sábado, 2 de junho de 2012

6 - Revelação

  E é com as mãos nos ombros de Renato que o homem "invisível" o acalma. "Posso te perguntar uma coisa?" disse Renato, "seria possível que ela possa ver" (e faz um sinal com a cabeça direcionando a atenção para Leila). E é abrindo um sorriso que ele diz que fará o possível. Ele anda em direção a ela e a olha bem no olhos, mas ela não o vê. Porém, aos poucos, como num Fade In lento, o velho aparece bem diante dos olhos da jovem. Ela não se assusta, pelo contrário, até gosta da "surpresa" e ainda pergunta inocentemente "O que é você? Um fantasma? Um anjo? Uma alucinação minha?" E ele abre um sorriso. Ela aproveita para dizer "Não sei quem e muito menos o que você é, só sei que gostei de você".
  "Está ficando tarde" disse o homem. "Vamos para debaixo daquela árvore, vamos acender uma fogueira que explicarei tudo a você. Sem contar que devo ainda uma historinha para contar para o nosso amigo". E assim o fizeram.
  Já era fim de tarde e o frio chegava sem avisar. A fogueira acesa não é o bastante para mantê-los quentes o bastante, mas dava ao menos para passar a noite. "Toma" disse para Renato entregando-lhe o sobretudo, "Deixou naquele beco depois da sua aventura". "Obrigado" disse ele ", mas eu acho que é ela que precisa, não eu". Renato pega seu sobretudo das mãos do homem, caminha em direção à Leila, que treme muito por causa da baixa temperatura, e coloca a roupa sobre os ombros dela e a abraça com intenção de esquentá-la nessa noite.
  E ela o aperta, como se quisesse que ele jamais a soltasse.
  Renato pergunta se ela está bem, ela responde positivamente.
  Ela está abraçando os joelhos, o sobretudo a cobre quase que por inteira, cobre-a do nariz à ponta dos pés calçados. Apesar do frio, o calor que há entre os dois é incomparável, incompreensível, inexistente. Renato brinca com o cabelo de Leila, a acaricia, a acalma, até em que caia no sono. "Ela estava cansada" disse ele. "Amanhã você nos conta melhor o que tinha a dizer. Já é muito tarde, eu também estou cansado. Vamos dormir". E Renato, após terminar de falar, apoiou sua cabeça sobre o da moça e dormiu também.
  Sozinho, o homem reflete. "Ah se vocês soubessem o quanto a união de vocês é importante..."
  De manhã, raios de sol batem direto no olho de Renato, acordando-o. Assim sendo, solta um bocejo e se prepara para levantar, mas fica sentado no pé da árvore pois, encolhida, está a jovem moça com o sobretudo dele. o sorriso estampado no rosto dela deixa claro o amor entre os dois.
  "Bom dia" chegou o velho carregando três peixes que aparentemente acabara de pescar. São pequenos, mas não há o que reclamar, qualquer comida bastava para aquele momento. "Vou acender a fogueira para que possamos comer."
  Ouve-se um bocejo. É Leila acordando. Ela deseja um bom dia a todos mas decide não se levantar. As pernas de Renato estavam dando um certo conforto, prazer e segurança a ela. "Bem, vejo que o nosso café-da-manhã está aqui. Posso saber quando irá nos contar aquela história que prometeu? Estou super curiosa até para saber o seu nome".
  "Bem" e é sentando que ele começa a contar ", pra começar, meu nome é Esdras, o que significa 'Aquele que socorre', e é por isso que estou aqui, para proteger e socorrer você, Renato"
  "Então você é um anjo da guarda?"
  "Não necessariamente, mas se quiser, pode me considerar assim. Bem, a minha missão aqui não é nem segui-lo, mas sim fazer com que o destino se cumpra como foi planejado. Sim, destino existe, mas são vocês, humanos, que escolhem qual seguir e como ele vai ocorrer. Não sei quem os escreve, só sabemos o nosso dever. Ah, acabei de me lembrar, também não posso contar o destino de ninguém, nem o que pode nem o que pretendemos que ocorra nem o que queremos evitar. Só posso dizer que o destino determinado é bom."
  "Mas afinal, o que você havia dito, falou que não era um anjo, o que é afinal?" perguntou Renato curioso.
  "Bem, na verdade, na verdade, não tenho definição, fomos criados para desconhecer nossas origens para que foquemos em nossas missões. Geralmente relacionadas com os destinos, mas há de proteção, de batalhas, de contratos, entre muitos outros".
  "E vocês não pensaram nem em se denominarem?" Leila, quis saber.
  "É mais complicado do que parece. Até mesmo simples apelidos, simples para vocês, para nós, influenciam nas nossas vidas, por isso, preferimos sermos chamados por nossos nomes. Pode se considerar que, assim, nos tornamos seres únicos".
  E Renato avisa "O peixe vai queimar assim". A conversa estava tão boa que o desjejum deles havia sido esquecido. Ao menos, não ficaram crus os peixes.

  "Vamos, comam logo, temos um longo caminho a percorrer. Sejamos rápidos".
  Após terminarem de comer, partiram para uma terra distante e desconhecida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário