sábado, 26 de maio de 2012

5 - The Old Man

  O calor é extremo. Leila leva Renato junto a um curso d'água para que possam amenizar a situação. "Quem será ele?" diz o jovem sentado numa pedra.
  "De quem você está falando?" perguntou curiosa.
  "Do senhor encapuzado. Você não o viu?". Respondendo na hora e imaginando que a loucura já tomara conta de Renato que Leila nega.
  "Desgraçado!" Solta um grito. Renato, com raiva, se levanta e sobe o o pequeno morro e corre em direção à árvore. Porém, ao chegar lá, vê que o homem não está mais lá. "Não posso estar louco". "Para Renato!" Solta um grito desesperado. Leila, derramando lágrimas, diz que Renato está a assustando com essas atitudes
  Lentamente, Renato vira-se para ela, pede perdão e a abraça. Um gesto tão simples mas tão significativo. A bela jovem o aperta com tanta força, demonstrando sua vontade: que ele jamais a abandone. Em tão pouco tempo, um já não consegue nem sequer imaginar sem o outro.
  Em um leve movimento de cabeça, abrindo os olhos lentamente, Renato decide enxergar o que está bem na sua frente. Não devia. Arregala os olhos, desabraça e segura-a pelos braços e num breve movimento, desloca-a para o lado.
  "Espere um minuto" disse ele, ", depois explicarei tudo certinho para você". E é correndo que Renato vai em direção ao homem, "Como você pôde nos deixar assim, sozinhos a mercê de ataques desses seres? Quem eram eles? O QUE eram eles?"
  Indiferente, o homem põe as mãos nos ombros de Renato e abre um sorriso. "Você realmente não se lembra, certo?"

sábado, 19 de maio de 2012

4 - Fuga do desconhecido

  "Leila" disse uma voz, sussurrando por detrás de Renato. Seus olhos verdes demonstram claramente a surpresa, enquanto a sua boca, aos poucos, vai demonstrando traços de alegria por estar, ao menos, ouvindo novamente aquela voz angelical.
  'Leila... Um nome simples, porém maravilhoso. Ao menos sei que está bem, ou melhor, viva'. Pensou ele após a surpresa de ter ouvido a voz dela novamente.
  "Renato é um nome bonito, seus pais escolheram bem, combina com você. Como eu nunca te vi antes?"
  "Eu não saio muito. Sem contar que eu não conheço ninguém. Enfim, o que aconteceu lá fora?".
  A cabeça de Leila se abaixa. "Você pode dizer que sou louca, que estou inventando história... não precisa nem acreditar, mas [ela engole seco antes de dizer] eram duendes". "Eu acredito". Leila não entende. Nem mesmo ela acreditou quando os viu. Como um cara, isolado de tudo e de todos, conhece acidentalmente uma mulher que chega e diz que foi atacada por duendes e acredita no mesmo instante? Isso é inexplicável.
  De repente, ouve-se pancadas na porta. "Vamos!" disse Renato "Temos que correr antes que eles consigam entrar. Rápido, pela janela" E assim os dois foram. Correram em direção à janela, saltaram-na e começaram a correr pela rua deserta. Os passos desajeitados da moça tentavam entrar em sintonia após o choque com as criaturinhas.
  Leila estava até preparada para tal atividade, usava um short, uma blusinha sem mangas e um tênis all-star. Renato não, seu coturno e sobretudo o atrapalhavam nas passadas, até que, num breve momento, ele, desajeitadamente, retira o sobretudo escuro de seus ombros, enrola e o carrega nos braços. E segurando-a pela mão, leva-a para um lugar distante.
  "Será que os despistamos?" disse ela. "Não sei, melhor não ficar tão feliz pelo o que aparenta ser. Qualquer brecha é perigoso". O casal passava por uma ruela escura que mais parecia um beco. Uma caixa de papelão se meche, um saco de lixo cai, esparramando os dejetos fétidos, os bueiros saem um vapor esbranquiçado (de certo modo estranho). O cheiro de esgoto toma conta do ambiente. Um gato preto sai de repente de uma janela e para na frente dos dois. Ambos param assustados. Como num reflexo, o tal felino avança em Leila que solta um grito de medo agudo ensurdecedor, mas Renato consegue puxá-la antes que ela seja tocada. O gato prepara mais um bote, mas dessa vez Renato também estava preparado. Quando se deu o momento da ação, ele pegou seu sobretudo, enrolou o felino e jogou longe o bastante para que abra uma oportunidade para uma fuga.
  "Vamos!" Gritou ele, e num puxão levou junto Leila para longe o mais rápido possível.
  "Primeiro os duendes, agora isso? Não é o meu dia de sorte mesmo"

  Uns dez a quinze quarteirões em direção à periferia da cidade, já em uma área campada, Renato, ofegante e ainda segurando a mão de Leila olha em volta... olha para os olhos castanhos da bela moça... "Eu acho que... já estamos longe o bastante". A voz dele já falha, mas consegue se expressar.
  Surpresa, aponta ara o braço de Renato. "Seu braço está sangrando". "Isso não é nada, deve ter sido quando peguei aquele gato. O sobretudo deve ter rasgado. Droga, era o único que eu tinha"
  "Não é perigoso pegar uma infecção? Acho melhor cuidar logo disso" E assim, Renato rasgou uma das mangas de sua camiseta para cobrir o ferimento.
  Mais a frente, logo debaixo de uma árvore grande, um homem sentado, de cabeça baixa, chama os jovens. "Vocês demoraram".
  "Quem é você?" Perguntou Renato ao velho.
  "Não me reconhece?".
  "Com quem está falando?" Disse Leila com um olhar curioso para Renato. "Não há ninguém aí. Você deve estar imaginando coisas. Deve ser falta de oxigenação do cérebro por ter corrido tanto. Vamos, eu ouvi barulho de água, vamos lá nos refrescar, você está precisando".
  Renato é levado para fora da presença do velho. Enquanto é afastado, o jovem não desvia e nem pisca para o estranho nem um segundo, e olha com uma cara pensativa de 'quem é você' para aquele que está sentado na árvore. E é puxado pelo braço que Leila o leva para um curso d'água para que possam se refrescar.

sábado, 12 de maio de 2012

3 - Susto

  A tensão está no ar, o medo expresso no rosto de Renato fica claro a surpresa. Exitante, a mão trêmula gira devagar a maçaneta de ferro enquanto o suor frio escore entre seus olhos. A porta range. No exato instante em que a porta é aberta, uma jovem de traços magros cai no chão, e se arrastando para longe da porta em direção ao interior do apartamento fétido. "Fecha a porta!!! Por favor, não deixe-o entrar, por favor!!! Não!!! Não!!!"
  A garota treme no chão gelado, os olhos castanhos esbugalhados olham fixamente para a porta, o rosto deixa transparecer o medo puro.
  Assustado sem saber o que fazer, Pergunta enquanto fecha e tranca a porta. "O que foi? O que aconteceu? Quem você não quer que venha atrás de você?". Estendendo a mão para erguer a moça, abre um sorriso tímido, mas ela parece estar sem forças até para falar.
  "E... E... Nã...Q..." A voz parece não conseguir sair da sua boca.
  Renato ajuda a levantá-la e coloca-a sentada no sofá de veludo. "Desculpa o ambiente, é que... bem... eu moro sozinho, sabe, não tenho uma visita desde... nunca, entende." Renato diz acanhado, tentando escolher bem as palavras. O olhar fixo da garota aparenta que a alma dela fugiu do corpo no momento do curioso perigo. Renato fica sem jeito, oferece um copo de água se apresentando. "Meu nome é Renato". E espera pela resposta da garota.
  Ela nem pisca. Renato e o seu "amigo" começam a ficar preocupados, principalmente pelo fato de que a pele da garota, reparou Renato, está gelada e incrivelmente pálida. "O que eu faço", indagou Renato ao seu companheiro, "Eu não sei o que faço. Você pode fazer alguma coisa?"

  "Não sou nenhum curandeiro, médico nem nada disso". - Silêncio - "O que vai fazer?"
  O desespero está claramente exposto na face de Renato. Então viram-se para a porta para que possam sair ao menos para chamar um médico.

  "Leila" [Sussurro]

sábado, 5 de maio de 2012

2 - Confissão

  O garoto abaixa a cabeça esperando uma resposta. O homem alto, vestindo um sobretudo marrom e chapéu anda pelo quarto, dizendo: "Apenas você me vê sim, Renato. Apenas você pode me ver, me ouvir, me tocar." A voz rouca característica faz com que uma expressão de alívio transparece em Renato. "As pessoas devem me achar louco por estar falando sozinho". "Nem tanto", disse o homem, "Quando você fala diretamente comigo, apenas eu percebo você falando, para os outros humanos comuns, você só está... pensando".
  Renato ficou inquieto, já não sabia mais de nada, não sabia nem o que saber. Para ele, uma guerra de ideias se iniciou em sua mente. O que era aquele homem? O que eu sou? Por que ele me acompanha? Realmente não havia respostas para Renato. "Quer dizer que você não é real, é apenas fruto da minha imaginação?" O silêncio se instaurou no ambiente por alguns segundos.
  Gritando com raiva para o seu "Amigo imaginário", Renato procura respostas imediatas. "QUEM É VOCÊ?!?".
  O clima do local torna-se pesado, o escuro melancólico parece aumentar com toda cena decorrente. O suor frio escorre com toda aquela tensão em Renato, que fica apreensivo.
  "Você não deve nem imaginar desde quando eu te acompanho, não é mesmo?" - Silêncio - "Bem, tudo começou quand..."
  Alguém bate desesperada e insistentemente na porta, a campainha ajuda a criar um clima aterrorizante no ambiente, a curiosidade de saber quem é toma conta de ambos, uma vez que nem mesmo o carteiro faz esta ação.
  A maçaneta de ferro gelada e enferrujada gira... o rosto, ele é... ELA é... Não pode ser!