sábado, 23 de fevereiro de 2013

44 - Inacreditável

  Desta vez, é Renato que fica imóvel sem acreditar no que vê, no que acaba de acontecer. Os olhos de espanto dele não tem rumo, até parece um zumbi. "Viu? Não foi tão difícil quanto você imaginava" disse Esdras se aproximando dele. "Se você não tivesse falado, você jamais saberia o que ela sentia e, muito menos, teria recebido esta recompensa que, acredito eu, você adorou. Acredito não, eu vi. Estava muito na cara, principalmente quando você a abraçou com vontade, até parecia que não queria soltá-la"
  Renato, ainda meio paralisado, diz "Ma-mas... eu realmente não queria soltá-la. Foi inesperado, foi surpreendente... foi... perfeito. E, sabe, só tinha um porém de eu me abrir com ela, e é por isso que eu demorei tanto para conseguir falar: Se ela não quisesse nada, poderia, talvez, perder a amizade dela, afastá-la de mim. Em outras palavras, tudo o que eu não queria". Esdras apenas o olhou, viu Leila o puxar para o restaurante para que pudessem conversar mais.
  Esdras Ficou parado, olhando as luzes da rua, apenas imaginando qual futuro aqueles dois iriam seguir. Ele chega até a dizer em voz baixa, o bastante para que Renato não escute "Você pode pensar que esse é o final... Mas isso tudo ainda nem começou"
  E ele caminha em direção ao restaurante, uma pizzaria, atrás do mais novo casal da cidade de São Paulo que estão a procura de uma boa mesa.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

43 - Mas o que...

  Fica um silêncio aterrorizante na frente do teatro. Na porta, estão Leila e Renato frente a frente. A rua úmida devido à chuva leve que recém caíra. Os carros passam tranquilamente.
   Leila está imóvel, sem acreditar no que acabara de ouvir. "E-eu te amo, Leila. Sabe, eu sempre fui aquele garoto isolado que não falava com ninguém. Ficava sozinho com os meus desenhos. Mas aí... você apareceu na minha vida. Tudo mudou. Sentia prazer de falar com as pessoas. Sentia, ou melhor, sinto prazer só de estar com você. Não sei, mas... desde o dia que nós conversamos pela primeira vez depois da aula, eu não consigo pensar em outra coisa se não em você. Eu me tornei outra pessoa, alguém que não quero deixar de ser. Mas, para isso, preciso de você na minha vida. Se só quiser minha amizade, tudo bem, só não quero que me esqueça. Eu te amo, mas, sinceramente, não espero muito que você me ame também... Mas eu quero saber o que sente."
  Ela fica imóvel. Boquiaberta. Ela não reage, não consegue. Também, ser surpreendida com uma declaração dessas deixaria qualquer uma imóvel como uma estátua. "E-eu nem sei o que dizer..."
  "Não precisa me dizer nada. Só te falar tudo o que disse já foi um peso a menos para mim. Vamos entrar, ainda não jantamos como combinamos..." Renato vira-se e vai em direção ao restaurante que tem ao lado do teatro.
  Ele sente um toque em seu braço. Algo está lhe apertando. "O que...?" disse Renato. É Leila que está segurando o braço dele. "Espere.. Você diz tudo isso para mim e... Sai?". Ele fica mudo, apenas escutando. "Sabe, você se declarou todo, se abriu por completo para mim e... vai andando? Não pode fazer uma coisas dessas com uma garota. Não pode fazer isso comigo!" Ela dá um risinho irônico. "Você não pode se abrir assim para uma mulher e depois sair pensando em comida. Não pode fazer isso comigo".
  Ele coloca uma mão no ombro dela. Leila levanta a cabeça com os olhos brilhando e com uma feição séria e com uma respiração forte.
  Ela o segura pela gola. Ele fica assustado, não sabe como reagir. até que, enfim...
  Leila o Beija.

  Leila o beija segurando-o pela gola, enquanto Renato passa-lhe os braços pelas costas em um abraço apaixonante. Os olhos se fecham como deve ser. Tão prazeroso como um sonho bom, os lábios não querem se separar. Eles não querem parar. Não é preciso palavras para expressar um sentimento tão puro quanto é o amor quando se tem o beijo que fala mais do que palavras.
  Depois de alguns minutos, os dois finalmente cessam o beijo. Os olhares apaixonados se cruzam. "Esperei muito tempo por esse dia" Leila diz abrindo um sorriso no final.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

42 - Finalmente

  Renato e Leila estão frente a frente. Ele começou a falar algo, ela só escuta, mas mesmo assim, ela não sabe do que ele está falando.

  Ele está corado, olha para baixo... olha para o fundo, procurando evitar olhar nos olhos dela. Ele olha para a esquina, e lá está Esdras, parado com o seu sobretudo preto e com uma feição séria para ele. "Por que está demorando" uma voz vinda pelas suas costas dirigia-se a ele. "Não vai dizer?". Renato vira-se surpreso. Era Esdras que, como num piscar de olhos, se moveu diretamente para cá. "Você, que treinou a noite toda na frente do espelho, que me fez ficar te vendo se declarar só de cueca para um reflexo, está exitando? Me poupe".
  "Você está certo... O que poderia me acontecer de mais? Voltar para a minha vidinha patética de um gótico solitário? Voltar a ser um emo abandonado e esquecido? Voltar a ter apenas meus desenhos como companhia? Não, obrigado. Cansei dessa vida. Eu quero mudar... Eu vou mudar. Se ela não quiser nada, foda-se, ela não é a única mulher deste mundo... Apesar de que..." Renato muda a sua expressão facial e de voz. Passa de um homem determinado e poderoso para um garoto esperançoso e apaixonado. "Apesar de que ela é a garota, a mulher que eu sempre sonhei. Ela é a única mulher que eu tive o prazer de simplesmente estar do lado. Ela é a única que eu amo ouvir a voz, sentir o toque, o cheiro. Eu tenho muitos desejos, mas abriria mão de todos só para tê-la todos os dias, ir dormir e acordar na mesma cama que ela. Poder chamá-la de 'meu amor', de 'minha princesa', de 'MINHA'. Só quero ela".
  "Então..." Renato ergue os olhos. "O que está esperando? Diga!"

   As mãos de Leila estão sendo seguradas pelas dele. Ela olha curiosa para os olhos dele. Ela abaixa um pouco a cabeça e olha para cima para poder vê-lo, afinal, ele está de cabeça baixa e olhando para o chão.
  Renato finalmente "retoma" a consciência. "Ãn? Ah, desculpa, eu... acabei viajando em meus pensamentos. Desculpa".
  "Você dizia...?"
  "O que? Ah! Então, não é fácil para mim, afinal, eu não sei como te dizer isso..."
  "me dizer o que?"
  Renato respira fundo...


  Eu te amo!

sábado, 2 de fevereiro de 2013

41 - A hora é agora

  É chegado a noite. Renato espera do lado de fora do teatro pela sua acompanhante. Seu coração está acelerado. Nervoso? Muito. Qualquer pessoa que olhe para ele vê que está nervoso com algo, mas só ele sabe o por que. Só ele? Não. Esdras também sabe.
  "Acalme-se. Tudo vai dar certo. Confie em mim"
  Renato permaneceu em silêncio. Esfregando uma mãe na outra e suando, apesar dos 12°C que faz em São Paulo. A chuva fina cai do céu enquanto sopra uma leve brisa em seu rosto. Será que até a natureza está tentando acalmá-lo? Afinal, se for obra do destino, não há quem atrapalhará.
  Cinco minutos depois, chega um carro. É um Ford Landau preto com detalhes em cromo. Um homem com traços de velhice, mas com aparência de poderoso está dirigindo. Ao estacionar, não demora muito até que o passageiro saia do carro. Digo... A passageira. É Leila, e ela está linda, mais linda do que o de costume. Ela usa um vestido longo preto com um salto. Isso deixou Renato sem ação. Admirado e sem piscar, ele procura o bolso traseiro a procura da carteira para pegar os ingressos, mas acaba tendo dificuldade, pois fica admirando sua acompanhante. Ah, as mulheres, elas causam esses efeitos nos homens.
  A peça se passou rápido, nada mais que uma hora. Porém, Renato não via o momento de sair de lá, não por causa da peça, dela ele estava gostando, mas ele queria que o tal momento chegasse logo para que toda aquela pressão sobre ele sessasse.
  Ele está suando frio, pensando se ela realmente o quer.
  Leila está sentada na poltrona vizinha à dele, mas ela nem sequer imagina o que se passa na mente dele. Ela nem quer pensar nisso, ela só quer aproveitar o momento. O braço dele está passando por trás dela, ela está com a cabeça apoiada sobre o ombro dele e segurando com as duas mãos a mão esquerda dele que está próximo do ombro esquerdo dela. Cena típica de casal em cinemas, restaurantes...
  Finalmente o fim. As cortinas se abaixam, as luzes se acendem, os atores fazem o último cumprimento ao público.
  Renato fica olhando para os lados, as mãos dele não param de se mexer, a perna não consegue ficar parado. Enfim, definitivamente tava na cara que ele estava ansioso. "Vamos para fora?" ele perguntou.
  "Por que não?" e eles foram. Ficaram na porta do teatro. Por enquanto, estava vazio, um lugar aparentemente perfeito para que ele possa se declarar para ela.
  "Olha, Leila... E-eu sinceramente não sei como te dizer..." Ela fica curiosa, sem sequer saber do que se trata. "Eu quero lhe dizer isso já faz um tempo, mas nunca soube como te dizer... Bem... lá vai..."