quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Uma história sem título - Capítulo 14°

  Rebeca estava chorando de alegria já, enquanto ele a olhava, ajoelhado, nos olhos e segurava a sua mão delicadamente, esperando com um sorriso no rosto pela resposta. Até que Rebeca recupera o fôlego por um período de tempo, o bastante para der-lhe, ao menos, uma resposta.
  - Sim, Gustavo Bertran, eu me caso com você. Serei a sua esposa por toda a vida com o maior prazer.
  Ela o puxou pela mão que ele segurava e beijou-o com vontade sob a infinidade de estrelas. Eles estavam felizes. E assim seria pelo resto da vida. O destino escolheu os dois para se juntarem, e apenas Deus iria separa-los, mas esse não era o plano Dele.















FIM

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Uma história sem título - Capítulo 13°

  Ainda era natal. Gustavo fora puxado por Rebeca para alguns passos da pequena multidão que havia na sala. - Esse daqui é o meu presente para você - Disse ela, entregando um pequeno embrulho. Era um livro. Ele sorriu de orelha a orelha, beijou-a e abraçou-a fortemente.
  - Muito obrigado, meu amor. Eu te amo.
  - Também te amo.
  - Obrigado por tudo.... Tudo mesmo.
  Ela sorriu e o beijou.
  - Venha - Disse ele -, preciso te dar o seu presente.
  - Não precisa, meu bem.
  - Preciso.
  Ele a puxou até o lado de fora. Rebeca ficava se perguntando "o que poderia ser", mas sem dizer uma única palavra. Ele falou para ela entrar, e sem questionar ela o fez. Saíram por fim com o carro de Gustavo. Ela não fazia ideia do que poderia ser. Rebeca pensava que estava na casa dele, mas o caminho que ele estava tomando era estranho, não tinha ligação nenhuma com o caminho que realmente iria para o apartamento dele. Ela se pôs a pensar do que poderia ser.
  Eram já quase uma hora da manhã, e eles ainda estavam no carro. Gustavo estava indo em direção à estrada. "O que será que ele quer na estrada?" pensava ela. "Ele está feliz, aquele sorriso que parece que nada pode tira-lo do rosto. Sua camisa preta é linda. Ele fica muito bem nela. Com o vento da estrada ainda.... E aquele cabelo... Tive muita sorte. Ele é lindo, gentil.... Mas o que será que ele quer aqui na estrada?"
  Então, depois de algum tempo pensando no que poderia ser, onde eles estariam indo, onde ele estaria a levando, ele parou o carro num lugar conhecido. Aquele mesmo lugar que foram no começo do ano passado ver as estrelas, o lugar onde ela dormiu no capô daquele mesmo carro. Ela estava feliz por estar naquele lugar especial sob as infinitas estrelas, mas pensativa do que ele poderia querer, poderia ter planejado para aquele momento.
  Eles ficaram por algum tempo olhando as estrelas ao lado do carro.
  - Eu te amo - Disse ele
  - Eu também - Disse ela.
  Ela queria perguntar, mas achava melhor ficar quieta e esperar que, no momento certo, ele mostrasse o porquê de eles estarem naquele lugar.
  Ele suspirou, colocou a mão dentro do carro, abriu o porta-luvas e pegou uma pequena caixa quadrada e entregou para Rebeca.
  - Abra - Disse ele.
  Ela o obedeceu e, lentamente, fora abrindo a caixa. Nela havia um acolchoado de panos e lenços que ele havia preparado, e no meio, uma caixinha aberta com um anel de brilhantes.Enquanto ela ficava surpresa e imóvel, ele ajoelhou-se em frente à ela e disse:
  - Rebeca Tayllor, você gostaria de ser a minha esposa? Pelo resto da vida para te amar e te proteger? Para te ter em minha vida até que todas essas estrelas se apaguem? Até que o sol perca o seu brilho e a lua nos deixe?

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Uma história sem título - Capítulo 12°

  - Vocês demoraram. Aonde foram?
  A mãe de Rebeca perguntou assim que Rebeca e Gustavo entraram. Ela estava junto do marido sentados no sofá esperando pelos dois. Pareciam estar calmos e recuperados do choque que a história de Gus lhes havia causado.
  -Não foi nada. Só fomos dar uma volta. Pegamos algumas roupas do Gus para ele tomar um banho aqui depois.
  Gustavo então pegou as suas coisas e foi para o banheiro. Rebeca ficou conversando com seus pais sobre assuntos aleatórios e que nada tinha de ligação com ele.

  Mais tarde, por volta das 20 horas daquele dia, começaram a bater à porta e tocar a campainha, chamando os nomes de quem estava lá dentro como o da Rebeca, o da sua prima e dos seus pais. Alguns que chegavam mais tarde, e sabiam da presença de outros que haviam no recinto também arriscavam em chamar-lhes, mesmo que quase ninguém fazia esse escarcéu, preferiam o modo básico de tocar a campainha ou dar leves socos na porta.
  A casa estava cheia. Primos e primas que longe moravam estavam bebendo, rindo e se divertindo naquela casa, avôs e avós que há muito não viam seus netos e alguns de seus filhos também estavam lá. Tios, tias rindo e falando as típicas frases "Como você cresceu!", "E as namoradinhas?" para os meninos, sendo que muitos nem sequer pensava nisso, causando-lhes um rosto vermelho e uma vergonha que lhe subia junto do sangue, "E os namoradinhos?" para as meninas, tendo, as mais novas, as mesmas reações que os garotos. Abraços demorados e cheios de saudade (ao menos, era o que se deixavam transparecer) eram distribuídos a todos. As crianças corriam de um lado para o outro, as tias de Rebeca ficavam rindo com um copo de vinho na mão de cada uma delas falando das fofocas do ano todo e lembrando de coisas de 10 anos atrás, as mesmas coisas eram lembradas todos os anos pelas mesmas pessoas para as mesmas pessoas. Os tios riam falando de futebol e brincando como crianças para zoar do time do outro por causa de uma derrota, que tentava ele arranjar uma desculpa. Nenhum escapava.
  Todos estavam se divertindo, como todo natal deveria ser.

  Depois de todos jantarem, comido o pavê ("é pavê ou...." disse um dos tios chatos. Me recuso a repetir tudo), sorvete e outras guloseimas mais também, foram todos para a sala, onde ficava a árvore, um pinheiro de quase dois metros de altura enfeitada de globos, luzes e demais enfeites natalinos. Estava linda para o natal e fora enfeitada por Rebeca, seus pais e sua prima há dois dias atrás.
  Houve presentes para todas as crianças, que ficavam atônitas a cada novo pacote, a cada nova caixa aberta. Os tios, avôs e avós também participaram da troca. Todos riam bastante.
  - Gustavo, venha cá. - Disse Paula, deixando ele surpreso - Esse aqui é nosso. Espero que goste. É pra mostrar que você já é da família. Espero que goste. - Ela sorriu para ele abraçando marido.
  Gustavo pegou a pequena caixa preta com um laço branco no canto da caixa, abriu-a e lá havia um pequeno perfume. Ele não sorriu de imediato, ficou surpreso e sem ação. Olhava imóvel para a caixa e em seguida para os sogros. Sorriu e, por impulso, fora os abraçar.
  - Muito obrigado. Por tudo.
  E riram. Afinal, era natal. Vamos aproveitar.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Uma história sem título - Capítulo 11°

  Gustavo entrou no seu carro e, antes que saísse, Rebeca entrou sem dizer uma única palavra.
  - Rebeca, sai.
  - Não - Ela foi firme.
  - Rebeca, por favor, saia.
  - Não, Gustavo, eu não vou sair. Eu não vou deixar você fazer nenhuma besteira. Eu não vou deixar você sozinho, principalmente nesse momento que você está sofrendo!
  - Eu não estou sofrendo....
  - Está sim! - Disse ela com um leve grito interrompendo-o - Você está lembrando do seu pai, está sentindo a dor pela falta dele. Isso é normal, eu sei. Você está muito triste e eu to aqui com você. Eu te amo, e não vou te deixar no momento que você mais precisa.
  - Eu só quero estar sozinho.
  - Então vou ficar sozinha com você. Eu não vou sair desse carro, e se você sair, vou atrás você. Não vou te abandonar.
  Gustavo ficou encarando o horizonte com as mãos no volante ao som do motor de seu carro. Ficou pensativo por algum tempo naquele silencio de palavras. Fechou os olhos, abaixou a cabeça e deu um leve suspiro apertando o volante com as mãos. - Está bem. Você vai comigo - Ele respondeu saindo calmamente com o carro.
  Dirigiu por quase vinte minutos sem rumo, virando aleatoriamente até, por fim, parar na sua casa. Ela foi atrás dele. Entraram. Ela ficou em pé atrás dele, enquanto ele pegava algo no fundo do armário do quarto dele. Deixou sobre a mesa uma garrava de Jack Daniel's, deixou sobre a mesa da cozinha e pegou dois copos pequenos. Rebeca estava parada na frente dele do outro lado da mesa com os braços cruzados e olhando fixo para ele. - Eu não vou beber - Ele deu de ombros e começou a tomar. Uma, duas, três doses. Quando pensou na quarta dose, ele ficou encarando a garrafa, e apenas ouviu uma voz feminina. - Não. Vamos voltar. Ele a obedeceu. Fechou a garrafa e deixou tudo lá sobre a mesa mesmo. O efeito o uísque não lhe subira à cabeça. Ficaram quase duas horas lá antes de partirem de volta.
  Voltaram, por fim, para a casa dela. Gus saiu do carro e, antes que ele fechasse a porta, ela saiu, deu a volta no carro e parou bem na sua frente. Ele então colocou-a de costas para o carro e abraçou com força, como se era para ter certeza que ela não escaparia. Ela retribuiu, sentindo o perfume delicioso dele. O perfume que ela tanto amava. Enquanto ela respirava fundo para sentir o cheiro dele, ele sussurrava no ouvido dela "obrigado".
  Gustavo estava chorando. Ficaram um minuto, talvez dois lá, parados ao lado do Camaro em frente à casa de Rebeca e sua prima, abraçados. Gustavo estava lembrando de toda a cena que se passava:

  Era numa quarta-feira. Por volta das 15 horas daquele dia que era um dos dias iniciais do mês de outubro, Gustavo estava trabalhando, terminando uma matéria quando recebeu uma ligação. Era do seu pai.
  - Hey Guga! - O ânimo, a alegria e êxtase era facilmente percebido pela voz radiante de seu pai.
  - Olá pai! Está tudo bem com você?
  - Está tudo ótimo. Melhor impossível. Tenho uma coisa para te contar!
  - E o que seria? - Disse, sério e concentrado no seu trabalho, como se estivesse louco pelo fim da ligação.
  No fundo do telefone, Gustavo escutava um ronco forte de motor. A expressão dele mudou completamente ao escutar aquele ronco. Uma alegria arrebatadora lhe subia pelo corpo. - E-esse é o Corvete? - disse ele gaguejando, como se não acreditasse.
  - Sim - Disse o pai dele, pisando no acelerador novamente fazendo o motor rugir novamente.
  - Não estou acreditando. E ele está funcionando tudo certo?
  - Ainda não sei. Ele ligou e, pelo som, está impecável. Quero dar uma volta inaugurativa com ele, e achei que gostaria de vir comigo.
  Gustavo ficou extasiado. - Estarei aí em 15 minutos.
  - Estarei te esperando - disse o pai dele rindo, antes de desligar o telefone.
  Antes de dar quinze minutos, Gustavo chegara na casa de seu pai que lhe esperava sentado naquele Corvete 94' amarelo com detalhes pretos. Gustavo ficou boquiaberto ao ver o carro que estava como novo, enquanto lhe via à mente as imagens de quando aquele mesmo carro havia chegado na garagem do pai. O carro estava quase todo enferrujado, com a pintura descascando, um motor pelas metades, bancos rasgados e mofados, faltando uma roda além do estepe... Normalmente, as pessoas diriam que não tinha jeito de arrumar aquele carro, que não deveria ter saído do ferro-velho, mas o pai do Gustavo não era comum, via conserto e ainda por cima fazia acontecer. Parecia um dom que ele tinha.
  Após toda admiração, saíram para dar uma volta, para sentir como havia ficado os reparos. Freava bruscamente, chegando a assustar Gus, só para "testar" os freios (que estavam funcionando muito bem, aliás), rindo da cara que seu filho fazia. Virava de um lado para o outro da rua, estavam brincando com o carro.
  Pai e filho se divertindo muito como deveria ser. Até que, num cruzamento, pararam no sinal vermelho, sem parar de rir. Gustavo olhou para o seu pai e, mudando sua expressão de alegria para surpreso, medo, ele via um carro que estava tentando fazer a curva, mas que perdera a tração traseira e estava vindo sem controle. Ele olhou o terror nos olhos do motorista instantes antes do acidente. O seu pai nada vira, estava distraído olhando para o filho e rindo.
  Quando aconteceu, o Honda estava vindo cerca de 60 Km/h no instante que bateu. Acertou em cheio a porta do lado de seu pai, acarretando-lhe uma fratura de 3 costelas. Chegando no hospital, descobriram que havia, também, perfurado o pulmão. Gustavo estava inconsolável e extremamente abatido. Via o seu pai, com 62, no hospital, enfaixado e imobilizado, torcendo pelo melhor. Ficou três dias naquele quarto. Mal comia ou bebia algo, não conseguia dormir. Ficava sentado na cadeira olhando o seu pai em coma induzido e torcendo pelo melhor. Infelizmente, o seu pai não resistiu e veio a falecer. O motorista do outro carro também fora para o hospital devido a uma batida violenta da cabeça com o volante. Cortou a testa, uma leve fratura no nariz e uma pequena rachadura no crânio, mas não houve mais notícias dele.
  Rebeca até ficou com Gustavo no hospital, mas era como se ela não estivesse lá. Gustavo nem sequer falava ou olhava para ela. Ficava apenas sentado na poltrona ao lado da cama de seu pai, o olhando fixo. Apesar de tudo, fora essencial  para ele a presença de sua amada.

  Ele deu um passo para trás, enxugou as lágrimas e disse, mais uma vez, agora mais alto. - Obrigado.
  Ela sorriu para ele, beijou-lhe o queixo e foram, a passos lentos e de mãos dadas, para casa.
  - Eu te trouxe umas roupas suas. Enquanto você procurava aquela garrafa, pequei algumas roupas suas e coloquei na minha bolsa. Tome um banho. Vai te relaxar um pouco.
  Ele sorriu para ela, beijou-a e entraram.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Uma história sem título - Capítulo 10°

  Meses se passaram, as estações mudaram, as pessoas cresceram, amadureceram. Gustavo e Rebeca continuam juntos e se amando cada dia mais. Rebeca ainda mora com a prima e Gustavo sozinho. A banda se desfez. André e Bruno se mudaram com uma semana de diferença um do outro. Enquanto Bruno fora para a Inglaterra, André ficou no Brasil ainda, ele se mudou para São Paulo e nenhum dos dois imagina quando irá voltar (isso é, se forem voltar).
  É, enfim, natal. Gustavo ajuda Rebeca e a mãe dela nos preparativos para a ceia de natal.
  - Então, Gustavo, vai ficar mesmo para ceia? - Perguntou Paula, mãe de Rebeca.
  - Se a senhora me permitir, sim.
  - É claro. Você já é da família. Viemos para cá para poder te conhecer. Será um prazer tê-lo à mesa conosco.
  - Obrigado - Ele sorriu para ela, que retribuiu com outro sorriso ainda mais alegre.
  Mais tarde, quando, por fim, terminaram, eles sentaram todos na sala para conversar. Os pais dela perguntaram o que ele fazia, a idade, de onde vinha, um interrogatório sobre a vida dele.
  - Então, Gustavo, e seus pais? O que fazem?
  Nesse momento, a expressão alegre e tranquila dele fora deixando o seu corpo, dando lugar à tristeza e reflexão. Ele ficou quieto, abaixou a cabeça olhando para o tapete felpudo, suas mãos se juntaram e seus dedos ficaram tensos, ele apertou os seus lábios e tentou, sem sucesso, segurar uma gota que estava no canto do seu olho. Por fim, ele tomou coragem, recuperou o fôlego, levantou o rosto com confiança e disse, por fim:
  - Desculpem. A minha mãe faleceu quando eu tinha 16 anos, pouco tempo antes de eu entrar na faculdade. Ela teve uma parada cardio-respiratória repentina e, mesmo depois de levá-la ao hospital, ela não resistiu e nos deixou dois dias depois. Pegou todo mundo de surpresa. Ela era muito saudável com tudo. O meu pai, infelizmente, morreu num acidente de carro há dois meses, quase três. Ele estava parado no sinal, estreando um carro que ele tinha acabado de consertar, um carro perdeu o controle e bateu na porta do carro dele. A pancada foi muito forte e, por já ter uma certa idade, não resistiu aos ferimentos.
  Gustavo deixa escapar outra lágrima. Todos ficaram sentidos. O clima fora mudado drasticamente de alegria para melancolia, luto. Um silêncio ensurdecedor tomou conta do lugar, até que Gus decidiu voltar a falar.
  - Gente, não precisam ficar assim por minha causa. Aconteceu e pronto. Desculpem, não queria deixar a casa nesse clima. Principalmente nessa data. Se me derem licença, vou para a cozinha beber uma água - E saiu a passos leves e lentos em direção à cozinha, contrastando a cabeça erguida e confiante que ele exibia ao sair da sala.
  - E-eu vou tomar um banho - Gaguejou Paula - As visitas devem estar pra chegar.
  Rebeca pediu licença ao pai e à prima e saiu em silêncio também. O ambiente, mesmo assim, ficou pesado, deixando todos muito pensativos.
  Chegou ela à cozinha, Gustavo estava com um copo de água à sua frente e ele de costas para a cozinha. Rebeca chegou abraçando-o por trás e apoiando a sua cabeça nas costas dele. Gustavo não esboçou reação, ficou ali olhando fixo para o copo, sem mostrar sentimento algum. Nem alegria ou tristeza, ódio ou compaixão. Nada. Sua feição era de alguém que não tinha emoções. Lembrar do seu pai foi um golpe muito forte para ele.
  Nenhum dos dois falavam uma só palavra. Apoiado com os dois punhos serrados sobre a mesa e o copo cheio no meio, ele apertava ainda mais as suas mãos e também os lábios. Por fim, virou-se para Rebeca, abraçou-a, beijou-se a testa e apenas disse uma única palavra antes de sair pela porta.
  - Desculpa

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Uma história sem título - Capítulo 9°

  Pouco depois das 20 horas daquele dia.
  Rebeca e Gustavo estavam chegando na festa. Gustavo elegante como sempre. Rebeca mais linda como nunca. Desceu então ele e, antes que ela agisse, como um verdadeiro cavalheiro, Gus abriu a porta para a jovem moça e lhe deu a mão. - Me permite? - Disse ele olhando nos lindos olhos dela que refletiam as luzes da rua. Ela apenas sorriu, corou-se e, apoiando delicadamente a sua mão na dele, saiu finalmente do carro. Foram os dois para festa. Ela com o braço dado ao dele. Eles formam um lindo casal.
  Entraram. Ele não conhecia ninguém lá dentro, realidade diferente de Rebeca, que a cada passo que dava via um conhecido diferente. A cada parada que faziam para conversar com algum amigo ou alguma amiga dela, Gustavo era apresentado.
  Depois de muita conversa, Rebeca teve uma ideia.
  - Ai, Gus.... Vamos dançar?
  Ele a olhou pensativo, mas decidiu aceitar o convite. Ela ficou muito feliz, comemorou com tímidos movimentos e o puxou até a pista de dança.
  Eles estavam se divertindo tanto. Num dado momento, vindo por trás de Gustavo, uma figura masculina não muito grande, mas que se fazia notar. Rebeca, então, o reconheceu, parou de dançar e chamou por ele.
  - Oi Marcelo!!!
  - Rebeca? É você?
  - Sou eu sim! Não sabia que estaria aqui!
  - Umas alunas me chamaram para vir. Não vou ficar muito. Mas não custa nada se divertir um pouco.
  Eles riram. Parado ao lado dela olhando com dúvidas para o homem que aparecera atrás dele e estava roubando a atenção de sua parceira, Gustavo não emite som algum, apenas fica olhando os dois.
  - Ah, Marcelo, esse daqui é o Gustavo. Um "amigo" meu. Ele é jornalista.
  - Prazer, Gustavo. Eu sou Marcelo. Sou um professor da faculdade. Ministro aula para Rebeca. Aliás, não sei se ela te contou, mas ajudei ela a encontrar a sala. Ela estava perdidinha na ora.
  - Prazer, Marcelo. Eu já sabia dessa, ela me contou. Fico feliz que tenha ajudado ela a se localizar.
  - Você faz jornalismo? Você se formou aonde?
  - Fiz UnB. Me mudei para UDI há alguns anos. É uma ótima cidade.
  - Meninos, eu já volto. Vou pegar uma bebida para mim. Fiquem conversando aí. - Rebeca saiu. Ela sabia que deveria deixar os dois sozinhos por um tempo. O ciúme na cara de ambos é gritante, porém, apenas os dois enciumados não perceberam.
  - Então.... Gustavo. Você conhece a Rebeca há quanto tempo?
  - Já fazem algumas semanas. Meses até. Conheci ela numa festa como essa.
  - Ah sim... Bem, já vou indo. Estão me chamando ali. Até mais.
  - Até....
  Gus ficou sério enquanto Rebeca voltava com dois copos. Entregou um para ele e o questionou do paradeiro do seu professor.
  - Ele disse que foi chamado. Não sei onde está, mas não deve estar longe. Saiu há poucos segundos.
  Ela o olhou com um um sorriso de lado e bochechas cheias, uma expressão de desconfianças. Num segundo mesmo já mudou para uma expressão mais alegre e, segurando pelo braço, chamou-o - Vamos sair daqui. Vamos lá para fora.
  Eles foram, então, para o quintal atrás da casa. Não tinha ninguém, porém, estava iluminado. Eles pararam de frente um para o outro a alguns metros da pequena piscina e iluminados apenas pelo luar e pelas duas lâmpadas próximas à porta. Ela passou as mãos sobre os ombros dele e entrelaçando os dedos por trás do pescoço dele. Rebeca o olhou bem nos olhos de cabeça erguida enquanto Gus segurava-a pela cintura.
  - Você não ficou com ciúmes, não é, Gus?
  - Ele a olhou com desdém, negando as palavras dela.
  - Não mente para mim Gus. Estava na cara. - Ela pensou em falar que estava com a mesma cara do Marcelo. Dizer que ambos estavam com ciúmes, mas achou melhor deixar essa informação apenas na sua mente, pois a informação poderia não ser muito bem recebida por ele. - Ele é só o meu professor.
  - Convenhamos, ele é bonito. Olhos azuis, jovem, cabelo da moda, boas roupas. Tá meio na cara o porquê as meninas o convidaram.
  Rebeca entendeu o ponto de vista dele. Não negou a beleza do seu professor.
  Sem uma palavra sequer, Rebeca se ergueu com os pés, aproximou-se do rosto de Gustavo, fechou os olhos e, antes que ele percebesse, seus lábios úmidos se tocaram. Em êxtase, um sentimento lhes subia à cabeça, o corpo estremeceu, seus corações bateram numa só frequência ritmada, dando o ritmo de uma canção perfeita que guiavam na dança dos seus espíritos enquanto seus corpos imóveis sentiam o calor um do outro, seus braços os traziam para mais perto, os copos no chão, derrubados pelos seus pés, nem sequer foram sentidos. No momento, não havia sentimento mais forte do que o deles a quilômetros de distância.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Uma história sem título - Capítulo 8°

  Era passado algumas semanas, e o nosso casal mais próximos do que nunca. Um não sabe ainda que o outro o ama.
  Se encontraram, então, num fim de semana. Foram ao cinema. Depois do filme, sentaram e ficaram conversando sobre a semana. Trabalho, faculdade, amigos, coisas importantes a se fazer.... O papo estava bom. A companhia não poderia ser melhor, mais agradável para ambos.
  - Ah, preciso te contar uma coisa. - Disse, ansiosa, Rebeca - Contar e te convidar. O pessoal da faculdade vai fazer uma festa no próximo fim de semana. Eu gostaria de ir, mas gostaria, também, que fosse comigo.
  Gustavo ficou um tanto surpreso até. Olhou ao redor, mas sem focar em nada. Pensando no que acabara de ouvir. Respirou fundo, suspirou e aceitou, de bom grado, o convite.

  Já na outra semana, Gus se apronta impecavelmente. Uma camisa e uma calça pretas, um sapato também preto, cabelo arrumado e exalando o seu perfume tão adorado para ele quanto pela sua amada. Olhou o relógio em seu pulso esquerdo e via que marcavam poucos minutos para as 19 horas. Se olhando no espelho, sorriu e disse para si mesmo em voz alta, como se conversasse com a figura que estava pousada em sua frente. - Está bonito.
  Pegou as chaves e partiu ao encontro de Rebeca. Estacionou o carro bem em frente à porta, desceu e, bem no momento de bater à porta, congelou. Preferiu gastar poucos segundos imaginando a sua imagem. Ela descendo as escadas com algum vestido, talvez um azul, deixando seus braços de fora à mercê do vento, assim como as suas costas. Cabelo preso e uma maquiagem simples, apenas para saciar a sua vaidade. Tocou, por fim, a campainha, não demorando muito para ser atendida.
  - Olá, Gus! Vamos, entre! Fique à vontade. Daqui a alguns minutos ela desce, já está terminando de se arrumar. - Juliana fora simpática à sua chegada. Sentou no sofá, apoiou seu tornozelo esquerdo no joelho da outra perna e esperou pacientemente pela jovem que viera buscar.
  O som da maçaneta acusou a chegada de Rebeca. Gustavo se levantou e olhou pronta e ansiosamente para a escada que viria ela descer. Cabelos soltos caindo apenas pelo ombro direito, maquiagem simples, um vestido que era segurado apenas pelo ombro esquerdo, que descia-lhe o busto e terminava na altura dos joelhos. Um vestido vermelho belíssimo que deixou boquiaberto o rapaz. O som do salto na madeira da escada ritmava a sua descida. Sua mão pousada delicadamente no corrimão mostrava a sutileza e a elegância que trouxera contigo.
  Ela se aproximou dele e disse - Vamos?
  Com a boca semiaberta com um sorriso de canto de boca, ele respondeu:
  - Você está.... LINDA!!!
  Ela abaixou a cabeça timidamente, sorrindo por trás das mechas de cabelo sobre seu rosto. Eles foram, por fim, ao carro. Antes de entrar, quando ele abriu a porta para ela, Rebeca o abraçou de olhos fechados, apoiando a cabeça no peito dele, e sorrindo ela disse - Eu tenho muita sorte de ter você. Obrigada. Você está muito lindo também.
  Ele sorriu e partiram para a festa.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Uma história sem título - Capítulo 7°

  Na outra semana, na volta da viajem de Gustavo, tudo estava indo bem. A matéria parecia der sido um sucesso, conheceu pessoas legais, se divertiu e passou um bom tempo na estrada, um dos seus lugares favoritos. Porém, não via a ora de se encontrar novamente com Rebeca, aquela mocinha ruiva que ele aprendeu a amar assim de repente.
  Chegando em casa foi ouvir, como de costume, os recados na secretária eletrônica. Não tinha muitos. Uma do Bruno se tratando dos ensaios, outra da Rebeca sobre a volta dele. Algo como "Que a viajem tenha sido tranquila e muito boa para você. Me liga quando chegar". Gustavo queria ligar, queria mesmo, mas acha que estaria atrapalhando. Não é normal ligar para alguém quase à meia noite. Ele tirou a camisa, pegou o celular e deixou o seu corpo cair sobre a cama. Ficou olhando o nome dela no celular, pensando se liga ou não para ela.
  O dilema se estendia, os ponteiros do relógio giram e nada dele decidir. Pega o controle da televisão, procura alguma programação do seu agrado, mas a sua mente está voando, pensando ainda se deveria ligar ou não. Por um lado, estaria atrapalhando ela, podendo até acordar, sem querer, alguém que não Rebeca. Por outro lado, ela deveria estar preocupada, pois sabia que chegaria hoje e que, se não liguei, algo poderia ter acontecido e ela deveria estar preocupada.
  Ele suspira, passa a mão no rosto, no cabelo e nada de decidir. Por fim, manda uma mensagem. "Você deve estar dormindo. Passei só para avisar que cheguei bem, a viajem foi boa. Longa, mas foi boa. Se você está dormindo e só leu de manhã, bom dia".
  Após enviar a mensagem, Gustavo foi tomar um banho. Poucos minutos depois, após desligar o chuveiro, ele escuta o seu celular tocando. Enrolou-se com a toalha e fora atender.
  - Alô?
  - Oi Gus! É a Rebeca! Não estava dormindo. Tinha acabado de  estudar.
  - Ah sim! Fiquei com medo de te acordar ou acordar a sua prima.
  - Não se preocupe. Como foi lá:? Se divertiu?
  - Ocorreu tudo bem. Fiz a matéria e, provavelmente, amanhã ou depois deve ser impresso. Admito que foi um pouco chato, mas voar nos balões é divertido. Esse é o lado bom de ser jornalista: Conhecemos pessoas interessantes em lugares diferentes fazendo coisas legais. Pegamos um pouco da diversão de cada um.
  - Fico feliz. Eu quero um dia viajar o mundo.
  - Podemos viajar um dia - Inconscientemente, Gustavo notou um livro que havia ganhado há alguns meses. "A Volta ao Mundo em 80 Dias" de Júlio Verne sobre a estante à sua frente. Riu em silêncio devido à coincidência.
  Eles ficaram conversando por um longo tempo. Gustavo colocou uma roupa enquanto falava e se deixou. Quando o relógio marcava alguns minutos antes das duas da manhã, no meio da conversa, Gus chamava por Rebeca. - Está aí ainda? Ou será que você dormiu? - Ele escutava apenas uma respiração leve, lenta e ritmada. - Vejo que dormiu mesmo - Ele sorriu. - Bem, não sei se está ouvindo mesmo, mas boa noite para você, meu anjo. Durma bem. - E desligou.
  Fora adormecer alguns minutos depois com um sorriso no rosto. Estava ele imaginando a jovem adormecida sobre a cama. As mãos pousadas delicadamente sobre a barriga, uma camisola simples que não mostrava nada, nem sequer desperta desejo em homens. Pensou uma imagem que despertara não um desejo pervertido, mas um amor e um desejo de estar jundo daquela jovem moça.
  Pensou então posteriormente que ela poderia estar deitada de lado, como se desejasse um último beijo do dia dado pelo homem que amava, vestindo uma grande camiseta velha de alguma banda que ela goste e um short simples. Mas essa mudança de imagem não diminuiu o seu desejo da presença da garota. Fechou então os olhos e lembrou do seu perfume, do toque de sua mão, da sua voz angelical e do sentimento de segurança e felicidade que sente ao estar jundo dela. Ele sabia, desde então, que estava a amando.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Uma história sem título - Capítulo 6°

   - Por que não me disse lá fora que era professor? Que seria o MEU professor?
  Rebeca, depois do fim da aula, abordou o seu novo professor. Indignada e surpresa de saber que o rapaz que a ajudara fosse o seu novo professor.
  - Você não perguntou. - Sorriu ele da graça que acabara de fazer. - Você só queria saber onde seria a próxima aula, não o seu professor.
  - Achei que fosse aluno. Um veterano.
  - Eu sou um veterano... Em partes. Estudei aqui há alguns anos atrás e decidi me tornar professor. Estudei para isso. Eu sou calouro, como você, só que sou calouro como professor.
  Depois de alguns minutos de conversa, para evitar se atrasar, Rebeca se despede do seu novo professor e partiu para a próxima aula. Apesar de achá-lo bonito e simpático, não se passou muito tempo até que Gustavo voltasse a dominar a sua mente. A vontade de falar com ele crescia a cada instante, mas imagina que vá atrapalhá-lo, então nem sequer pega o telefone.
  Por volta das 13 horas, após o termino das aulas matutinas de Rebeca, ela decide, então, ligar para o Gustavo, ela sabia que estava na hora de almoço dele.
  - Olá, Gus!
  - Oi Rê! Tudo bem?
  - Tudo sim. E com você?
  - Eu to bem. To resolvendo algumas coisas para a viajem. Aconteceu algo?
  - Não não, só queria ouvir a sua voz, saber que está bem.
  - Ah sim! Como está sendo o primeiro dia?
  - Está tranquilo. Tive um probleminha para achar a minha sala mas isso é normal. Ainda bem que não perdi a aula.
  - Fico feliz por você.
  - Devo estar te atrapalhando. Olha, vou desligar aqui. Mais tarde começa a próxima aula e não quero me atrasar. A noite a gente se fala?
  - Nos falamos sim. Beijos e boa aula.
  - Beijos.
  Gustavo voltou então a trabalhar e Rebeca foi almoçar.

  Quinta-feira de manhã.
  Gustavo arrumando os últimos detalhes para a viajem. Pouco antes de partir, já dentro do carro, ele decide então ligar para Rebeca. Porém, ela não está atendendo. Ligou duas, três, quatro vezes, mas nenhuma fora atendida. "Ela deve estar dormindo" pensou ele. Porém, quando ele ligou o carro, à sua frente, a figura daquela moça ruiva com uma calça simples e uma regata incomum lhe fez presente. Deixou o carro ligado e foi abraçá-la.
  - Não poderia deixar você partir sem um abraço.
  Aquele abraço tomou conta do seu corpo, envolveu-a de modo que ela não queria sair mais. Sentia-se segura, protegida, amada. Aquele abraço que durou segundos, que pareceu horas, poderia ter durado a vida toda. Ela sentia o cheiro dele e esquecia do mundo. Porém, infelizmente, ele tinha que partir. Antes de partir para o festival, ele ofereceu a ela uma carona até a faculdade. Ela aceitou. Passaria, então, um pouco a mais de tempo com aquele que, de acordo com a sua mente e seu desejo, era o único compatível com o seu coração, sua mente e seus ideais.
  Chegaram, enfim, nas imediações da faculdade. Ela saiu do carro e enrolavam, pois nenhum dos dois queria, de certo, partir. Mas, infelizmente, ele tinha que ir trabalhar. Depois de alguns minutos, assim ele o fez. Partiu, deixando-a ali em pé a olhar o carro virar a esquina. Ela apertou os livros em seu peito, sentiu o perfume dele em suas roupas e foi para a aula feliz.
  Ela estava, de fato, amando-o.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Uma história sem título - Capítulo 5°

  - Vamos dorminhoca, hora de levantar. Vai se atrasar para o seu primeiro dia na faculdade. - Grita Juliana arrancando as cobertas de cima de Rebeca e abrindo a janela, deixando a luz do sol invadir o quarto.
  Rebeca se levanta aos poucos, ainda lembrando da noite anterior. "Como eu vim parar aqui" ela pensa. "Não me lembro de ter caminhado para o meu quarto, muito menos voltado para casa" ela esfrega os olhos, franze a testa e passa a mão no cabeço despenteado. "Será que foi tudo um sonho? Não pode ser". Rebeca então cheira a sua roupa e sente o cheiro de Gus. Deixou, sem perceber, escapar por entre os lábios.
  - Será que ele esteve aqui?
  Juliana, que estava se arrumando no banheiro, se adiantou à fala egocêntrica de sua prima. - Você dormiu no carro dele. Ele te trouxe e te colocou na cama. Estava desmaiada. Ao menos ele é educado.
  Rebeca enrubesceu-se e calou, deixando escapar um leve sorriso no canto de sua boca. Levantou-se, então, feliz, pois a noite fora real. Deitou ao lado daquele homem e ficaram olhando as estrelas. Sentiu o bater ritmado do coração dele, o doce toque das mãos dele em suas costas. Ela o sentiu como nunca havia sentido homem algum.
  Enquanto isso, não muito longe, Gus está finalizando as suas pesquisas no jornal. Nervoso devido ao pouco tempo que tem, ele olha, de vez em quando, para o seu celular. Nele, há a uma foto de Rebeca, a única que ele tem dela. Ela tirou quando estavam sentados no parque rindo. Ele não para de pensar nela.
  Lá na universidade, Rebeca está tímida, andando pelo campus com a cabeça baixa, passos lentos, fone de ouvido e sozinha, procurando o lugar da sua primeira aula. Meio perdida, ela anda sem rumo a procura do lugar certo, mas com vergonha de perguntar a alguém. Um jovem rapaz de cabelos negros aborda ela após reparar que aquela moça parecia estar perdida.
  - Oi! Com licença... Você é uma caloura?
  - O-oi - Disse rebeca tirando o seu fone enquanto o cabelo cobre o seu olho esquerdo - Hoje é o meu primeiro dia, então eu não sei onde tenho que ir.
  -Me desculpe, não me apresentei. O meu nome é Marcelo.
  - Rebeca, Prazer. Pode me ajudar? Sabe me dizer para onde eu tenho que ir?
  - Tudo bem - Disse ele simpaticamente - Aconteceu quase a mesma coisa comigo. A diferença é que ninguém me ajudou e eu cheguei na sala faltando 20 minutos antes de terminar a aula. - Eles riram - Onde precisa ir? Qual é a sua primeira aula?
  Rebeca fica quieta, mas mostra um pedaço de papel contendo as informações que ele queria saber. Ele lê e, rapidamente, abana a cabeça levemente.
  - Entendi. A sua aula começa daqui uns 10 minutos neste prédio atrás de mim. A sua sala fica no segundo andar. De lá, você saberá onde fica a sua próxima aula, então não se preocupe. As salas tem número, é só achar a sua. 
  Ela agradeceu meiga e timidamente enquanto ele responde com um simples sorriso e cada um segue o seu caminho.
  Ao chegar na sua sala, sentou em um lugar aleatório e ficou esperando junto a um livro.
  - Bom dia, classe! - Veio uma voz algum tempo depois que ela chegou. Guardou o seu livro e se preparou para a aula que estava a começar. Quando olhou para o professor, alguém que ela jamais imaginaria que poderia ser. - O meu nome é Marcelo e eu sou seu professor hoje e serei o seu professor nesse mesmo dia nessa mesma hora durante o resto do seu primeiro período. - Ele olhou para Rebeca e deu um sorrido. - Espero que gostem do curso assim como eu gostei. Garanto-lhes uma coisa: Vocês não vão se divertir e alguns de vocês vão, praticamente, me odiar.... O resto com certeza.  - A turma riu.
  Rebeca abaixou um pouco a cabeça e simplesmente sorriu. Quando ele a olhou novamente, ela disse, sem emitir nenhum som, "Obrigada". Ele entendeu e simplesmente sorriu.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Uma história sem título - Capítulo 4°

  Alguns dias se passaram. Enfim, um dia antes do primeiro dia de aula da Rebeca. Gustavo decidiu, então, propor de se verem mais uma vez antes dela ficar ocupada demais com a faculdade. Foram se ver então numa praça próxima.
  Domingo, por volta das 17 horas. Gustavo está sentado tomando um picolé esperando pela chegada de Rebeca. Bermuda jeans, tênis, uma camiseta branca lisa e um boné. Simples e bem vestido para um domingo no parque. Num dado momento, ele olha com o picolé na boca para a esquerda e percebe vindo, ao fundo, uma moça com longas pernas brancas andando formosamente em sua direção. Ela está vestindo sandálias, um pequeno short e uma regata. Seu cabelo ruivo o hipnotizaram, até pareciam estar em "câmera lenta" ao vento. Gustavo ficou boquiaberto devido à beleza de sua acompanhante vindo ao seu encontro.
  - Você está.... linda! - Disse ele levantando quando ela chegou perto.
  - Obrigada. Então - Disse ela sorrindo meio tímida devido o elogio - o que pretende fazer?
  - Não sei. Andar por aí, conversar, e talvez decidir algo durante o dia. Vamos apenas viver. Deixar as nossas vontades tomarem conta do nosso destino hoje.
  "Se dependesse dos meus desejos mesmo, acho que não seria muito aceitável e você sairia correndo de mim, meu querido Gus". A cabeça de Rebeca fica agitada, diferente dela e do seu olhar fixo aos olhos dele. Eles caminham lentamente pelo parque. Conversam sobre o clima, política, música, tecnologia, história, entre vários outros assuntos. Bem, Gustavo fala mais do que ouve. Rebeca fica admirada e escuda cada palavra que sai por entre seus pequenos lábios.
  - Quer um sorvete? Eu pago.
  - Não precisa...
  - Eu insisto! - adiantou ele - Dois, por favor. Um de Limão e um de... Do que você quer? - Rebeca fica em dúvida, mas falou que não precisava. - Você gosta de limão? Então dois de limão, por favor.
  - Você não tem jeito, né Gus?
  - O que? Tá quente, picolé é gostoso e eu não to afim de tomar outro sozinho. Vamos. Quer sentar em algum lugar?
  Sentaram, por fim, sob uma árvore alguns metros de onde estavam. O vento ajudava a refrescar um pouco o clima.
  - Sabe, gosto muito de sorvete. Acho que pode se dizer que é a comida preferida.
  - Mas não seria "sobremesa"?
  - Sobremesa também é comida. Doce é comida. Por que não poderia dizer que sorvete é comida? - Perguntou Gus rindo, sem esperar uma resposta, e assim se seguiu.
  - Então, Gus, como está no trabalho?
  - Parece que vou precisar viajar no fim de semana. Preciso cobrir uma matéria sobre um festival de balonismo mineiro. Vou terça-feira de manhã para lá. Tenho que preparar tudo antes de ir. Vai começar quinta e termina segunda-feira. Volto só na outra terça. Vai ser cansativo, mas, pelo menos, vai render uma grana extra devido ao tempo, desgaste e tudo o mais.
  - Onde vai ser esse festival?
  - São Lourenço. 9 horas de viajem quase. Vou de carro, vou tranquilo, sozinho. Sem problemas. Adoro a estrada., principalmente pelo fato de que eu vou estar um tempinho a sós com o meu Chevy. Eu não sei o que faria sem aquele carro.
  - Bem, cuidado na estrada. Me dá um toque antes de ir? Quero, se me permite, me despedir.
  - Despedir? Vou ficar uma semana fora a trabalho. Coisa simples. Não se preocupe. As vezes eu faço viagens assim. Mas tudo bem, se quer mesmo, eu te ligo. Mas é bem cedo que eu vou, não reclama de estar te acordando depois.
  - Não se preocupe
  O riso deles pareciam sincronizados, ensaiados.

  O tempo e engraçado. Nos dias mais divertidos, quando estamos com as pessoas que mais gostamos, fazendo o que amamos, parece até que o tempo fica com ciúmes e corre, fazendo que chegue, quando menos se espera, o momento da despedida. "Quem dera Deus permitisse a mim parar esse tempo apressado para que ficasse mais um pouco com ela" pensou Gus.
  Já é de noite, e ambos precisam ir para casa. Gustavo ainda tem muito o que arrumar para a viajem e ainda tem uma matéria incompleta que tem que terminar antes da viajem. Rebeca tem o seu primeiro dia de aula. São quase 8 horas da noite e eles estão deitados na grama olhando o céu.
  - Eu adoro as estrelas - Disse Rebeca após um suspiro longo.
  - Sabe, eu também. Mas eu quase nunca olho aqui na cidade. Muita gente em volta, carros, prédios, movimento... Eu gosto de ficar em um lugar mais tranquilo para fazer isso. - Sem perceber, Gustavo deu uma pista sobre o seu "lugar secreto" onde vai quando quer fugir da rotina.
  - Como assim? Onde você olha as estrelas? - Disse ela levantando o tronco e olhando com dúvidas para ele.
  - Eu tenho um lugar especial. Quer conhecer?
  Então foram eles em direção ao carro dele. Após alguns minutos, estavam na estrada. Rebeca estava confusa, queria saber por quanto tempo iriam ficar na estrada. E quanto mais o tempo passava, mais receosa ela ficava. Não sabia onde ele estaria a levando, mas, por algum motivo, sabia que estava segura com ele e só com ele.
  Depois de quase uma hora na estrada, chegaram, enfim, ao lugar que Gustavo tanto vai.
  Surpresa ao olhar para cima e ver as incontáveis estrelas a mais no céu, Rebeca fica boquiaberta e com um sorriso enorme no rosto.
  - Vem! - Disse Gus. - Deita aqui no capô. Dá para ver melhor.
  Ela olhou para ele sem tirar aquele doce sorriso bobo do rosto e foi ao seu encontro sobre o carro. Deitaram, por fim, lado a lado, pousando as mãos sob suas cabeças e ficaram olhando as estrelas. Ele falava sobre as estrelas, constelações e galáxias. Ela olhava para ele de canto de olho com um sorriso, admirada com cada palavra dele. Como que num impulso seu, ela se aconchegou no peito de Gus. Ele fez uma pequena pausa no discurso, sorriu meigamente e continuou falando após abraçá-la. O sorriso não saía do seu rosto.
  Após algum tempo olhando as estrelas, ele decide que seria melhor irem embora por já ser bem tarde. Quando ele vai chamar pela Rebeca para irem, ele percebe que ela adormecera com um lindo sorriso no rosto. Ele fica feliz. Com calma, apoia a cabeça dela no capô, sai de cima do carro e coloca-a no banco de trás, pondo o cinto do lugar do centro nela e parte de volta para a cidade.
  "Ela fica linda dormindo".

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Uma história sem título - Capítulo 3°

  -O que foi aquilo?
  Juliana e Rebeca acabaram de chegar em casa. Ao fechar a porta, Juliana fez tal pergunta à sua prima.
  - Aquilo o que? - Rebeca se fazendo de desentendida.
  -Você pegou da minha bolsa, arrancou um pedaço de papel do meu caderno e usou a minha caneta para anotar o seu telefone para um casa que você acabou de conhecer numa cidade que você acabou de chegar.
  - Ah, isso... Eu sei lá. - Ela se vira de costas e, corando, sorri timidamente olhando para cima lembrando do doce cheiro daquele homem que despertara algo que nem mesmo ela sabia que existia, uma sensação recém descoberta que Rebeca, sem medo algum, quer explorar até o fim.
  Juliana ri. - Você não tem jeito. Rebeca "arrasa corações".
  -Para! Nem sei se ele gostou de mim. Dei o telefone por... por....
  - Idiotice? Burrice? "Carentice"?
  - Impulso. Mas não vou ficar louca esperando um contato do Gus.
  - Gus? Isso lá é nome de homem? Ta mais pra cachorro babão.
  - Gus é apelido. O nome dele é Gustavo.
  -Entendi... - Juliana olha de canto de olho para Rebeca. Imaginando o que poderia estar passando naquela cabeça ruiva.

  Quinta-feira. 6:30 da manhã. Gustavo levanta num salo, alegre pelo novo dia. Fez a sua rotina e foi para o trabalho. Ele estava, definitivamente, pensando nela.
  Ao chegar no trabalho, não desgrudava do celular, pensando se seria certo mandar uma mensagem à ela, ou se é melhor ficar quieto. "Ó duvida cruel". A mente dele dramatiza o próprio momento de dúvida. Chegou até a escrever, mas os dedos travaram na ora de "enviar", até que deixou, com a mensagem escrita, o celular de lado e vou resolver outros assuntos, como se para esvaziar a mente, mas que era sua obrigação, afinal, tem que trabalhar.
  E o dia se passou até o fim do mesmo jeito. O celular com a mensagem escrita e, toda vez que Gustavo o pegava, paralisava, pensando se realmente devia ou não enviar. Até que, próximo do fim do dia, ele decide enviar, mas quase se arrepende em seguida. "O que estou fazendo? Pareço um adolescente. Caramba, eu tenho 25 anos, não preciso ficar com medo assim. Vou esquecer isso. Já foi, já enviei e pronto. Que babaquice a minha". Antes que chegasse no carro para voltar para casa, recebe a resposta.
  - "Gostei de conversar contigo ontem, Rebeca"
  - "Eu também. Podemos sair qualquer dia desses para conversarmos mais" - Um sorriso de canto de boca lhe apareceu involuntariamente.
  - "Verdade. Esses dias por agora não dá, pois tenho algumas matérias importantes para cobrir. Mas assim que conseguir um momento legal, podemos sair sim. Vai ser interessante".
  - Tá marcado então, senhor "ocupado". - Ele deixou escapar uma risada. Entrou no carro e dirigiu até em casa. Nisso, ficaram quietos. Não houve mais nenhuma mensagem enviada até a chegada em casa.

  -Não acredito. Realmente não acredito. - Rebeca olha com indiferença para a amiga que se fazia de "indignada". - Você está dando mole para um cara bem mais velho que você?
  - Não é "bem mais velho". Ele só tem 25.
  - E você 19. Você não tem jeito mesmo.
  Rebeca se deixou cair de costas na cama. - Não sei explicar, eu senti algo que jamais havia sentido na vida. Parecia até o destino gritando na minha cara "É ele".
  - Para, né. Esse papo de destino de novo? E outra, se o destino "gritou" na sua cara, se eu te conheço, deve ter dito "Não larga desse cara se não vai virar uma solteirona cheio de gatos".
  - Não vale, Ju. Sabe que eu gosto de gatos. Maldade com os bichinhos.
  Juliana se jogou sobre Rebeca e as duas ficaram rindo.
  Algum tempo depois, quando pararam de rir, Rebeca soltou um suspiro longo. - Mas é sério, - disse ela - eu senti algo com ele, senti algo nele que era diferente. Ele é lindo, cheira bem, faz jornalismo e me perdi nos seus olhos azuis. E o melhor de tudo: De tudo que conversamos, percebi que ele tem, no mínimo, bom caráter. Mas quero sair mais com ele e conhecê-lo melhor.
  - Ao menos isso...
  Depois, as duas ficaram conversando sobre outros assuntos completamente diferentes. Fizeram a janta juntas, rindo e conversando. Elas estavam se divertindo como se fossem crianças mesmo. E quando menos esperava, Rebeca recebe uma mensagem. Rindo, ela pega o celular, mas, aos poucos, as feições vão mudando para um ar mais sério. Quando Juliana já estava se preocupando, afinal, algo grave pode ter acontecido, Rebeca deixa escapar um pequeno e singelo sorriso no canto de sua boca. - É ele, não? - Perguntou sua prima com toda a calma. Muda, ela apenas mexeu levemente a cabeça cima a baixo, apertando o celular contra o peito, e sorrindo cada vez mais feliz com o que acabara de receber. Ela digitou algo rapidamente e voltou à programação que fora interrompida.
  Depois de muita risada, brincadeiras e sujeira, finalmente estava pronto. Uma leva de 6 cupcakes. "Agora vem a melhor parte" pensou Rê, e, após tirar do forno, começaram a decorar delicadamente um por um dos bolinhos. Cada um recebendo uma decoração diferente. Bagunça e muita sujeita depois, estava pronto. Comeram, saborearam e chegaram ao veredicto de que estavam todos perfeitos. Mas havia sobrado um que Rebeca escondera. A cobertura era simples: Um espiral de chantili com o escrito "GB"
  Mais tarde, quando se deitaram, Rebeca com o celular sobre o peito e com um sorriso enorme na face, adormece alguns segundos antes da luz do aparelho se apagar.
  - "Boa noite Rebeca Tayllor"
  - "Boa noite Gustavo Bertran"

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Uma história sem título - Capítulo 2°

  Quarta-feira, algo em torno de 8:30 da noite. O dia que ninguém poderia imaginar que teria uma festa. Gustavo está indo no seu Camaro 71' preto para a casa de Ângela, prima do seu melhor amigo. Música, bebida e mulheres. Paraíso para muitos dos homens, mas não necessariamente para Gustavo. Devido à uma traição imperdoável de uma garota chamada Fernanda, ele foi forçado a romper há algumas semanas o seu relacionamento que estava próximo de completar 2 anos, nisso, o fator "garotas" já não teria mais tanto impacto para ele. A música, quando em exagerada amplitude, o incomodava, por isso que nos ensaios ele usava um fone de ouvido, pois abafava parte do som, deixando-o confortável.
  Chegando na casa, encontra logo na porta Bruno, André, Ângela, Daniel, guitarrista da banda, e Vitória, namorada de Daniel. Ao verem o carro do Gustavo, param o assunto.
  - Olhem quem chegou! - Gritou, interrompendo a conversa, Bruno.
  Descendo do carro, meio tímido, Gustavo ergue a mão, acenando ao pequeno grupo. - Olá, pessoal.
  - Estávamos falando do ensaio de sábado. Vê se não falta.
  - Pode deixar. Oi Ângela, obrigado pelo convite.
  - Não esquenta com isso. Relaxa e curte a festa. Chegou boa parte dos convidados. Divirta-se. Coma e beba à vontade. Mi casa es su casa. Talvez encontre algum conhecido.
  - Obrigado.
  Diferente do exterior, o interior da casa estava com uma iluminação escura de "luz negra", música razoavelmente alta, o bastante para que Gus ainda suporte, muita gente conversando, rindo e dançando. A casa tem um interior relativamente grande. A cozinha americana se parecia mais com um bar. Bebidas à vontade e um barman cuidando de tudo, há muita comida próxima também. Gustavo fez um pequeno prato de salgadinhos, pediu uma bebida e ficou lá no bar mesmo, tentando deixar que a "festa o contamine", ao menos, era o que ele queria. "Deixe o clima da festa te contaminar, Gus" pensou ele de olhos fechados.
  Meia hora se passou e nada. Ele só queria ficar ali, ouvindo a música, comendo, bebendo e pensando nas coisas que tem que fazer no dia seguinte. Até que sentou-se ao seu lado uma garota jovem. Não lhe dava muita atenção, mas também não queria muita atenção de ninguém. Ela queria era ficar ali parada bebendo o seu drink. Gus apenas a olhou, mas achou melhor ficar quieto e abaixou a cabeça com o copo entre as mãos sobre a mesa.
  A moça olhou que Gustavo estava do mesmo jeito que ela e deixou escapar um riso, mas passou desapercebido por ele. Ela fica o olhando. A luz não ajuda muito com os detalhes, mas ela o olha mesmo assim.
  - Dia difícil? - Ela decide quebrar o silêncio depois de poucos minutos.
  - O que? Ah não, só não entrei no clima da festa mesmo. Eu sou daqueles que está no canto vendo todo mundo dançando e rindo.
  - Entendo. Não gosta de dançar?
  - Até gosto. Mas tem dias que eu só quero ficar sentado, tomando um... um... - Ele olha para o seu copo tentando decifrar que drink é este que ele bebe - Um seja lá o que isso for e vendo o povo dançar. Fico aqui na minha, não incomodo ninguém e a noite vai indo assim.
  - Ah sim... Como hoje. - Ela olha para baixo - Desculpa, não me apresentei, meu nome é Rebeca, Rebeca Tayllor. E o seu?
  - Gustavo Bertran. Prazer. Pode me chamar de Gus mesmo.
  - Prazer. Então, Gustavo, quantos anos você tem?
  - Eu tenho 25. E você?
  - Eu fiz 19 semana passada.
  - Olha só! Parabéns!
  - Obrigada. Gus, se importa se continuarmos nossa conversa lá fora? A musica tá muito alta pra mim.
  - Tudo bem - E sorriu para ela, enquanto se levantavam.
  Ao chegar lá fora, ele repara nos cabelos ruivos que jamais havia visto, nisso, a sua boca se entreabriu, seus olhos brilharam e algo que jamais sentira para tamanha beleza lhe veio instantaneamente. Ela se virou para ele, seus olhos castanhos claros o hipnotizaram, deixou-o a mercê do seu feitiço. Teria ele se apaixonado pela garota ruiva de 19 anos? Assim tão rápido? Não é possível.
  Enquanto isso, Rebeca ao olhar para ele viu nos cabelos negros como a noite e olhos azuis escuro uma sensação que jamais sentira. Não só pela beleza, mas algo que emanava daquele homem que ela não sabia explicar, mas que fazia com que ela não conseguisse resistir. Algo que parecia chamar ela e, sem resistir, aceitava. E a boca? Aquela pequena boca parecia um elixir que ela queria usufruir cada dia mais. "No que estou pensando? Eu acabei de conhecê-lo, não posso estar tão louca por ele assim. Não posso ter me apaixonado por um cara que acabei de conhecer. Não é possível". Talvez seja.
  Ambos ficaram quietos por um instante, como se tentassem cada um se acostumar ao que acabara de sentir. Risos e trejeitos aleatórios ao invés de palavras. Gustavo tomou calma o bastante para romper com o silêncio.
  - Então... Rebeca, o que você faz?
  - Faço medicina na UFU. Assim, vou começar agora. Esse é o meu primeiro ano na faculdade. Nem sei o que esperar. E você, Gustavo, o que faz?
  - Eu sou jornalista. Me formei com 22 anos em jornalismo na UnB, um ano depois recebi uma proposta irrecusável para vir a Uberlândia. Adorei a cidade, fiz alguns amigos aqui.
  - Você é de Brasília?
  - Não. Sou de São Paulo. Mas fui pra capital aos 17 para fazer faculdade. Você é daqui mesmo ou, como eu, uma "semi-nômade"? - Ela riu da graça dele.
  - Mais ou menos. Sou de Belo Horizonte. Estou na casa da minha prima. É graças a ela que estou aqui. É amiga de uma menina chamada Ângela e, para comemorar a minha chegada, me trouxe a essa festa.
  - Seja bem-vinda. Qualquer coisa que precisar, pode me ligar.
  - Pode deixar. Vou ligar mesmo - E riram mais um pouco.
  Ao fundo, uma garota vem a passos lentos chamando pela Rebeca.
  - Rê, você está aqui. Eu estou indo embora. Vai junto?
  - Desculpa Gustavo. Essa aqui é a minha prima, Juliana. - Ela estende o braço à prima. - Ju, esse é Gustavo. Tava conversando com ele. - Ela chega perto do ouvido de sua prima e sussurra para ela - Temos que ir mesmo?
  Antes que pudesse responder, Gustavo se adiantou. - É bom irmos mesmo. Já está ficando tarde e eu tenho que trabalhar amanhã. Foi bom te conhecer Rebeca. Juliana....
  Espere! - Disse rebeca puxando, da bolsa da prima, um caderninho e uma caneta. - Me manda uma mensagem ou me liga. - Ela entregou um pedaço de papel rabiscado com números que devem ser do telefone dela.
  - Pode deixar. Até mais e bem-vinda a cidade.
  - Obrigada!
  E cada um seguiu a sua direção.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Uma história sem título - Capítulo 1°

  Noite estrelada de um verão qualquer. Qualquer? Não diria isso, não pelo o que viria a acontecer. Vamos tentar de novo.
  Noite estrelada do verão de 2012. Era começo de janeiro quando Gustavo dirigia o seu "Chevy" numa estradinha perto de Uberlândia. Sem rumo ou sequer destino, ele decide parar no acostamento. Campo aberto e longe da cidade, era tudo o que ele queria.
  Deitou no capô do seu Camaro 71' que era do seu pai e que, após o seu 21° aniversário, passou a ser seu e ficou admirando a imensidão do universo, a beleza das estrelas. Ficou por um pouco mais de uma hora deitado ao som do vento e dos poucos carros que passavam.
  - É, acho que tenho que ir pra casa. Não dá para dormir aqui. Principalmente você - Disse Gustavo dando um tapinha no seu carro. Entrou nele e dirigiu de volta para a cidade por cerca de 30 minutos.
  Chegando em casa, Gustavo pega um bolo de cartas com o porteiro e sobe ao seu apartamento. 9° andar. Enquanto sobe, analisa, sussurrando para si, os papeis em suas mãos. -conta, conta, conta, propaganda, conta, propaganda, propaganda... Que surpresa... conta.
  Enfim em casa. Contas sobre a mesa e propagandas no lixo. Enquanto se despe, ouve as mensagens da secretária eletrônica.
  - Guga? Cara, quando chegar em casa me liga. Precisamos falar sobre as novas da banda. O André conseguiu marcar uma hora sábado naquele estúdio perto de casa que é mais barato. Tudo bem? Me liga cara, é o Bruno.
*Bip*
  - Gustavo, aqui é o Daniel, da empresa. Terminou a matéria dos imigrantes? Preciso dele para amanhã. Assim que puder, vá para a minha sala e entregue. Obrigado.
*Bip*
  - Ótimo... Mudança de planos. Ainda bem que eu terminei, só não dei a revisada final. - Vai à sua mesa e revisa a matéria que escrevera.
  Bem, vamos aos fatos. Gustavo é um jornalista de um grande jornal de Uberlândia, não é renomado, mas consegue pagar as contas. Mora sozinho e é baixista de uma banda. André e Bruno são dois dos seus melhores amigos. Eles se conheceram na faculdade, mas André largou logo após o primeiro ano e decidiu fazer psicologia. André é o baterista e Bruno é o vocalista. O som deles tem influência de bandas como The Calling e Nickelback e estão juntos desde a faculdade.
  Daniel é o seu chefe. Exigente, mas com um grande coração. Sempre que surge uma brecha, ajuda o Gustavo. Mesmo assim, ele não pega leve, sabe do potencial do Gus e procura extrair o máximo disso.
  Enfim, depois de revisar tudo, são quase duas da manhã. "Acho que tenho que dormir" pensou Gustavo. Com 1,80 m de altura, magro e sem porte atlético, se deita apenas com a sua cueca samba-canção preta e azul. É fim de mais um dia comum na vida do nosso protagonista.

  Quarta-feira, 6:30 da manhã. Gustavo se levanta com sono ainda, toma um banho para acordar, coloca sua roupa de todo dia, pega a maleta preta com o seu notebook e vai ao trabalho. Chegando lá, coloca a maleta na mesa e, sem parar, vai em direção ao escritório de Daniel.
  - Olá, Gus! Bom dia!!! - O bom humor sempre tomou conta dele. Gustavo nunca o viu triste, chateado, bravo irritado, estava sempre com um sorriso no rosto e simpático com todo mundo. - Trouxe o que lhe pedi?
  - Ah sim, está aqui - Gus lhe entrega um pequeno pen-drive - Cheguei a noite e só então vi a sua mensagem. Sorte que já havia feito a matéria antes de sair.
  - Ótimo, ótimo. Sente-se, por favor. Como está o seu pai? Forte como um touro?
  - Sim sim. Ele se diz aposentado, mas não para quieto. Arranja sempre alguma coisa para fazer. Esses dias ele estava arrumando o seu Corcel. A garagem dele mais parecia uma oficina de beira de estrada, cheio de peças por aí... Mas muito organizado. - Eles riram.
  - Fico feliz. E você está bem? Tudo tranquilo...?
  - Estou sim. As vezes saio de carro a noite e vou até aquela estrada ao norte para esvaziar a cabeça e ver as estrelas. - Alguns instantes de silêncio tomaram conta da sala - Bem, vou trabalhar. Tenho que fazer a pesquisa para a matéria de sexta e não quero me atrasar. Abraço, Daniel. Qualquer coisa, é só chamar
  - Obrigado, Gus. Boas pesquisar - E saiu.

  Meio dia. Hora do almoço. "Se der tudo certo, consigo dar uma passada em casa ainda". Pegou as suas coisas e foi embora. Decidiu almoçar em casa mesmo. Lembrou de uma lasanha congelada da semana passada e decidiu que era hoje que ele iria acabar com ela. Entrou no Chevy e foi embora. Ritmo calmo e sem pressa, foi aproveitando o caminho ao som de Pink Floyd. Nisso, o seu telefone toca. é o Bruno. Ele deixa no viva-voz:
  - Diga.
  - Hey man, ta sabendo da festa de hoje a noite?
  - Não. Que festa?
  - Na casa da Ângela, minha prima. Achei que já tinha escutado a minha mensagem.
  - Não escutei nada. Tava no trabalho. Que festa é essa, cara?
  - Uma festa básica. Álcool, música boa, festa, mulheres lindas para nós... O que me diz? Topa?
  - Não sei não... Em se tratando de "mulheres", sabe como estou ainda por causa da Fer.
  - Ah sim... a Fer...
  -Sem contar que não gosto muito de ambiente muito.... Barulhento.
  - Relaxa, cara. Qualquer coisa, vai só pra bater um papo com os brothers, comer alguma coisa e pronto. Se ficar insuportável para você, pode ir embora. Não vou te impedir.
  Alguns instantes de silêncio. Gustavo dá um suspiro longo e pensativo. - OK, eu topo. Onde e quando?
  - Lá na casa da Ângela. Aquela que fica a duas ruas acima da minha. Pode aparecer a partir das 8. Não precisa levar nada de mais. Só você mesmo. Vê se não falta com essa. Você precisa relaxar. Vai te fazer bem. Até lá, amigão. Abraço.
  - Abraço... - O a ligação termina com o Gustavo pensando se foi uma boa ideia mesmo ter aceitado. "Por que não? Afinal, vai ter muitos amigos meus.... E não preciso me preocupar com a janta. O Bruno tava certo, vai ser bom pra mim".

  Enfim em casa.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Desabafo às paredes

  Boa noite. Meu nome é Jonas, e eu estou sozinho em casa. Sempre estive.
  Não sou ninguém importante, nenhum famoso e nem exemplar. Estive pensando hoje nas minhas horas vagas que sou quase inútil, uma pessoa fútil. Tenho 19 anos e não trabalho, não faço nada muito especial, tenho amigos como qualquer um, mas não sei dizer se faço o que deveria fazer. Sei que tem muito o que devo fazer para alcançar os meus sonhos, mas essa merda de sociedade me pressiona para ser alguém. Tenho que trabalhar, ser excepcional, estudar e ser o melhor. Porra, depois que parei e pensei, os meus antigos amores agem como se eu não existisse, e talvez não mesmo, não sou o "orgulho da família" e não tenho nada que me orgulhe.
  Não me mato de estudar, não tenho emprego, não tenho garota nenhuma que me ame e que pense em mim antes de dormir. Sou fútil. E tudo isso para que? Seguir uma sociedade que diz ser livre, mas nos molda para uma única regra, um padrão onde temos que crescer na escola, estudando para dar orgulho aos pais como mais um engenheiro, médico, advogado ou cientista renomado, trabalhar, tirar carteira de motorista, encontrar uma garota com que partilhem amores um pelo outro, casar, ter filhos, se aposentar, ver seus filhos e os filhos deles seguirem os mesmos passos seus e morrer, deixando tudo isso para trás.
  Infelizmente, não temos escapatória. Não serei lembrado por outras gerações, não serei alguém de destaque. Apenas mais uma pessoa que se passa nessa vida. Não sendo um gênio.
  Na real, eu acho tudo isso um saco. Uma grande merda mesmo. A pior parte é que, se eu não fizer nada para seguir os padrões, vou, no mínimo, passar fome. Tenho que estudar para ser alguém. Conseguir um emprego no mínimo para ganhar o meu suado dinheiro para sobreviver, esperando a minha amarga morte.
  Sou Jonas, mas poderia ser Pedro, Leonardo, João, André, Bruno, Rodolfo, Carolina, Amanda, Maria, Daniela, Patrícia, Natália, Vitória ou qualquer outra pessoa. Poderia ser você, mas sei que, depois de terminar de ler essas palavras que escrevo em um quarto, deixando apenas as paredes ouvirem a minha voz, ditando o que escrevo, você irá voltar a estudar, a trabalhar, a ser alguém nessa vida tediosa que todos levam.
  No fim, quem é o verdadeiro medíocre?

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Momentos tristes sem ela - Parte Nove*

  Boa tarde. Como foi a sua semana?

  Entendo...
  Bem, como o prometido, lhe direi como foram os meus dias aqui nesse inferno na terra. Acomode-se bem.

  Cheguei aqui e rapidamente me adaptei. O meu companheiro de cela é um cara legal. Tatuador que foi preso devido ao envolvimento dele no mundo das drogas. Mexia com maconha, LSD e lança-perfume. Muito educado ainda por cima. Fiz amizade também com um grupo de detentos que nunca se envolvem em confusão. Alguns são pais de família que tentaram roubar um pouco para levar alguma coisa para alimentar filhos, filhas, esposa... Um crime que não devia levar à prisão. Acredito eu que pessoas assim deviam receber algo como uma cesta básica ou sei lá. São pessoas que foram levadas ao mundo do crime devido à nossa sociedade.
  Mas enfim, não vim falar de política ou sociologia. Continuemos.
  Passei a escrever dia sim dia não para a minha amada Jade. Contava a ela que sentia a sua falta e de como estava sendo os meus dias na prisão. Infelizmente não recebia carta alguma.
  Certo dia eu recebi. Uma carta num envelope velho e amarelado que nele continha uma pequena carta em um papel de caderno amassado. Nele estava escrito a minha condenação. A condenação da minha alma. Pra você pode não fazer sentido algum, mas em mim bateu um forte sentimento de desprezo. Na carta estava escrito apenas "Desculpe-me, por favor". Sabia que, depois de tudo, ela não iria querer ficar comigo. Encontrou outra pessoa, outro homem que saiba amá-la como eu nunca soube. Alguém que a deseja mais do que eu desejei. Alguém que a faça feliz. Só pode.
  Depois disso, entrei em depressão. Não comia direito, não dormia, nem sequer chorava, apesar de tudo. Ficava apenas olhando fixo para o nada, imóvel sem esboçar alguma reação. Meses se passaram e nenhuma melhora. Perdi muito peso, desidratei, adoeci e até tentei me matar. Me cortei, me enforquei e até arranjava brigas sem motivos na esperança de que algum brutamonte aqui me matasse na porrada. Infelizmente eu sempre fui um ótimo boxeador.
  Comecei a fumar e fiz algumas tatuagens aqui na prisão. Foram dias horríveis, um verdadeiro inferno onde os demônios tinham forma de pessoas que conviviam e interagiam comigo normalmente. Eu virei um deles. Ninguém nunca soube realmente quem eu sou. Eu não sou ninguém. Sou todos os homens também. Sou o seu vizinho. Seu pai e seu filho. Um desconhecido, talvez. Sou trabalhador, sou vagabundo. Milionário e miserável. Sou homem, mulher, criança. Esposa, filha, irmã, sou o que quiser que eu seja. Anjo e demônio. A verdade mesmo é que EU SOU VOCÊ!
  

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Momentos tristes sem ela - Parte oito

  Boa tarde. Desculpe pela semana passada. Os guardas aqui andam muito tensos ultimamente. O clima está pesado. Não sei até quando ficará assim. Acho que, futuramente irá ter uma confusão generalizada aqui. Não sei. Espero, sinceramente, que não, mas se houver, espero que seja depois que eu for embora. Graças a Deus que será mês que vem já. Esse pesadelo finalmente chegará o fim. Quem sabe eu escreva um livro sobre tudo que passei aqui. Mas enfim, vamos ao que interessa.

  Quando acordei e vi a minha amada em minha frente com o chapéu, fiquei feliz. Mas depois que ela tirou-o, algo em mim mudou. Fiquei estupefato com o que vira. Metade do seu belo e perfeito rosto estava desfigurado, cheio de hematomas e de cortes. O que havia acontecido com ela?
  De repente me veio um lampejo. Depois que me toquei de tudo que havia acontecido eu percebi que a desgraça que havia acontecido com ela era culpa minha. O acidente que eu causei foi com o carro que ela estava e o pior, acertei em cheio a porta onde ela estava. O vidro cortou-lhe o rosto em várias partes, a cabeça dela havia batido no meu para-choque, deixando um pouco de sangue por sobre o capô. Antes de ela perceber o que havia ocorrido, o seu corpo já havia sofrido com os meus pecados. Inconsciente, acordou ainda presa pelo cinto no banco do carro que estava de lado devido à batida.
  Confusa e desorientada, tentava gritar, pedir por ajuda, mas a sua voz não saía. Até que, por entre as ferragens da porta vira uma luz aparecer e aumentar de tamanho e intensidade. Era os bombeiros que estavam abrindo a porta para socorre-la do acidente. Ao sair, ela me conta, que me viu ali, parado e imóvel olhando para o nada como em um estado de choque. O que chamou atenção, de acordo com ela, fora um único corte na testa, um filete de sangue que escorria o meu rosto pálido como a lua. Se um fantasma pudesse sangrar, seria algo como eu.
  Acordou no hospital algumas horas antes de mim. Apesar da gravidade do acidente, não se passava de pequenos arranhões no lado esquerdo de seu rosto e em seu braço. Veio me ver assim que recebera alta.
  Depois de me contar tudo, Jade apenas abaixou a cabeça enquanto eu, olhando para o cima, comecei a chorar. Os policiais entraram calmos, porém decididos, e me falaram da minha situação. Disseram que eu estava preso por dirigir embriagado. Não neguei. Disseram que, assim que tomar alta, serei levado sob custódia (acho que foi isso que disse. Não lembro bem o termo que ele usou). Disse que estava tudo bem, mas queria, antes de ser levado, me despedir da minha noiva. Um dos policiais, o mais gordo, fez sinal de positivo com a cabeça e saiu com uma das mãos nos bolsos. Jade sentou ao meu lado e, sem dizermos uma única palavra um ao outro, ela ficou comigo por algumas horas.
  Em momento algum ela soltou a minha mão. Sabia que ela não me odiava pelo que fiz. Sabia que não fiz por mal. Apenas cometi um erro e, por azar, acabei por feri-la.
  O médico veio, então, me dizer que eu já estava liberado. Já estava sem soro algum, apenas deitado na cama esperando o médico e os policiais que me levariam. Sentei na cama e fiquei ali pensando alguns instantes. Enquanto isso, Jade colocou em meu dedo a aliança que seria dada a mim naquele dia e me deu a outra. Olhei para ela, que me deu um sorriso meio tímido. Sabia que ela me amava, apensar de tudo. Retribuí o sorriso e coloquei o anel em sua mão esquerda, assim como ela havia feito. Ela segurou com as suas mãos a minha com força e beijou-me. Levantou e saiu.
  Os policiais vieram e começaram a falar comigo, mas eu só pude reparar que, ao sair, a minha amada estava apertando forte o punho. Devia estar chorando. A única coisa que lhe disse, antes de ir embora foi "Me desculpe". Ela? Além de me contar a sua versão, nada me disse.
  Quando voltei ao mundo real, percebi que um dos policiais estava dizendo o que seria de mim e já estava, segurando as algemas, me pedindo para que eu o acompanhasse.
  -Senhor, não precisa das algemas, eu não irei resistir. Sei do erro que cometi e das consequências. Sei que devo pagar e irei pagar sem negar. Acompanharei vocês com prazer - Disse eu ao policial, que guardou as algemas pouco tempo depois que partimos à viatura.

  Semana que vem, te contarei como foram os meus dias aqui. Até lá, cuide-se e não faça nenhuma bobagem.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Momentos tristes sem ela - Parte Sete

  Boa noite. Ainda por aqui? Achei que não viria mais. Bem... Ainda quer saber da minha vida?
  Está bem. Vamos lá. Continuarei no dia seguinte... O do meu casamento.

  Devo ter acordado umas quatro, cinco vezes. Talvez mais. Não por nervosismo, mas por medo. Medo de algo que estava ao meu redor. Devem ser os meus demônios me parabenizando pela minha conquista. De manhã, cansei de tentar dormir e fui para a cozinha. O relógio sobre a mesa marcava 6:15 e eu lá, olhando para uma xícara de café sem saber o que fazer, sem saber o que dizer para a minha amada quando ela acordar.
  Nada vinha na minha mente. Duas horas depois ela desce. Curiosa por eu não estar na cama.
  -Me desculpe por ontem a noite - Disse eu.
  -Tudo bem. Eu te entendo. Andei pensando nessa noite sobre isso que nem dormi direito. Acho que não agi certo quando você chegou e estranhou a presença dele. Apesar de tudo, não dei muita bola pra ele. Então não se preocupe.
  Fiquei quieto.
  Logo depois, decidi sair. Dar uma volta na rua. Minha mente voava. Pensava se era o certo a ser feito. Se devia mesmo me casar. Olhei meu relógio, e ele me avisa que são 11:37. Às 17 irei subir ao altar e selarei a minha decisão. Seria essa a tão falada "Depressão pré-nupcial"? Não gostei. Percebi que andei tanto que acabei por voltar para a praça em frente à minha casa. Devia ter parado aí. Não, eu tinha que duvidar. Eu tinha que não voltar.
  Cheguei em casa meia hora antes de me casar. Fui ao bar que tenho em casa e preparei algo para mim. Algo forte. Não devia, mas fiz. Bebia enquanto me arrumava para a cerimônia. Até ficar pronto, foram vinte minutos e dois copos de algo que inventei na ora. Algo com tequila, curaçau, licor e suco de morango. Até que estava gostoso, mas é chegado a hora de ir. Afinal, tinha que me casar. O que seria de uma cerimônia sem alguns minutos atrasados.
  Decidi ir dirigindo. "Cinco minutos de carro não mata ninguém", eu pensei. Peguei as minhas chaves, entrei no carro, dei a partida, engatei a primeira e saí normalmente. Três quarteirões depois a minha vida mudou. Bati o meu esportivo na lateral de um carro que, até hoje, eu não sei qual é. Os danos não pareciam grandes, e não seria grande coisa se, naquele carro, não estivesse a minha linda noiva. Oh! Jade, me perdoe. Pelo amor de Deus, me perdoe. [Estou chorando].
  
[pouco tempo depois...]

  Bem, onde estava?
  Ah sim. Não me lembro de nada mais depois do acidente. A última coisa que me lembro era da minha pasta voando à minha direita e estourando o vidro. Já esteve em um acidente assim? Não é legal. Interessante, mas não legal. Parece que tudo fica em câmera lenta, você fica imóvel a mercê da inércia e fica vendo coisas e estilhaços voando à sua frente. Agoniante, eu diria.
  Acordei alguns instantes depois. Minha perna estava sangrando, mas nada de dor. Não senti nada. Olhei confuso ao meu redor, escutando apenas um zumbido e nada mais. Mesmo com a visão embaçada, eu decidi sair e ver o que realmente havia acontecido. O outro carro já fora guinchado para fora do local. Havia duas ambulâncias. Minha visão estava embaçada, mas via uma grande cruz vermelha num carro branco. Três viaturas de polícia e muitas, mas muitas pessoas ao redor. O que havia acontecido comigo? Não fazia ideia da gravidade da situação.
  Dois homens vieram me socorrer com uma maca pedindo, aparentemente, para que eu sentasse ou deitasse. Estava confuso ainda. O álcool ainda estava fazendo efeito no meu corpo. Me sentia meio tonto já quando perdi a consciência.
  Depois de algum tempo, não faço ideia quanto, acordei num hospital, onde haviam policiais ao meu redor. Horas deviam ter se passado, já não sentia mais o álcool em meu corpo. O zumbido se fora e a visão já estava clara. Seringas, soros, curativos e talas era, basicamente, tudo o que via em mim. Uma enfermeira veio ao meu encontro, devia ter visto que acordara. Não entendi o que disse, mas ela me respondia "Jade? Não sei. Não está aqui".
  Ao longe, vi três policiais e um médico conversando em particular. Olhavam muito para mim. Só poderiam estar falando de mim.
  Não devia ser coisa boa.
  Não era coisa boa.
  Atrás deles, vi uma mulher passando pela porta e vindo para a UTI, onde eu estava. Usava um chapéu elegante, óculos e lenço sobre o pescoço. Não identifiquei quem era até que.... Até que tirasse os óculos escuros. Jade.
  -Está tudo bem, amor?
  -Não sei ao certo. Meu corpo inteiro está meio que formigando, mas estou bem. Não estou sentindo dor. Estava preocupado com você. Perguntei aqui e ninguém sabia de você. Achei que estivesse naquele carro e, Deus me livre, tivesse morrido. Me aliviou agora. Você não tem ideia da alegria que você me trouxe agora.
  Ela abaixa a cabeça, fazendo com que a aba do chapéu cobrisse seus olhos. -Bem, amor.... Quanto a isso...
  A Jade tirou o chapéu e olhou para mim.
  Ela...
  
  Ela...

  [Sirene]
  [Guarda: Vamos, vagabundos, para as suas celas!!]

  Desculpa.... Semana que vem eu conto. [O Guarda me puxa pelo braço. Ainda gritando no meu ouvido. Cara chato]

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Momentos tristes sem ela - Parte Seis

  Vamos acabar logo com isso. Fui diagnosticado louco depois do ocorrido da semana passada. Desde então tenho ficado na minha cela, riscando a parede com um pedaço de concreto quebrado que achei no chão. Risco coisas como nomes, rostos e imagens sem forma. Escrevo sempre o mesmo nome, desenho sempre o mesmo nome. Vivo rodeado pela Jade. Ah, se Deus permitisse que voltasse eu ao passado para poder ver seu belo rosto novamente... Mas Deus não vive em lugares como este daqui. Aqui só existe demônios, e em mim vive uma legião deles.

  Pois bem. Voltei naquela noite para casa. Torcia para que ela já estivesse melhor, que estivesse descansando para o grande dia que estava por vir. Estava por girar a chave quando ouço vozes. Imaginei o pior. Mas logo deixei as minhas loucuras de lado e entrei. Gritei pela minha noiva. Ela me respondeu que estava na cozinha. Tirei a minha jaqueta, deixei sobre o sofá e fui para o encontro de minha amada. Ao chegar lá, ela estava sentada à mesa junto de um homem.
  -Amor, este é Robson. Um velho... Amigo. Vivia duas ruas acima da minha. Nos conhecemos quando tínhamos 15 anos. - Disse-me ela, me apresentando ao jovem à minha direita.
  -Eu tinha 15, jade... Você ainda estava nos 13. Foi poucos dias antes do seu 14° aniversário. - Disse ele corrigindo Jade. Logo depois direcionou a palavra à mim, estendendo sua mão para um cumprimento amigável. - Prazer em conhecer o noivo da Jade. Éramos praticamente irmão. Poderia dizer até que somos ainda.
  Não gostei dele. Simpático? Modesto? Sim. Mas há algo nele que não gostei. Porém, fingi que estava tudo bem, tudo feliz e me retirei. Peguei a minha jaqueta na sala e fui para o quarto, deixando os dois... A sós. Não gosto dessa ideia de "deixá-los a sós". Parece que o intruso era eu. Talvez fosse, afinal, ele é o ex namorado dela. Fazia 5 anos que não tinham mais nada, mas ele estava lá. Não podia ficar despreocupado.
  Desci bem devagar, sem fazer um som. Não ouvi muito, mas ouvi o bastante. Primeiro, a voz dele. "Eu sei, mas eu queria saber se você está bem. Eu andei sabendo e me preocupei. Sempre me preocupei. Quando soube do seu pai... Fiquei te procurando para saber se precisava de algo, nem que fosse um simples abraço. Eu queria estar junto de você para te reconfortar".
  "Depois do meu pai eu fugi. Vim para cá e ele me reconfortou. Me deu um lar. Me deu amor. Me trouxe de volta à vida".
  "Compreendo. Fico feliz de verdade por você. Bem, eu já vou indo. Acho que não fui muito... Bem-vindo aqui. Adeus. Qualquer coisa, sabe o meu número. Pode me chamar sempre que precisar".
  Ele saiu, quase esbarrou em mim, desculpou-se e foi embora. Eu olhei para ela e ficamos em silêncio. Ela subiu e me deixou sozinho na cozinha. Imóvel e sem saber o que fazer. Me senti culpado por algo, mas não sabia o que.

  Volte semana que vem. Não tenho mais nada a lhe dizer.

  Tá esperando o que?

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Momentos tristes sem ela - Parte Cinco

    Bem, hoje serei breve. Não estou de bom humor e não vou te contar o porquê. Vamos acabar logo com isso.
  Ficamos noivos por uns 4 meses, até nos casarmos. Um dia antes do casamento foi estressante. Arrumando os últimos detalhes, brigamos por coisa tola. Acredita que foi por causa da cor dos guardanapos? Eu queria vermelho e ela branco. Depois de 3 horas de puro estresse para arrumar os últimos detalhes e deixar tudo perfeito, ela desmaiou. Foi lá, bem no meio do altar que ela caiu. Corri no instante que ela tocou  chão. Minutos de agonia se passaram. Ela não reagia a nenhuma ação. Tentamos jogar água em seu rosto e até bater. Nada. Mal percebo a sua respiração. O tempo praticamente parou para mim. Cheguei a pensar, por mais improvável que seja, no pior. Chamaram a ambulância, mas até agora nada. Quanto tempo se passou? 30? 40? 50 minutos? Olhei no relógio e foram apenas 5 minutos.
  Vinte minutos depois, a ambulância chegou. Atenderam ela lá mesmo. Quase que eu morro do coração com aquela cena. Suei frio e fiquei por um bom tempo tremendo. Ela não precisou ser levada ao hospital, mas os socorristas me falaram para deixá-la em casa descansando. Ela tinha que ficar em repouso se quisesse casar no outro dia.
  Dito e feito, mesmo contra a vontade dela, a levei para casa e coloquei ela em repouso. Consegui convencê-la de não se preocupar com o casamento que eu iria cuidar de tudo. De cada detalhe. Ela sabia que não poderia continuar lá. Então concordou.
  Voltei para a igreja. Estava quase tudo pronto. Só faltava colocar as flores e pronto. Estava tudo perfeito. Nada poderia estragar o meu momento... O nosso momento... Ao menos, era o que eu pensava.

[fico em silêncio por um tempo]

  Volte semana que vem. [Levanto e não olho para trás]

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Momentos tristes sem ela - Parte Quatro

  Boa noite. Hoje eu não estou de bom humor. Acho que estou começando a enlouquecer aqui. Esses animais estão sem controle. Um dia eu ainda arranco a cabeça de alguém. Decidiram fazer bagunça hoje. Houve uma briga feia hoje que quase sobrou para mim. Perdi o meu almoço por causa de um vagabundo que caiu em cima na minha bandeja. Bem, chega do meu dia. Não estou aqui para me divertir. Tirando os livros que nos oferecem, esse é o único momento de lazer que tenho. O resto é tortura. É desumano. Bem, onde estava?

  Ah! sim.

  Passamos a ser um casal normal depois de um tempo. Nos aproximamos em alguns dias, tivemos uma certa intimidade, uma liberdade que jamais tivemos um com o outro. Passamos a ter uma vida de casal. Estava tudo indo bem entre nós. Ela passou a ser a minha secretária.
  Vivíamos felizes. Saíamos para jantar, ir ao cinema, teatro, passeávamos no parque. Éramos um casal feliz.
  Um dia, então, decidi mudar o rumo de tudo. Aquele 15 de novembro de 2007 marcou a minha vida para sempre. Fomos para o parque. O que mais gostávamos de ir. Sentamo em um dos bancos para olhar os patos no lago. A copa das árvores e o por do sol refletindo na calma água deixava o ambiente mais lindo do que estava. Era o momento perfeito. O coração estava a mil. Antes eu achava que sabia a resposta, mas poucos momentos antes a certeza caíra por terra. Eu tremia, a minha boca estava seca e todas as palavras que eu havia preparado sumiram da minha mente. Eu estava sozinho com a surpresa do momento.
  Até que, por entre incertezas e inseguranças, me ajoelhei ao seu lado e fiz o pedido. Estava tão nervoso que, sinceramente, não lembro do que disse. A única coisa que me lembro era do seu rosto ao sol rindo um riso bobo. Algumas lágrimas contornava seu sorriso, até que ela dissesse "Sim, eu quero me casar com você". Naquele momento eu tinha certeza de que eu era o homem mais feliz do mundo.
  Coloquei o anel em seu dedo, levantei e beijei-a.
  Até chegarmos em casa, ela ficava admirando o anel, até que, pouco antes de chegarmos, a alegria de seu rosto dava lugar à tristeza. Ela havia lembrado de seu pai. Quem iria levá-la ao altar se não seu pai. Abaixou a cabeça e deixou as lágrimas caírem.
  -O que foi? - Perguntei.
  -Nada - Disse ela enquanto enxuga suas lágrimas -, apenas lembrei do meu pai. Sinto falta dele. Estava pensando em quem, se não ele, poderia me levar ao altar. O momento mais feliz da minha vida e não terei ele por perto.
  Abracei-a. -Entendo. Mais saiba de uma coisa, não importa onde ou quando, ele sempre estará por perto. Confie em mim, ele estará presente.
  Ela sorriu e me abraçou. Disse apenas uma coisa: "Obrigada"

[Apenas levanto e saio para a minha cela]