanto Renato passa-lhe os braços pelas costas em um abraço apaixonante. Os olhos se fecham como deve ser. Tão prazeroso como um sonho bom, os lábios não querem se separar. Eles não querem parar. Não é preciso palavras para expressar um sentimento tão puro quanto é o amor quando se tem o beijo que fala mais do que palavras.
  Depois de alguns minutos, os dois finalmente cessam o beijo. Os olhares apaixonados se cruzam. "Esperei muito tempo por esse dia" Leila diz abrindo um sorriso no final.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

42 - Finalmente

  Renato e Leila estão frente a frente. Ele começou a falar algo, ela só escuta, mas mesmo assim, ela não sabe do que ele está falando.

  Ele está corado, olha para baixo... olha para o fundo, procurando evitar olhar nos olhos dela. Ele olha para a esquina, e lá está Esdras, parado com o seu sobretudo preto e com uma feição séria para ele. "Por que está demorando" uma voz vinda pelas suas costas dirigia-se a ele. "Não vai dizer?". Renato vira-se surpreso. Era Esdras que, como num piscar de olhos, se moveu diretamente para cá. "Você, que treinou a noite toda na frente do espelho, que me fez ficar te vendo se declarar só de cueca para um reflexo, está exitando? Me poupe".
  "Você está certo... O que poderia me acontecer de mais? Voltar para a minha vidinha patética de um gótico solitário? Voltar a ser um emo abandonado e esquecido? Voltar a ter apenas meus desenhos como companhia? Não, obrigado. Cansei dessa vida. Eu quero mudar... Eu vou mudar. Se ela não quiser nada, foda-se, ela não é a única mulher deste mundo... Apesar de que..." Renato muda a sua expressão facial e de voz. Passa de um homem determinado e poderoso para um garoto esperançoso e apaixonado. "Apesar de que ela é a garota, a mulher que eu sempre sonhei. Ela é a única mulher que eu tive o prazer de simplesmente estar do lado. Ela é a única que eu amo ouvir a voz, sentir o toque, o cheiro. Eu tenho muitos desejos, mas abriria mão de todos só para tê-la todos os dias, ir dormir e acordar na mesma cama que ela. Poder chamá-la de 'meu amor', de 'minha princesa', de 'MINHA'. Só quero ela".
  "Então..." Renato ergue os olhos. "O que está esperando? Diga!"

   As mãos de Leila estão sendo seguradas pelas dele. Ela olha curiosa para os olhos dele. Ela abaixa um pouco a cabeça e olha para cima para poder vê-lo, afinal, ele está de cabeça baixa e olhando para o chão.
  Renato finalmente "retoma" a consciência. "Ãn? Ah, desculpa, eu... acabei viajando em meus pensamentos. Desculpa".
  "Você dizia...?"
  "O que? Ah! Então, não é fácil para mim, afinal, eu não sei como te dizer isso..."
  "me dizer o que?"
  Renato respira fundo...


  Eu te amo!

sábado, 2 de fevereiro de 2013

41 - A hora é agora

  É chegado a noite. Renato espera do lado de fora do teatro pela sua acompanhante. Seu coração está acelerado. Nervoso? Muito. Qualquer pessoa que olhe para ele vê que está nervoso com algo, mas só ele sabe o por que. Só ele? Não. Esdras também sabe.
  "Acalme-se. Tudo vai dar certo. Confie em mim"
  Renato permaneceu em silêncio. Esfregando uma mãe na outra e suando, apesar dos 12°C que faz em São Paulo. A chuva fina cai do céu enquanto sopra uma leve brisa em seu rosto. Será que até a natureza está tentando acalmá-lo? Afinal, se for obra do destino, não há quem atrapalhará.
  Cinco minutos depois, chega um carro. É um Ford Landau preto com detalhes em cromo. Um homem com traços de velhice, mas com aparência de poderoso está dirigindo. Ao estacionar, não demora muito até que o passageiro saia do carro. Digo... A passageira. É Leila, e ela está linda, mais linda do que o de costume. Ela usa um vestido longo preto com um salto. Isso deixou Renato sem ação. Admirado e sem piscar, ele procura o bolso traseiro a procura da carteira para pegar os ingressos, mas acaba tendo dificuldade, pois fica admirando sua acompanhante. Ah, as mulheres, elas causam esses efeitos nos homens.
  A peça se passou rápido, nada mais que uma hora. Porém, Renato não via o momento de sair de lá, não por causa da peça, dela ele estava gostando, mas ele queria que o tal momento chegasse logo para que toda aquela pressão sobre ele sessasse.
  Ele está suando frio, pensando se ela realmente o quer.
  Leila está sentada na poltrona vizinha à dele, mas ela nem sequer imagina o que se passa na mente dele. Ela nem quer pensar nisso, ela só quer aproveitar o momento. O braço dele está passando por trás dela, ela está com a cabeça apoiada sobre o ombro dele e segurando com as duas mãos a mão esquerda dele que está próximo do ombro esquerdo dela. Cena típica de casal em cinemas, restaurantes...
  Finalmente o fim. As cortinas se abaixam, as luzes se acendem, os atores fazem o último cumprimento ao público.
  Renato fica olhando para os lados, as mãos dele não param de se mexer, a perna não consegue ficar parado. Enfim, definitivamente tava na cara que ele estava ansioso. "Vamos para fora?" ele perguntou.
  "Por que não?" e eles foram. Ficaram na porta do teatro. Por enquanto, estava vazio, um lugar aparentemente perfeito para que ele possa se declarar para ela.
  "Olha, Leila... E-eu sinceramente não sei como te dizer..." Ela fica curiosa, sem sequer saber do que se trata. "Eu quero lhe dizer isso já faz um tempo, mas nunca soube como te dizer... Bem... lá vai..."

sábado, 26 de janeiro de 2013

40 - Oh, Cupido, por que faz isso comigo?

  Olá, meu bom e velho leitor amigo, como tem passado?

  Lembra-se do nosso último encontro? Foi meio constrangedor para mim o fato de perder nossos protagonistas tão queridos, mas acabei encontrando-os em um café na esquina conversando. Não aconteceu muita coisa desde aquele momento, eles apenas conversaram. Bem, voltemos para o nosso trama.
  Após dois meses de amizade dos dois, Renato já pode-se dar como um adolescente comum. Amigos, amigas, alguém para amar. Sonhos, desejos, expectativas, decepções, muitas dúvidas e nenhuma certeza. Acredite se quiser, Renato virou um garoto comum. Nesses dois meses, ele ficava cada vez mais perto dela, ia para a casa dela, ela ia na dele, eles saíam, iam à praça, ao shopping, ao teatro, ao cinema, mas nada de um relacionamento sério (ao menos, nada oficial).
  Hoje eles vão ao teatro, mas Renato pensa em fazer algo diferente. Parece que ele criou coragem de pedi-la em namoro. A peça é as 18 horas, mas logo após que acorda já está com um frio na barriga. Não consegue comer, não consegue pensar. Aliás, a única coisa que consegue pensar é nela. Nela e no que ele irá falar.
  10 horas da manhã. Renato está em frente ao espelho, só de cueca e meia, ensaiando o que irá falar. "Leila, tem uma coisa que eu quero te falar já faz um tempo" Ele não para, não consegue parar de esfregar as mãos uma na outra. "Não, não" Respira fundo. "Leila, não sei se percebeu, mas... Não, isso vai soar como se eu estivesse fugindo. Esdras, você não quer me ajudar?"
  "Como eu faria isso?"
  "Sei lá! Me ajuda. O que você falaria? O que faria? Sei lá... Fala alguma coisa".
  "Deixe-me pensar... Bem, primeiramente, poderia levar uma flor para ela. Já na hora de falar, poderia ser depois da peça, entrega a flor antes, fala o que você quer depois, e quando você for falar, é só dizer o que o seu coração quer"
  "Ele está é gritando..." sussurra Renato.
  "O que disse?"
  "Nada. Continue".
  "Enfim... Eu te vi ensaiando na frente do espelho... Eu acho que não falou nada de errado. É o que sente? É a verdade? Diga. Seja sincero. Diga o que tem de ser dito. Abra o seu coração com ela, mas não fale muito, apenas o bastante e deixe-a pensar, digerir tudo o que você disse. Está entendendo o que eu estou falando?"
  "A-acho que sim..." Ele senta-se na beira da cama, apoia os cotovelos na coxa e reflete olhando para o chão.
  Ele deixa escapar um riso, um riso tímido, um riso leve e quase imperceptível. "Sabe... o amor é algo estranho. Ele te deixa sem palavras, te faz suar, te faz agir como um idiota. O amor faz o mundo ficar mais belo, do mesmo jeito que parece que, quando se está só, não há vida, ao mesmo tempo que a vida esteja inundando o seu mundo. É tudo e é nada. É o sentimento mais estranho, mas também um dos mais sinceros que há. O mais lindo. Ele desperta o melhor que há em cada ser humano. Mas a melhor parte, é que, por mais belas e sinceras que sejam as palavras, é impossível descrever o sentimento. Nem o poema mais belo que há consegue descreve-lo, não chega nem perto, nem na metade.."
  Esdras permanece calado.
  "Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer; É um não querer mais que bem querer; É solitário andar por entre a gente; É nunca contentar-se de contente; É cuidar que se ganha em se perder; É querer estar preso por vontade; É servir a quem vence, o vencedor; É ter com quem nos mata lealdade. Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade, Se tão contrário a si é o mesmo Amor?" Renato levanta a cabeça. "Não é isso o que Luis de Camões escreveu? Bem, estava certo, mas não disse nada ainda comparado com o que eu sinto, comparado com o que realmente é. O que eu sinto é muito mais do que isso, algo que não pode se descrever com simples palavras, versos, refrões, canções. O que eu sinto, é AMOR".

sábado, 19 de janeiro de 2013

39 - De um sonho para um amor

  Aqueles sonhos não foram comuns, isso levou os dois a uma longa conversa, assunto para um dia, uma semana, duas, três... Ao se encontrarem todos os dias, lembravam, apenas ao ver o rosto do outro, daquele momento, daquele sonho vivido. Foi com o passar do tempo que eles foram se aproximando cada vez mais, criando intimidade, aproveitando cada segundo com o outro...
  Bem, leitor, você já deve estar imaginando que rumo estamos indo. Até parece que entramos naquele rumo clichê de todas as histórias de amor. Eles se conhecem, começam a se gostar, conseguem ficar juntos e vivem felizes para esse. Bem, pode parecer loucura o que estou dizendo, mas... Isso aqui é vida real, não nenhum conto de fadas, então pode parar de ficar sonhando com finais felizes. Quer saber, esquece, pode sonhar sim, afinal, nada está decidido ainda. Como eu disse, é vida real, então tudo pode acontecer. Pode ser que eles fiquem juntos, se casem e vivem felizes para sempre? Sim. Do mesmo jeito que o contrário pode acontecer também com a mesma facilidade.
  Posso estar enganado, mas... Você quer que eles fiquem juntos, não quer? Seja sincero, você vai ficar contente e pensar "Ah! Mais uma história de amor que deu certo! Tomara que a minha vida termine assim também: ao lado da pessoa amada". Estou errado? Bem, é possível, não sou Deus para ser onisciente.
  Bem, vamos rever o que acontece na vida real: Mágoa, desinteresse, pecados, distrações, raiva, nervosismo, felicidade, angústia, desejo, amor... Tudo pode e vai acontecer. Tudo mesmo. Mas o final, meus amigos, o final nem mesmo eu sei. O narrador de uma história não sabe. Sim, aconteceu isso. Vamos viver então.

[...]

  Sumiram. Não estão mais aqui. Alguém viu eles? Droga, me distraí um minutinho e os perdi de vista. O-olha, vou procurá-los aqui, e quando encontrá-los, te aviso. Pode ser?
  Tudo bem então. Pode deixar que eu chamo. Chamo mesmo.
  Bem, até logo.

  (O que será que eles estão fazendo? Não podem estar longe. Foi rapidinho que eu fui falar com os leitores e eles PUF! Sumiram. Droga! Da próxima vez, vou pedir para alguém ficar de olho neles. Ou talvez eu possa chamá-los para falar também. Será que posso? Ah!, não estou nem aí. Vou fazer isso mesmo. Assim eles não somem mais. Agora, onde eles se meteram? ...)

sábado, 12 de janeiro de 2013

38 - Dois sonhos

  Renato se levantou ofegante, pálido e suando frio. Era apenas um sonho. Ele fechou os olhos e suspirou, dando graças a Deus por tudo aquilo não ter passado de um sonho.
  Mas não era um sonho comum. Neste sonho, ele sentira os pés tocarem a água, sentiu as fadas o puxarem para o lago, sentiu o toque de Leila, sentiu o abraço dos seus dorsos nus, sentiu o perfume das flores, o perfume dela. Sentiu também o vazio não só o externo, mas interno naquele momento, como se até a alma tivesse o abandonado. Sentiu as lágrimas escorrerem pelo seu rosto, sentiu a vibração de sua garganta enquanto gritava. Ele realmente viveu o sonho.
  Segunda-feira. Renato chega no colégio, como de costume, senta-se e espera a aula começar. Leila chega estranha. Não fala com ninguém, o olhar está vazio. Ele vai em direção dela. "Leila?"
  "Ãn? Ah, Renato, desculpa, eu to assim por causa de um sonho que eu tive no fim de semana. Foi muito estranho. Eu estava na floresta, sozinha, encontrei um lago estranho com fadas que me fizeram andar sobre a água e... te encontrar! Eu te abracei, fechei os olhos e, quando abri, tudo tinha sumido. Não tinha nada. Me sentia vazia também, como se até mesmo EU tinha me abandonado. E o estranho é que eu sinto somo se eu tivesse vivido tudo aquilo, por que eu senti os toques, os cheiros... tudo. Desculpe, mas aquilo me abalou um pouco..."
  Renato ficou surpreso por causa que ambos tiveram exatamente o mesmo sonho e exatamente do mesmo jeito. "Isso sim é muito estranho" sussurrou Renato.
  "O que disse?"
  Ele não ouviu, estava longe demais com os seus pensamentos. 'Seria isso algum sinal, alguma mensagem para nós? Duvido. Só se for uma mensagem de Deus para nós dois, mas eu não acho que seria isso seja verdade, afinal, eu já sonhava com ela antes de conhece-la, e quando estamos perto um do outro, sinto meu coração pulsar mais forte. Coincidência? Difícil também, mas parece ser o mais provável'.
  "Renato?"
  "O que? Ah, Leila, desculpe, é que eu tava pensando aqui e me esqueci do mundo. As vezes eu faço isso".
  "Estava pensando no que?"
  'Será que eu falo? Deixaria ela preocupada ou não? Bem não dá para saber. Serei franco com ela'. "É que eu tive exatamente o mesmo sonho que você".
  Ela ficou surpresa, mas, ao mesmo tempo, maravilhada. Na cabeça dela, eles estavam ligados de alguma forma, e ela achou bonito aquilo. Sorriu.

sábado, 5 de janeiro de 2013

37 - "Ela não sai da minha cabeça"


  "Renato? Renato?"... "RENATO!!"
  É só o Esdras chamando, tentando trazer Renato de volta a realidade. Aquele beijo colocou-o em transe, um estado hipnótico que fazia com que Leila penetrasse e tomasse conta de toda a mente dele.
  Após Esdras ter trazido Renato de volta a realidade, eles foram para casa, porém, não como o de costume. Eles foram a pé, mas Renato parecia não querer conversa, apenas colocou o fone de ouvido e foi para o apartamento desligado, novamente, do mundo. E não importava por onde passava e nem a música que tocava, a única coisa que ele pensava era nela, aquela doce fada que o enfeitiçou com um beijo. Quase três horas se passaram até que ele chegasse no prédio. Cumprimentou o porteiro e subiu.
  Ao chegar no apartamento, entrou, trancou a porta, e se jogou no sofá. Olhando para o teto, sonhava acordado, sonhava com ela sem ao menos piscar. Se isso não é estar apaixonado, eu, sinceramente, não sei o que é.
  A noite chegou, e Renato permaneceu imóvel até agora. Acordado a noite toda, na mesma posição e pensando, o tempo todo, em apenas uma coisa... Não! Em apenas uma pessoa: LEILA!! Pensando naqueles olhos brilhantes, hipnotizantes e profundos que são, pensando na pele macia, na boca que lhe beijara, nas mãos que o tocara... Pensando NELA, Até que adormecera, adormecera com um sorriso no rosto.

  Renato se via numa floresta, se via sozinho na penumbra, mas feliz, por que sabia que não estava sozinho, mesmo os seus olhos dizendo o contrário. E começou a andar. Andava por entre as árvores até encontrar-se num lago, lago aquele que tinha uma água azul, que refletia como espelho a sua face, e que permanecia imóvel como o gelo. Renato se via maravilhado, olhava ao redor, mas só se concentrava naquela água. De repente ele avista pequenos focos de luz como se fossem vaga-lumes, mas ele tinha a certeza de que não era. O que seria então? Fadas? Impossível. Mas, acredite se quiser, o impossível aconteceu. Uma dessas luzes se aproximou-se de Renato e, como mágica, puxou-o até o centro do lago. Ele foi andando sobre a água que, a cada passo, formava pequenas ondas circulares. Quando ele chegou no centro, todas aquelas luzes começaram a girar ao redor dele, até que, aos poucos, alguém começou a surgir como fumaça. Parecia uma garota. Era uma garota. Era Leila.
  Renato fechou os olhos. Mas quando abriu, se viu no nada, sem nada nem ninguém ao seu redor. "Leila!!' ele gritou. E gritou mais fezes cada vez mais alto e cada vez com mais força, até que caiu de joelhos, chorando e sussurrando "eu te amo".