segunda-feira, 28 de julho de 2014

Uma história sem título - Capítulo 4°

  Alguns dias se passaram. Enfim, um dia antes do primeiro dia de aula da Rebeca. Gustavo decidiu, então, propor de se verem mais uma vez antes dela ficar ocupada demais com a faculdade. Foram se ver então numa praça próxima.
  Domingo, por volta das 17 horas. Gustavo está sentado tomando um picolé esperando pela chegada de Rebeca. Bermuda jeans, tênis, uma camiseta branca lisa e um boné. Simples e bem vestido para um domingo no parque. Num dado momento, ele olha com o picolé na boca para a esquerda e percebe vindo, ao fundo, uma moça com longas pernas brancas andando formosamente em sua direção. Ela está vestindo sandálias, um pequeno short e uma regata. Seu cabelo ruivo o hipnotizaram, até pareciam estar em "câmera lenta" ao vento. Gustavo ficou boquiaberto devido à beleza de sua acompanhante vindo ao seu encontro.
  - Você está.... linda! - Disse ele levantando quando ela chegou perto.
  - Obrigada. Então - Disse ela sorrindo meio tímida devido o elogio - o que pretende fazer?
  - Não sei. Andar por aí, conversar, e talvez decidir algo durante o dia. Vamos apenas viver. Deixar as nossas vontades tomarem conta do nosso destino hoje.
  "Se dependesse dos meus desejos mesmo, acho que não seria muito aceitável e você sairia correndo de mim, meu querido Gus". A cabeça de Rebeca fica agitada, diferente dela e do seu olhar fixo aos olhos dele. Eles caminham lentamente pelo parque. Conversam sobre o clima, política, música, tecnologia, história, entre vários outros assuntos. Bem, Gustavo fala mais do que ouve. Rebeca fica admirada e escuda cada palavra que sai por entre seus pequenos lábios.
  - Quer um sorvete? Eu pago.
  - Não precisa...
  - Eu insisto! - adiantou ele - Dois, por favor. Um de Limão e um de... Do que você quer? - Rebeca fica em dúvida, mas falou que não precisava. - Você gosta de limão? Então dois de limão, por favor.
  - Você não tem jeito, né Gus?
  - O que? Tá quente, picolé é gostoso e eu não to afim de tomar outro sozinho. Vamos. Quer sentar em algum lugar?
  Sentaram, por fim, sob uma árvore alguns metros de onde estavam. O vento ajudava a refrescar um pouco o clima.
  - Sabe, gosto muito de sorvete. Acho que pode se dizer que é a comida preferida.
  - Mas não seria "sobremesa"?
  - Sobremesa também é comida. Doce é comida. Por que não poderia dizer que sorvete é comida? - Perguntou Gus rindo, sem esperar uma resposta, e assim se seguiu.
  - Então, Gus, como está no trabalho?
  - Parece que vou precisar viajar no fim de semana. Preciso cobrir uma matéria sobre um festival de balonismo mineiro. Vou terça-feira de manhã para lá. Tenho que preparar tudo antes de ir. Vai começar quinta e termina segunda-feira. Volto só na outra terça. Vai ser cansativo, mas, pelo menos, vai render uma grana extra devido ao tempo, desgaste e tudo o mais.
  - Onde vai ser esse festival?
  - São Lourenço. 9 horas de viajem quase. Vou de carro, vou tranquilo, sozinho. Sem problemas. Adoro a estrada., principalmente pelo fato de que eu vou estar um tempinho a sós com o meu Chevy. Eu não sei o que faria sem aquele carro.
  - Bem, cuidado na estrada. Me dá um toque antes de ir? Quero, se me permite, me despedir.
  - Despedir? Vou ficar uma semana fora a trabalho. Coisa simples. Não se preocupe. As vezes eu faço viagens assim. Mas tudo bem, se quer mesmo, eu te ligo. Mas é bem cedo que eu vou, não reclama de estar te acordando depois.
  - Não se preocupe
  O riso deles pareciam sincronizados, ensaiados.

  O tempo e engraçado. Nos dias mais divertidos, quando estamos com as pessoas que mais gostamos, fazendo o que amamos, parece até que o tempo fica com ciúmes e corre, fazendo que chegue, quando menos se espera, o momento da despedida. "Quem dera Deus permitisse a mim parar esse tempo apressado para que ficasse mais um pouco com ela" pensou Gus.
  Já é de noite, e ambos precisam ir para casa. Gustavo ainda tem muito o que arrumar para a viajem e ainda tem uma matéria incompleta que tem que terminar antes da viajem. Rebeca tem o seu primeiro dia de aula. São quase 8 horas da noite e eles estão deitados na grama olhando o céu.
  - Eu adoro as estrelas - Disse Rebeca após um suspiro longo.
  - Sabe, eu também. Mas eu quase nunca olho aqui na cidade. Muita gente em volta, carros, prédios, movimento... Eu gosto de ficar em um lugar mais tranquilo para fazer isso. - Sem perceber, Gustavo deu uma pista sobre o seu "lugar secreto" onde vai quando quer fugir da rotina.
  - Como assim? Onde você olha as estrelas? - Disse ela levantando o tronco e olhando com dúvidas para ele.
  - Eu tenho um lugar especial. Quer conhecer?
  Então foram eles em direção ao carro dele. Após alguns minutos, estavam na estrada. Rebeca estava confusa, queria saber por quanto tempo iriam ficar na estrada. E quanto mais o tempo passava, mais receosa ela ficava. Não sabia onde ele estaria a levando, mas, por algum motivo, sabia que estava segura com ele e só com ele.
  Depois de quase uma hora na estrada, chegaram, enfim, ao lugar que Gustavo tanto vai.
  Surpresa ao olhar para cima e ver as incontáveis estrelas a mais no céu, Rebeca fica boquiaberta e com um sorriso enorme no rosto.
  - Vem! - Disse Gus. - Deita aqui no capô. Dá para ver melhor.
  Ela olhou para ele sem tirar aquele doce sorriso bobo do rosto e foi ao seu encontro sobre o carro. Deitaram, por fim, lado a lado, pousando as mãos sob suas cabeças e ficaram olhando as estrelas. Ele falava sobre as estrelas, constelações e galáxias. Ela olhava para ele de canto de olho com um sorriso, admirada com cada palavra dele. Como que num impulso seu, ela se aconchegou no peito de Gus. Ele fez uma pequena pausa no discurso, sorriu meigamente e continuou falando após abraçá-la. O sorriso não saía do seu rosto.
  Após algum tempo olhando as estrelas, ele decide que seria melhor irem embora por já ser bem tarde. Quando ele vai chamar pela Rebeca para irem, ele percebe que ela adormecera com um lindo sorriso no rosto. Ele fica feliz. Com calma, apoia a cabeça dela no capô, sai de cima do carro e coloca-a no banco de trás, pondo o cinto do lugar do centro nela e parte de volta para a cidade.
  "Ela fica linda dormindo".

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