segunda-feira, 21 de julho de 2014

Uma história sem título - Capítulo 1°

  Noite estrelada de um verão qualquer. Qualquer? Não diria isso, não pelo o que viria a acontecer. Vamos tentar de novo.
  Noite estrelada do verão de 2012. Era começo de janeiro quando Gustavo dirigia o seu "Chevy" numa estradinha perto de Uberlândia. Sem rumo ou sequer destino, ele decide parar no acostamento. Campo aberto e longe da cidade, era tudo o que ele queria.
  Deitou no capô do seu Camaro 71' que era do seu pai e que, após o seu 21° aniversário, passou a ser seu e ficou admirando a imensidão do universo, a beleza das estrelas. Ficou por um pouco mais de uma hora deitado ao som do vento e dos poucos carros que passavam.
  - É, acho que tenho que ir pra casa. Não dá para dormir aqui. Principalmente você - Disse Gustavo dando um tapinha no seu carro. Entrou nele e dirigiu de volta para a cidade por cerca de 30 minutos.
  Chegando em casa, Gustavo pega um bolo de cartas com o porteiro e sobe ao seu apartamento. 9° andar. Enquanto sobe, analisa, sussurrando para si, os papeis em suas mãos. -conta, conta, conta, propaganda, conta, propaganda, propaganda... Que surpresa... conta.
  Enfim em casa. Contas sobre a mesa e propagandas no lixo. Enquanto se despe, ouve as mensagens da secretária eletrônica.
  - Guga? Cara, quando chegar em casa me liga. Precisamos falar sobre as novas da banda. O André conseguiu marcar uma hora sábado naquele estúdio perto de casa que é mais barato. Tudo bem? Me liga cara, é o Bruno.
*Bip*
  - Gustavo, aqui é o Daniel, da empresa. Terminou a matéria dos imigrantes? Preciso dele para amanhã. Assim que puder, vá para a minha sala e entregue. Obrigado.
*Bip*
  - Ótimo... Mudança de planos. Ainda bem que eu terminei, só não dei a revisada final. - Vai à sua mesa e revisa a matéria que escrevera.
  Bem, vamos aos fatos. Gustavo é um jornalista de um grande jornal de Uberlândia, não é renomado, mas consegue pagar as contas. Mora sozinho e é baixista de uma banda. André e Bruno são dois dos seus melhores amigos. Eles se conheceram na faculdade, mas André largou logo após o primeiro ano e decidiu fazer psicologia. André é o baterista e Bruno é o vocalista. O som deles tem influência de bandas como The Calling e Nickelback e estão juntos desde a faculdade.
  Daniel é o seu chefe. Exigente, mas com um grande coração. Sempre que surge uma brecha, ajuda o Gustavo. Mesmo assim, ele não pega leve, sabe do potencial do Gus e procura extrair o máximo disso.
  Enfim, depois de revisar tudo, são quase duas da manhã. "Acho que tenho que dormir" pensou Gustavo. Com 1,80 m de altura, magro e sem porte atlético, se deita apenas com a sua cueca samba-canção preta e azul. É fim de mais um dia comum na vida do nosso protagonista.

  Quarta-feira, 6:30 da manhã. Gustavo se levanta com sono ainda, toma um banho para acordar, coloca sua roupa de todo dia, pega a maleta preta com o seu notebook e vai ao trabalho. Chegando lá, coloca a maleta na mesa e, sem parar, vai em direção ao escritório de Daniel.
  - Olá, Gus! Bom dia!!! - O bom humor sempre tomou conta dele. Gustavo nunca o viu triste, chateado, bravo irritado, estava sempre com um sorriso no rosto e simpático com todo mundo. - Trouxe o que lhe pedi?
  - Ah sim, está aqui - Gus lhe entrega um pequeno pen-drive - Cheguei a noite e só então vi a sua mensagem. Sorte que já havia feito a matéria antes de sair.
  - Ótimo, ótimo. Sente-se, por favor. Como está o seu pai? Forte como um touro?
  - Sim sim. Ele se diz aposentado, mas não para quieto. Arranja sempre alguma coisa para fazer. Esses dias ele estava arrumando o seu Corcel. A garagem dele mais parecia uma oficina de beira de estrada, cheio de peças por aí... Mas muito organizado. - Eles riram.
  - Fico feliz. E você está bem? Tudo tranquilo...?
  - Estou sim. As vezes saio de carro a noite e vou até aquela estrada ao norte para esvaziar a cabeça e ver as estrelas. - Alguns instantes de silêncio tomaram conta da sala - Bem, vou trabalhar. Tenho que fazer a pesquisa para a matéria de sexta e não quero me atrasar. Abraço, Daniel. Qualquer coisa, é só chamar
  - Obrigado, Gus. Boas pesquisar - E saiu.

  Meio dia. Hora do almoço. "Se der tudo certo, consigo dar uma passada em casa ainda". Pegou as suas coisas e foi embora. Decidiu almoçar em casa mesmo. Lembrou de uma lasanha congelada da semana passada e decidiu que era hoje que ele iria acabar com ela. Entrou no Chevy e foi embora. Ritmo calmo e sem pressa, foi aproveitando o caminho ao som de Pink Floyd. Nisso, o seu telefone toca. é o Bruno. Ele deixa no viva-voz:
  - Diga.
  - Hey man, ta sabendo da festa de hoje a noite?
  - Não. Que festa?
  - Na casa da Ângela, minha prima. Achei que já tinha escutado a minha mensagem.
  - Não escutei nada. Tava no trabalho. Que festa é essa, cara?
  - Uma festa básica. Álcool, música boa, festa, mulheres lindas para nós... O que me diz? Topa?
  - Não sei não... Em se tratando de "mulheres", sabe como estou ainda por causa da Fer.
  - Ah sim... a Fer...
  -Sem contar que não gosto muito de ambiente muito.... Barulhento.
  - Relaxa, cara. Qualquer coisa, vai só pra bater um papo com os brothers, comer alguma coisa e pronto. Se ficar insuportável para você, pode ir embora. Não vou te impedir.
  Alguns instantes de silêncio. Gustavo dá um suspiro longo e pensativo. - OK, eu topo. Onde e quando?
  - Lá na casa da Ângela. Aquela que fica a duas ruas acima da minha. Pode aparecer a partir das 8. Não precisa levar nada de mais. Só você mesmo. Vê se não falta com essa. Você precisa relaxar. Vai te fazer bem. Até lá, amigão. Abraço.
  - Abraço... - O a ligação termina com o Gustavo pensando se foi uma boa ideia mesmo ter aceitado. "Por que não? Afinal, vai ter muitos amigos meus.... E não preciso me preocupar com a janta. O Bruno tava certo, vai ser bom pra mim".

  Enfim em casa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário